quinta-feira, agosto 28, 2014

Crendices

Eu nunca fui muito de acreditar em presságios, maus olhados, adivinhações, e coisas parecidas.

Do lado da família da Natália , pelo contrário, tais crendices eram habituais. Muitas mulheres da Beira Alta, para além de terem o médico de família e a farmácia, o "endireita" e a mercearia da terra, também tinham a sua "bruxa" de confiança.

Mesmo aqui no Estoril, a minha mãe e a minha tia também são dadas a este tipo de crendices, motivo pelo qual perguntei a mim  próprio muitas vezes se estes "fenómenos", por serem quase sempre protagonizados por mulheres, também não serão mais valorizados pelo mesmo sexo...

Bruxas, videntes, cartomantes, leitores de palmas da mão, etc... as mais das vezes são mulheres. A minha avó paterna adorava estas coisas e, tendo vivido no início do século XX, recordava-se muito bem como se organizavam saraus para que as senhoras pudessem estar entretidas com estas "séances", em redor de um Tarot.

Na Europa esteve este assunto muito em moda no século XIX e início do século XX, mas a história das aventuras do homem e da mulher para além do véu da ciência natural começou há milénios. Leiam (caso lhes interesse) :"Histoire de la divination dans l'Antiquité", de Auguste Bouche-Leclercq.

"Un mercenaire de l'insolite? Un explorateur de phantasmes? Un alchimiste des apparences? Un médiateur de l'au-delà?
Pour le consultant, la voyance est un besoin de s'exprimer avec quelqu'un qui sait vous écouter, et sait partager. Et prenant sur ses épaules, le temps de la consultation, le fardeau de celui qui souffre, il le libère de son angoisse. Il compatis à sa douleur, il s'initie à ses phantasmes, il partage sa solitude."
Georges de Bellerive

Sem desejar comprar guerras inúteis, sempre vou dizendo que entre a descrição feita por Bellerive e a actividade de um bom psicólogo actual, sobretudo da escola de Jüng, irá pouca diferença?

O que todos queremos é alguém que nos convença que amanhã, e depois, e depois, tudo vai correr melhor...

E pagando bem a quem nos diga isso , ainda mais nos convencemos que será verdade. Estamos a comprar um remédio para a doença que nos aflige...

Por esse motivo é que os pobres sempre desconfiaram de remédios baratos...Se era barato não devia prestar para nada.

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