Entra Agosto com "morrinha" , aquela tristeza melancólica , aparentemente causada pela chuva miúda que não pára de cair em Lisboa e Cascais desde a madrugada.
Talvez também pelos anúncios que todas as noites fazem as aberturas dos telejornais sobre "o que mais por aí virá", desde a liberalização, e os aumentos previstos no Gaz e na Electricidade, até às explicações atabalhoadas de um Secretário de Estado sobre as novas regras dos despedimentos, que, pensando-se que seriam apenas para as novas contratações, afinal já parece que serão para todos... A culpa será da necessidade de se atingir a tão importante "convergência" entre as situações novas e as antigas....
É esta uma "convergência" de sinal único, para as coisas negativas, uma convergência da desgraça e do desânimo. Pois não se fala da convergência dos níveis salariais entre Portugal e os outros países europeus, ou da convergência na protecção social na velhice e na doença prolongada entre Portugal e o que existe no Norte do velho continente.
Por estes motivos aqui vai poema também ele afectado pela "morrinha" traiçoeira deste Verão enganador.
Mas com uma pontinha de esperança ao fim, saída da voz e da alma do imortal Vergílio Ferreira: Ao longe e ao alto é que estou ; e só daí é que sou.
Cai a Chuva Abandonada
Cai a chuva abandonada
à minha melancolia,
a melancolia do nada
que é tudo o que em nós se cria.
Memória estranha de outrora
não a sei e está presente.
Em mim por si se demora
e nada em mim a consente
do que me fala à razão.
Mas a razão é limite
do que tem ocasião
de negar o que me fite
de onde é a minha mansão
que é mansão no sem-limite.
Ao longe e ao alto é que estou
e só daí é que sou.
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1'
sexta-feira, julho 29, 2011
quinta-feira, julho 28, 2011
Reflexões sobre as Férias em ambiente de Privatizações
Estando como estão as coisas aqui na pátria tasca não sei bem se será boa ideia "meter férias" neste ano de todos os perigos...Com tudo aquilo que se lê e ouve nos MCS dá a ideia que quem meter férias, estando (como eu e muitos mais) em comissão de serviço em Empresas do Sector Empresarial do Estado, corre mas é o risco de lhe meterem a ele (ou a ela) um par de patins em linha, daqueles super-rápidos no sempre a descer...
Os CTT serão privatizados. Não sabemos bem ainda como, nem quando. Mas serão.
Pode-se discutir se a venda será ao"kg" , perdão, às "fatias", perdão, "a metro" , ou se seria o capital do grupo CTT convertido em acções transacionáveis em bolsa , e estas depois vendidas a quem o desejar.
Do mal o menos... Já que a decisão de privatizar está tomada (diga-se já que não concordo) penso que seria muitíssimo preferível a venda em bolsa do capital, mantendo a integridade de um grupo que foi constituído (tant bien que mal, eu sei, mas mesmo assim) com uma visão de defesa, a montante e a jusante, dos avanços dos concorrentes em muitas áreas.
E dando a possibilidade de haver um accionista de referência (o Estado) que mantivesse o controlo gestionário da actividade. Com maioria de capital ou com estatutos blindados à moda de muito Banco privado que por aí pulula sem que caia o Carmo e a Trindade das ansiedades liberais de todas as Bruxelas.
Agora, vender ao desbarato as "jóias da coroa" para deixar o contribuinte arcar com os prejuízos da execução obrigatória do SUC (Serviço Universal de Correios) será estratégia perigosa, boa talvez no curto prazo para atrair dinheiro, mas lesiva dos interesses nacionais a médio e a longo prazo.
Por esses motivos, e já que "alguém lá de cima" deve estar a pensar nisto tudo 24h por dia, Sábados, Domingos e Feriados, matutando de que forma há-de conciliar o inconciliável, aconselha o Karma do pensamento contrário que existam também "outros" a fazer figas para o lado oposto e a ocupar o seu tempo exactamente de forma inversa, reflectindo como havemos de equlibrar o barco nestas ondas de crise.
O "barco postal" como actividade organizada será a mais antiga de Portugal, data de 1520.
Será que faremos, todos nós ou a maioria dos que cá estamos, a festa dos 500 anos?
Acho que sim. Acredito que sim. De certeza que sim.
Pode é ter que ser na clandestinidade...
Os CTT serão privatizados. Não sabemos bem ainda como, nem quando. Mas serão.
Pode-se discutir se a venda será ao"kg" , perdão, às "fatias", perdão, "a metro" , ou se seria o capital do grupo CTT convertido em acções transacionáveis em bolsa , e estas depois vendidas a quem o desejar.
Do mal o menos... Já que a decisão de privatizar está tomada (diga-se já que não concordo) penso que seria muitíssimo preferível a venda em bolsa do capital, mantendo a integridade de um grupo que foi constituído (tant bien que mal, eu sei, mas mesmo assim) com uma visão de defesa, a montante e a jusante, dos avanços dos concorrentes em muitas áreas.
E dando a possibilidade de haver um accionista de referência (o Estado) que mantivesse o controlo gestionário da actividade. Com maioria de capital ou com estatutos blindados à moda de muito Banco privado que por aí pulula sem que caia o Carmo e a Trindade das ansiedades liberais de todas as Bruxelas.
