Julho a entrar nos seus "idos". Portugueses à beira (ou já a gozar) as suas férias. Mas o País parece que, ao contrário dos outros anos, não ficará adiado até à rentrée. Esperamos para ver.
Aqui no Blog - e depois da ausência de ontem devido a emergência de serviço relacionada com os últimos livros a editar neste ano - também não faremos férias no sentido estrito das mesmas.
Por alguns dias hei-de escapar, mas o ritmo dos lançamentos dos produtos de fim de ano - sobretudo os Livros que estão a ser um bico de obra - não permitirão grandes avarias nem "fugas" prolongadas.
Para ir entretendo o espírito aqui fica Poema de Sol e Mar, embora no tom melancólico e pesaroso de António Botto, o nosso poeta maldito e decadente .
Em saudação aos que já lá estão perto do Mar, ou para lá caminham... Apesar da Troika, do Imposto Extraordinário, e do que por aí ainda virá.
Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia
Eu hontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.
Chorámos, rimos, cantámos.
Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...
Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.
O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!
Deserto de aguas sem fim.
Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?...
Elle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...
Ao longe o Sol na agonia
De rôxo as aguas tingia.
«Voz do mar, mysteriosa;
Voz do amôr e da verdade!
- Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»
E os poetas a cantar
São echos da voz do mar!
António Botto, in 'Canções'
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