Agora, vender ao desbarato as "jóias da coroa" para deixar o contribuinte arcar com os prejuízos da execução obrigatória do SUC (Serviço Universal de Correios) será estratégia perigosa, boa talvez no curto prazo para atrair dinheiro, mas lesiva dos interesses nacionais a médio e a longo prazo.
Por esses motivos, e já que "alguém lá de cima" deve estar a pensar nisto tudo 24h por dia, Sábados, Domingos e Feriados, matutando de que forma há-de conciliar o inconciliável, aconselha o Karma do pensamento contrário que existam também "outros" a fazer figas para o lado oposto e a ocupar o seu tempo exactamente de forma inversa, reflectindo como havemos de equlibrar o barco nestas ondas de crise.
O "barco postal" como actividade organizada será a mais antiga de Portugal, data de 1520.
Será que faremos, todos nós ou a maioria dos que cá estamos, a festa dos 500 anos?
Acho que sim. Acredito que sim. De certeza que sim.
Pode é ter que ser na clandestinidade...
terça-feira, julho 26, 2011
Emissão Comemorativa do Centenário da Torre do Tombo
Amanhã não passo por aqui. Vou directo à Torre do Tombo, lançar os selos comemorativos do respectivo Centenário.
Preparações Presidenciais
Nesta azáfama com que vimos preparando a homenagem ao Luiz Duran, prevista para o Dia Mundial de Correios deste ano, houve necessidade de contactar uma série de antigos presidentes dos CTT, daqueles que cá estavam entre 1978 e 2011, e pedir-lhes uma breve menção ao Luiz, fruto da respectiva experiência conjunta .
Por respeito mas também por fundada justiça, o Dr. Norberto teria de ser o primeiro convidado. E assim foi feito. Depois de vários telefonemas , "combinações e soutiens", foi aprazado um primeiro almoço de trabalho sobre a matéria em causa... O nosso antigo Presidente, lenda viva dos CTT modernos, recusava-se a discutir o assunto sem ser à mesa. Manias de velhos? Não, hábitos de uma vida de trabalho...
Almoçámos dessa 1ª vez no Manuel Caçador. Uma cabeça de garoupa à maneira. Bem regada e melhor acabada com digestivo, porque o Presidente Emérito , do alto dos seus 80's anos, não deixa que ninguém lhe passe a perna por cima nestas coisas de bem comer e de bem beber.
Uma semana depois estava pronto um primeiro draft do texto de louvor (assim se esperava) a Luiz Duran "by" N.P.
Mas o texto "tinha de ser revisto" . Lá se marcou outro almoço para mostrar a "revisão" nº 1 ao Autor... Desta vez no clássico Sancho, à Av. da Liberdade. Bela refeição, belo Alvarinho Soalheiro, excelente Vallado do Douro, Vinho do Porto vintage para acamar um toucinho do céu e por aí fora.
O Texto, nesta versão 2, ainda não estava de acordo com a "ideia final " do Autor para publicação...
"-Oh Dr. Moreira, no fim de contas temos que ver que "isto" será publicado! Há que ter respeito e muito cuidado! Vamos mas é almoçar outra vez para discutirmos umas alteraçõezinhas".
Já vamos na versão nº 5... Penso que acabou, depois da colaboração inestimável do Dr Almeida Gonçalves, que se prontificou a rever literária e ortograficamente o esboço original (um dos originais pelo menos, já não me lembro qual...).
Mas como caí na asneira de lhe mostrar também o "meu" texto para o Livro de Homenagem, imaginem que o Sr Doutor me voltou a telefonar :
-" Oh Dr. Moreira! Olhe que o seu texto também precisa de umas modificações! Tomei a liberdade de o emendar. Podemos discutir isso durante um almoço, não é verdade? Para si está bem Terça feira que vem?"
E lá vamos todos ao Pedro da Horta dos Brunos tratar desta ocorrência , com o Luiz está claro...Aquela grande mula, mesmo reformada, está sempre pronta para estes "incómodos"!
O grande prazer de estar com N.P. e de o ouvir - mais são de cabeça do que eu e Vocês - vale bem estes "sacrifícios"... E depois um homem tem que almoçar todos os dias carago!
Por respeito mas também por fundada justiça, o Dr. Norberto teria de ser o primeiro convidado. E assim foi feito. Depois de vários telefonemas , "combinações e soutiens", foi aprazado um primeiro almoço de trabalho sobre a matéria em causa... O nosso antigo Presidente, lenda viva dos CTT modernos, recusava-se a discutir o assunto sem ser à mesa. Manias de velhos? Não, hábitos de uma vida de trabalho...
Almoçámos dessa 1ª vez no Manuel Caçador. Uma cabeça de garoupa à maneira. Bem regada e melhor acabada com digestivo, porque o Presidente Emérito , do alto dos seus 80's anos, não deixa que ninguém lhe passe a perna por cima nestas coisas de bem comer e de bem beber.
Uma semana depois estava pronto um primeiro draft do texto de louvor (assim se esperava) a Luiz Duran "by" N.P.
Mas o texto "tinha de ser revisto" . Lá se marcou outro almoço para mostrar a "revisão" nº 1 ao Autor... Desta vez no clássico Sancho, à Av. da Liberdade. Bela refeição, belo Alvarinho Soalheiro, excelente Vallado do Douro, Vinho do Porto vintage para acamar um toucinho do céu e por aí fora.
O Texto, nesta versão 2, ainda não estava de acordo com a "ideia final " do Autor para publicação...
"-Oh Dr. Moreira, no fim de contas temos que ver que "isto" será publicado! Há que ter respeito e muito cuidado! Vamos mas é almoçar outra vez para discutirmos umas alteraçõezinhas".
Já vamos na versão nº 5... Penso que acabou, depois da colaboração inestimável do Dr Almeida Gonçalves, que se prontificou a rever literária e ortograficamente o esboço original (um dos originais pelo menos, já não me lembro qual...).
Mas como caí na asneira de lhe mostrar também o "meu" texto para o Livro de Homenagem, imaginem que o Sr Doutor me voltou a telefonar :
-" Oh Dr. Moreira! Olhe que o seu texto também precisa de umas modificações! Tomei a liberdade de o emendar. Podemos discutir isso durante um almoço, não é verdade? Para si está bem Terça feira que vem?"
E lá vamos todos ao Pedro da Horta dos Brunos tratar desta ocorrência , com o Luiz está claro...Aquela grande mula, mesmo reformada, está sempre pronta para estes "incómodos"!
O grande prazer de estar com N.P. e de o ouvir - mais são de cabeça do que eu e Vocês - vale bem estes "sacrifícios"... E depois um homem tem que almoçar todos os dias carago!
segunda-feira, julho 25, 2011
A Dívida Pública explicada
Em torno do Post sobre a Dívida Pública, o nosso leitor Victor afirma:
O Japão tem um déficit de 220% do seu PIB, mas essa "dívida" é toda japonesa. Aliás, a poupança japonesa permite comprar a totalidade da dívida do país, e parte da dos EUA. Assim, quando o estado japonês paga os juros, os ienes ficam no Japão e não saiem do país. No caso italiano, idem. Cerca de 80% da dívida do estado italiano é doméstica.
E esse é o grande problema. Se a dívida do estado português fosse essencialmente doméstica, não teríamos que chamar a troika. Isso e claro, a criação de riqueza para pagar os juros.
Afinal, já nos idos anos de 1890, o país foi à banca rota exactamente pela mesma razão. Não aprendemos nada.
Comentário ao Comentário: É bem verdade. Embora , como o capital hoje não tem pátria, torna-se difícil saber bem a quem é que qualquer País deve o seu dinheiro... Por exemplo, os Bancos que compram a dívida do Estado Nipónico são mesmo apenas japoneses? Há já quem diga que são um pouco chineses também...
O Japão tem um déficit de 220% do seu PIB, mas essa "dívida" é toda japonesa. Aliás, a poupança japonesa permite comprar a totalidade da dívida do país, e parte da dos EUA. Assim, quando o estado japonês paga os juros, os ienes ficam no Japão e não saiem do país. No caso italiano, idem. Cerca de 80% da dívida do estado italiano é doméstica.
E esse é o grande problema. Se a dívida do estado português fosse essencialmente doméstica, não teríamos que chamar a troika. Isso e claro, a criação de riqueza para pagar os juros.
Afinal, já nos idos anos de 1890, o país foi à banca rota exactamente pela mesma razão. Não aprendemos nada.
Comentário ao Comentário: É bem verdade. Embora , como o capital hoje não tem pátria, torna-se difícil saber bem a quem é que qualquer País deve o seu dinheiro... Por exemplo, os Bancos que compram a dívida do Estado Nipónico são mesmo apenas japoneses? Há já quem diga que são um pouco chineses também...
Noruegueses, nossos irmãos
Ninguém, em lado nenhum do mundo, estará livre destas obscenidades.
Não acreditam? Então imaginem o Sr Francisco Leitão (aka "Rei Ghob" ) menos parolo e mais erudito, com dinheiro para gastar de uma actividade de empresário free-lancer, treinado nos neo-nazis e com as ligações perigosas que tinha o "outro", o louro Sr Breivik..
Não será a mesma coisa? Porque o Sr. Breivik matou 93 ou 98 (ou os que ainda se vierem a descobrir) e o Sr Leitão é apenas acusado de ter morto 6? E, não tendo sido ainda julgado, tem a presunção da inocência? E porque o "drive" da matança à portuguesa foi o sexo enquanto que a ânsia que levou o Sr, Breivik a assassinar tudo o que lhe apareceu à frente terá sido ideologicamente mais "pura", uma "fé satânica" ?
Pois é. Tudo isso será verdade. Mas ao fim e ao cabo, quando os pais de umas e de outras vítimas tiverem que chorar os filhos e filhas ( aqui em Portugal, como sabem, ainda não apareceram os cadáveres) ver-se-á como tanto as lágrimas amargas de portugueses e de norugueses terão a mesma composição de água e sal.
O chamado "lobo solitário" é na gíria das forças anti-terroristas o maior pesadelo que lhes pode aparecer pela frente. Obviamente porque - actuando sempre sozinho - não deixa pontas do novelo de fora e ainda porque actuar " a solo" impede que se utilizem as mais eficazes formas actuais de controlo do terrorismo, como são as escutas telefónicas. Se não tem cúmplices porque raio utilizaria o telefone ?
Bem sei que o "homem\besta" era treinado, pertencia a um clube de tiro, era amante da caça e tinha um passado de militante fascista... Mas isso, por si só e por muito que custe a todos os nossos liberais, nunca seria factor determinante para o que se passou.
E porque raio não se matou ele depois de concluída a "tarefa" lá na ilha?
O que me parece que este Sr Breivik deseja é exposição mediática. Tal como um fanático religioso dos séculos passados, pretende "dar testemunho" da sua fé obscena a todos os "gentios", utilizando para tal a televisão e a InterNet.
Não tendo (infelizmente) a sua vida sido interrompida lá na mesma ilha onde tanto "trabalhou", o mínimo que as autoridades norueguesas podiam fazer agora era julgá-lo à porta fechada e sem qualquer pinta de voyeurismo mediático. Não lhe darem essa satisfação de se sentir "mártir" de uma causa revoltante e inumana já seria alguma retribuição para a enormidade daquilo que cometeu.
A loucura pode explicar um atentado com bomba e , logo de seguida, uma perseguição individual a 97 garotos e garotas, matando-os a tiro, um a um, olhos nos olhos? Como quem está a matar uma praga de baratas nalguma cozinha? Acções perfeitamente racionais no seu diabólico planeamento e execução... Como se se tratasse de uma operação num teatro de guerra?
Não sei. Mas se não foi insanidade mental o que será que foi? As implicações das alternativas metem medo. É que mesmo nas câmaras de gáz de Auschwitz os verdugos nazis não personalizavam desta forma a morte que davam aos tristes.
Não acreditam? Então imaginem o Sr Francisco Leitão (aka "Rei Ghob" ) menos parolo e mais erudito, com dinheiro para gastar de uma actividade de empresário free-lancer, treinado nos neo-nazis e com as ligações perigosas que tinha o "outro", o louro Sr Breivik..
Não será a mesma coisa? Porque o Sr. Breivik matou 93 ou 98 (ou os que ainda se vierem a descobrir) e o Sr Leitão é apenas acusado de ter morto 6? E, não tendo sido ainda julgado, tem a presunção da inocência? E porque o "drive" da matança à portuguesa foi o sexo enquanto que a ânsia que levou o Sr, Breivik a assassinar tudo o que lhe apareceu à frente terá sido ideologicamente mais "pura", uma "fé satânica" ?
Pois é. Tudo isso será verdade. Mas ao fim e ao cabo, quando os pais de umas e de outras vítimas tiverem que chorar os filhos e filhas ( aqui em Portugal, como sabem, ainda não apareceram os cadáveres) ver-se-á como tanto as lágrimas amargas de portugueses e de norugueses terão a mesma composição de água e sal.
O chamado "lobo solitário" é na gíria das forças anti-terroristas o maior pesadelo que lhes pode aparecer pela frente. Obviamente porque - actuando sempre sozinho - não deixa pontas do novelo de fora e ainda porque actuar " a solo" impede que se utilizem as mais eficazes formas actuais de controlo do terrorismo, como são as escutas telefónicas. Se não tem cúmplices porque raio utilizaria o telefone ?
O perigo pode estar na relativa facilidade como esta criatura teve acesso aos meios materiais para concretizar os seus objectivos: adubos às toneladas para fabricar explosivos ainda se entendem, já que a sua actividade profissional tinha mesmo a ver com a agricultura. Mas as armas e as munições? É que matar 90 e tal pessoas , todas a tiro, face a face, para além de revelar uma gélida frieza , que não consigo classificar em termos normais (mesmo os animais mais ferozes matam para comer), implica ter acesso a armas e a muitas munições.
Bem sei que o "homem\besta" era treinado, pertencia a um clube de tiro, era amante da caça e tinha um passado de militante fascista... Mas isso, por si só e por muito que custe a todos os nossos liberais, nunca seria factor determinante para o que se passou.
E porque raio não se matou ele depois de concluída a "tarefa" lá na ilha?
O que me parece que este Sr Breivik deseja é exposição mediática. Tal como um fanático religioso dos séculos passados, pretende "dar testemunho" da sua fé obscena a todos os "gentios", utilizando para tal a televisão e a InterNet.
Não tendo (infelizmente) a sua vida sido interrompida lá na mesma ilha onde tanto "trabalhou", o mínimo que as autoridades norueguesas podiam fazer agora era julgá-lo à porta fechada e sem qualquer pinta de voyeurismo mediático. Não lhe darem essa satisfação de se sentir "mártir" de uma causa revoltante e inumana já seria alguma retribuição para a enormidade daquilo que cometeu.
A loucura pode explicar um atentado com bomba e , logo de seguida, uma perseguição individual a 97 garotos e garotas, matando-os a tiro, um a um, olhos nos olhos? Como quem está a matar uma praga de baratas nalguma cozinha? Acções perfeitamente racionais no seu diabólico planeamento e execução... Como se se tratasse de uma operação num teatro de guerra?
Não sei. Mas se não foi insanidade mental o que será que foi? As implicações das alternativas metem medo. É que mesmo nas câmaras de gáz de Auschwitz os verdugos nazis não personalizavam desta forma a morte que davam aos tristes.
sexta-feira, julho 22, 2011
Vai Seguro?
Sim. Vai Seguro. Saber-se-á com certeza absoluta já na noite de hoje, mas tudo indica que António José Seguro será o próximo Secretário Geral do PS.
Até quando? Isso ninguém sabe... Mas posso garantir que nesta travessia do deserto socialista não havia melhor opção.
Para lá de Sócrates e do seu grupo de "amigos" (a quem desejo todo o bem do mundo mas, se fizerem o obséquio, bem longe da política nacional), cabe a TóZé Seguro reunir as hostes, moralizar, dar um rumo e apresentar a sua visão para que esta se torne na visão de todos.
O poder está longe, é certo, mas Partido que tanto se embebedou com esse mesmo poder nos últimos tempos já sabe que tem de aguentar a ressaca...
E quatro anos passam depressa. Se não forem menos... O que ninguém deseja . Nem ao país nem muito menos ao PS antes de estar preparado.
"Fraco rei faz fraca a forte gente" dizia o nosso Poeta maior. Mas o contrário também é verdade. Haja tempo para se revelarem todos estes segredos.
A rosa voltará a abrir. Quando for oportuno.
Até quando? Isso ninguém sabe... Mas posso garantir que nesta travessia do deserto socialista não havia melhor opção.
Para lá de Sócrates e do seu grupo de "amigos" (a quem desejo todo o bem do mundo mas, se fizerem o obséquio, bem longe da política nacional), cabe a TóZé Seguro reunir as hostes, moralizar, dar um rumo e apresentar a sua visão para que esta se torne na visão de todos.
O poder está longe, é certo, mas Partido que tanto se embebedou com esse mesmo poder nos últimos tempos já sabe que tem de aguentar a ressaca...
E quatro anos passam depressa. Se não forem menos... O que ninguém deseja . Nem ao país nem muito menos ao PS antes de estar preparado.
"Fraco rei faz fraca a forte gente" dizia o nosso Poeta maior. Mas o contrário também é verdade. Haja tempo para se revelarem todos estes segredos.
A rosa voltará a abrir. Quando for oportuno.
Para descansar a Vista
O vento não larga o rectângulo. Começa sempre à noitinha, incomodando os indígenas que pretendiam ter uma sossega à maneira nas esplanadas, antes da "deita". Incomoda também o trabalhador que , na cama, vira e revira sem pregar olho, com o estrondo lá de fora a entrar por tudo quanto são frestas e buracos, incluindo ventiladores das casas de banho.
No Estoril e Cascais estes meses de Julho e Agosto sempre foram um bocado ventosos. Apenas em Junho - e até em Maio - quando aconteciam aquelas noites esplendorosas que deixavam adivinhar um Santo António magnífico, era possível fazer esta vidinha tão agradável de passear pelo paredão à cata de esplanada e nela entreter os minutos até à hora da referida "deita"
A novidade parece estar em que a intensidade do raio do vento agora é maior . E, está claro, não me lembro de termos tido este ano as tais noites de Maio e Junho a pedirem gelados do Santini e passeios de mãos dadas...
Sempre que ouço a ventania a assobiar lá fora recordo um dos mitos magníficos de H.P. Lovecraft: Ithaqua -the Wind-Walker .
"Ithaqua is one of the Great Old Ones and appears as a horrifying giant with a roughly human shape and glowing red eyes. He has been reported from as far north as the Arctic to the Sub-Arctic, where Native Americans first encountered him. He is believed to prowl the Arctic waste, hunting down unwary travelers and slaying them gruesomely. He is believed to have inspired the Native American legend of the Wendigo and possibly the Yeti."
Em memória desse grande criador , mestre do terror e supremo artífice da novela e dos contos fantásticos, aqui ficam dois dos seus poemas:
Star-Winds
It is a certain hour of twilight glooms,
Mostly in autumn, when the star-wind pours
Down hilltop streets, deserted out-of-doors,
But shewing early lamplight from snug rooms.
The dead leaves rush in strange, fantastic twists,
And chimney-smoke whirls round with alien grace,
Heeding geometries of outer space,
While Fomalhaut peers in through southward mists.
This is the hour when moonstruck poets know
What fungi sprout in Yuggoth, and what scents
And tints of flowers fill Nithon's continents,
Such as in no poor earthly garden blow.
Yet for each dream these winds to us convey,
A dozen more of ours they sweep away!
Antarktos
Deep in my dream the great bird whispered queerly
Of the black cone amid the polar waste;
Pushing above the ice-sheet lone and drearly,
By storm-crazed aeons battered and defaced.
Hither no living earth-shapes take their courses,
And only pale auroras and faint suns
Glow on that pitted rock, whose primal sources
Are guessed at dimly by the Elder Ones.
If men should glimpse it, they would merely wonder
What tricky mound of Nature's build they spied;
But the bird told of vaster parts, that under
The mile-deep ice-shroud crouch and brood and bide.
God help the dreamer whose mad visions shew
Those dead eyes set in crystal gulfs below!
Biografia por cortesia da Wiki:
O princípio orientador literário de Lovecraft era o "cosmicismo" ou "terror cósmico", a ideia de que a vida é incompreensível à mente humana e que o universo é fundamentalmente alienígena.
No início da década de 40, Lovecraft tinha desenvolvido uma mitologia literária baseada na criação dos Cthulhu Myths (na Imagem grande que ilustra este Post), uma série de ficção vagamente interligada com um panteão de entidades anti-humanas, assim como o Necronomicon, um "grimoire", uma "anti-bíblia" fictícia de ritos mágicos e sabedoria proibida.
Os seus trabalhos foram profundamente pessimistas e cínicos, desafiando os valores iluministas do romantismo e do humanismo cristão. Os protagonistas de Lovecraft eram o oposto do tradicional, e na maior parte das vezes sucumbiam por anteverem o horror da ultima realidade e do abismo. Poucos finais felizes ali se encontram.
Durante a sua vida teve um número relativamente pequeno de leitores. No entanto sua reputação cresceu com o passar das décadas, e é agora considerado um dos escritores de terror mais influentes do século XX.
De acordo com Joyce Carol Oates, Lovecraft, como aconteceu com Edgar Allan Poe no século XIX, tem exercido "uma influência incalculável sobre sucessivas gerações de escritores de ficção de horror", Stephen King chamou a Lovecraft "o maior praticante do século XX do conto de terror clássico"
No Estoril e Cascais estes meses de Julho e Agosto sempre foram um bocado ventosos. Apenas em Junho - e até em Maio - quando aconteciam aquelas noites esplendorosas que deixavam adivinhar um Santo António magnífico, era possível fazer esta vidinha tão agradável de passear pelo paredão à cata de esplanada e nela entreter os minutos até à hora da referida "deita"
A novidade parece estar em que a intensidade do raio do vento agora é maior . E, está claro, não me lembro de termos tido este ano as tais noites de Maio e Junho a pedirem gelados do Santini e passeios de mãos dadas...
Sempre que ouço a ventania a assobiar lá fora recordo um dos mitos magníficos de H.P. Lovecraft: Ithaqua -the Wind-Walker .
"Ithaqua is one of the Great Old Ones and appears as a horrifying giant with a roughly human shape and glowing red eyes. He has been reported from as far north as the Arctic to the Sub-Arctic, where Native Americans first encountered him. He is believed to prowl the Arctic waste, hunting down unwary travelers and slaying them gruesomely. He is believed to have inspired the Native American legend of the Wendigo and possibly the Yeti."
Star-Winds
It is a certain hour of twilight glooms,
Mostly in autumn, when the star-wind pours
Down hilltop streets, deserted out-of-doors,
But shewing early lamplight from snug rooms.
The dead leaves rush in strange, fantastic twists,
And chimney-smoke whirls round with alien grace,
Heeding geometries of outer space,
While Fomalhaut peers in through southward mists.
This is the hour when moonstruck poets know
What fungi sprout in Yuggoth, and what scents
And tints of flowers fill Nithon's continents,
Such as in no poor earthly garden blow.
Yet for each dream these winds to us convey,
A dozen more of ours they sweep away!
Antarktos
Deep in my dream the great bird whispered queerly
Of the black cone amid the polar waste;
Pushing above the ice-sheet lone and drearly,
By storm-crazed aeons battered and defaced.
Hither no living earth-shapes take their courses,
And only pale auroras and faint suns
Glow on that pitted rock, whose primal sources
Are guessed at dimly by the Elder Ones.
If men should glimpse it, they would merely wonder
What tricky mound of Nature's build they spied;
But the bird told of vaster parts, that under
The mile-deep ice-shroud crouch and brood and bide.
God help the dreamer whose mad visions shew
Those dead eyes set in crystal gulfs below!
Biografia por cortesia da Wiki:
Howard Phillips Lovecraft (Providence, Rhode Island, (20 de Agosto de 1890 – 15 de Março de 1937) foi um escritor norte-americano famoso pelas suas obras de fantasia e terror marcadamente gótico, enquadrados por uma estrutura semelhante à da ficção científica.
O princípio orientador literário de Lovecraft era o "cosmicismo" ou "terror cósmico", a ideia de que a vida é incompreensível à mente humana e que o universo é fundamentalmente alienígena.
No início da década de 40, Lovecraft tinha desenvolvido uma mitologia literária baseada na criação dos Cthulhu Myths (na Imagem grande que ilustra este Post), uma série de ficção vagamente interligada com um panteão de entidades anti-humanas, assim como o Necronomicon, um "grimoire", uma "anti-bíblia" fictícia de ritos mágicos e sabedoria proibida.
Os seus trabalhos foram profundamente pessimistas e cínicos, desafiando os valores iluministas do romantismo e do humanismo cristão. Os protagonistas de Lovecraft eram o oposto do tradicional, e na maior parte das vezes sucumbiam por anteverem o horror da ultima realidade e do abismo. Poucos finais felizes ali se encontram.
Durante a sua vida teve um número relativamente pequeno de leitores. No entanto sua reputação cresceu com o passar das décadas, e é agora considerado um dos escritores de terror mais influentes do século XX.
De acordo com Joyce Carol Oates, Lovecraft, como aconteceu com Edgar Allan Poe no século XIX, tem exercido "uma influência incalculável sobre sucessivas gerações de escritores de ficção de horror", Stephen King chamou a Lovecraft "o maior praticante do século XX do conto de terror clássico"
quinta-feira, julho 21, 2011
O chico-esperto Tuga do passado estará outra vez " de moda"?
O Tuga antigo e folclórico, dos tempos memoráveis daquele rapaz dos filmes, o Manoel de Oliveira, era chico-esperto de nascimento. Pelo menos o Tuga urbano e bairrista, fosse ele da Cedofeita ou da Mouraria.
Cresceu a tentar evitar pagar bilhete no eléctrico, a gamar umas uvas ou maçãs no Bolhão, a fazer favores nas lojas e mercearias a troco de rebuçados. Enfim, a dar mergulhos no Douro para os Turistas pagarem.
Roubava alguma coisa (pouca), trabalhava que se desunhava quando chegava a idade, nas obras, na estiva, a carregar os cabazes das compras... Era perito em "esquemas" e fazia das "borlas" e dos "favores" um manual de escola ( a que não tinha ido).
Se tinha costas para o largo e mãos e pés velozes, podia "afadistar-se" ou juntar-se a um grupo de forcados. Entrava asssim directamente na vida boémia da Capital, com direito a amante, vinho tinto, nariz quebrado e costelas sempre (ou quase sempre) ligadas. Caso contrário seguia o caminho dos "Moleros" de Dinis Machado (aka Dennis McShade) acima e abaixo por essas vielas de Lisboa ou do Porto. Cravava o bilhete para no Domingo ir à bola, fazia amizade com o ardina para ler a mesma Bola de borla, discutia com os amigos a "táctica" nas segundas feiras seguintes.
Só é pena já não se poderem candidatar a uns subsídiozinhos do Fundo Social Europeu para abrirem a escolinha... mesmo assim não tenho a certeza. É questão de perguntarem ao Durão, pode ser que ele "faça o jeito..."
Cresceu a tentar evitar pagar bilhete no eléctrico, a gamar umas uvas ou maçãs no Bolhão, a fazer favores nas lojas e mercearias a troco de rebuçados. Enfim, a dar mergulhos no Douro para os Turistas pagarem.
Roubava alguma coisa (pouca), trabalhava que se desunhava quando chegava a idade, nas obras, na estiva, a carregar os cabazes das compras... Era perito em "esquemas" e fazia das "borlas" e dos "favores" um manual de escola ( a que não tinha ido).
Se tinha costas para o largo e mãos e pés velozes, podia "afadistar-se" ou juntar-se a um grupo de forcados. Entrava asssim directamente na vida boémia da Capital, com direito a amante, vinho tinto, nariz quebrado e costelas sempre (ou quase sempre) ligadas. Caso contrário seguia o caminho dos "Moleros" de Dinis Machado (aka Dennis McShade) acima e abaixo por essas vielas de Lisboa ou do Porto. Cravava o bilhete para no Domingo ir à bola, fazia amizade com o ardina para ler a mesma Bola de borla, discutia com os amigos a "táctica" nas segundas feiras seguintes.
Apenas sobreviver sem emprego certo, ao Deus-dará das vicissitudes da construção civil, naqueles tempos em que se pagava "licença de isqueiro" , era já obra... Apenas os mais aptos (leia-se os "mais espertos") o conseguiam. Depois ia à tropa, fazia caminho de África. Não melhorava nem piorava muito ( a não ser que por lá ficasse, de pé ou deitado) e assim que chegasse outra vez a pisar as pedras das nossas calçadas europeias repetia tudo de novo.
Poucas vezes (muito poucas) se tornava um fora-da-lei, daqueles de crimes pesados, à mão armada. Claro que roubava sempre que podia, por oportunismo, no fim de contas naqueles tempos era a ocasião que fazia o ladrão... Mas era sobretudo grande praticante da arte de enganar o próximo nas coisas pequenas: nos trocos, no peso das vitualhas, nos cm das fazendas, nas entradas sem pagar para o cinema ao ar livre, no "salto" para dentro e fora dos comboios da Linha, quando queria ir à Praia e evitar o revisor, nessas coisinhas.
Ora depois desses anos tristes e conzentos, dos filmes a preto e branco do António Silva, da Radio Renascença e da Amália, veio a Revolução de Abril e veio a Liberdade, veio no fim de contas o grande matador , o assassino desses comportamentos: O Estado Social.
O nosso Chico-Esperto começou a perder qualidades por falta de treino. Havia medicamentos à borla, havia médico de borla também. Pagavam-lhe uns rendimentos especiais de inserção, davam-lhe o subsídio de desemprego estimável... Os melhores jogos da Bola passavam na TV... Até o Benfica (Santo! Santo! Santo!) tinha já um canal televisivo também!
Agora que estamos na reviravolta dos alcatruzes da Nora, os Chicos-Espertos Tugas ainda vivos dão largas à sua desilusão: é que nem há agora mordomias, nem sequer estão devidamente "treinados" para recomeçar a sua antiga vida de enganos e pequena ladroagem... Foi toda uma memória histórica de marginalidade medíocre que se perdeu...
E invejam os Lelos da feira do relógio. Esses gajos, suportados por uma ancestral cultura das margens do Indo, nunca se fiaram muito nas prebendas e benesses do Pós-25 de Abril. Lá que iam receber o Rendimento Social de Inserção, isso iam, afinal seriam Lelos mas não eram parvos! Mas nunca deixaram de dar o devido "treino" aos filhos e netos...
Pode ser que um desses, dos que nunca largaram o "treino", possa abrir uma Academia para "falcatruas, desvios de carteiras, falsificações e outras disciplinas". Os candidatos com melhores referências podem candidatar-se à Bolsa Vale e Azevedo. E, tal como na Católica, exigia-se logo "código de vestuário"! Nada de chanatas e calções de banho! Vigarista de sucesso traz sempre fato e gravata!
Só é pena já não se poderem candidatar a uns subsídiozinhos do Fundo Social Europeu para abrirem a escolinha... mesmo assim não tenho a certeza. É questão de perguntarem ao Durão, pode ser que ele "faça o jeito..."
Mais uma acha para a fogueira da Amizade
Ao ler o post de hoje não posso deixar passar o momento para lhe dizer que a amizade é um previlégio raro, e como tal deve ser preservado e cultivado, como se do mais belo ser em extinção se tratasse. Ser seu amigo tem sido um raro previlégio de vivências, aprendizagem e partilha.
Amigo Paulo: Que dure 123 anos! (Para cada lado!)
Amigo Paulo: Que dure 123 anos! (Para cada lado!)
quarta-feira, julho 20, 2011
Dia Internacional da Amizade
Comemora-se hoje o "Dia da Amizade".
Pretexto para aqui discorrermos sobre essa prática, das mais importantes do mundo de hoje (e de ontem) no meio de ventos e marés, favoráveis ou contrários.
Não vou fazer aqui o "choradinho" da amizade. Já foi feito por muita gente, bem melhor do que eu. E muitas vezes. e em muitas línguas.
Quem quiser ler sobre isso tem por exemplo o excepcional poema de O'Neill (já aqui referido por inteiro no Blog):
“Amigo” é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!"
--------------------
Vou antes tentar explicar porque motivo os Amigos são importantes. Pelo menos para mim.
Ter um Amigo é ter um ouvido atento às nossas desgraças e grandezas. É ter quem nos apoia nos momentos bons e maus. É saber que por muitas malandrices que se possam fazer há sempre alguém que nos faz sentir outra vez lavados dessas manchas. É ter um confessor que não é padre nem dá penitência. É estar sempre bem acompanhado. É poder partilhar as experiências mais estranhas. É, afinal e no fim dos tempos, poder recordar tudo isso rindo. Rindo sempre.
Sem amizade o que seria dos prazeres da vida? Haverá prazer que se esgote apenas no acto? Seja uma noite de amor ou a emoção que nos deixou um belo livro? Claro que não! Graças à amizade esse prazer repete-se em surdina reminiscente sempre que ao Amigo contamos a história. Seja ela a do amor vivido, do livro lido ou da paisagem que deslumbrou.
E Amizade é também a preocupação com que procuramos novas coisas, novos vinhos, novos sabores para levar para a mesa comum a que todos os Amigos verdadeiros acabam por se sentar, louvando e criticando a contribuição de cada um.
David Lopes Ramos, sempre vivo em todas as nossas memórias, cultivava soberanamente a Amizade.
À mesa e fora dela.
Sempre disse o nosso David , do alto da sua enorme sabedoria amável, que "comer e beber com qualidade empalidecem quando a companhia esmorece... Mais valia uma sardinha em boa companhia do que três lagostins entre estranhos".
E é esta uma verdade tão absoluta como a Terra ser redonda... Quem não o compreende é porque, infelizmente, em vez de cultivar os amigos e a amizade prefere relacionar-se com simples conhecidos...
É que ser Amigo dá muito trabalho ! E implica responsabilidades. Porque, tal como acontece com o Amor verdadeiro, ninguém pode ser Amigo sózinho... dar amizade é receber também amizade. A reciprocidade é obrigatória e inevitável.
O grande ensaísta e pensador Michel de Montaigne, melhor do que ninguém, explicou o que é ser Amigo de alguém :
"Au demeurant, ce que nous appelons ordinairement amis et amitiés, ce ne sont qu'accointances et familiarités nouées par quelque occasion ou commodité, par le moyen de laquelle nos âmes s'entretiennent. En l'amitié de quoi je parle, elles se mêlent et confondent l'une en l'autre, d'un mélange si universel qu'elles effacent et ne retrouvent plus la couture qui les a jointes. Si on me presse de dire pourquoi je l'aimais, je sens que cela ne se peut exprimer, qu'en répondant : « Parce que c'était lui, parce que c'était moi. "
Les Essais, livre Ier, chapitre XXVIII - Montaigne
Aos meus Amigos, a todos eles sem excepção, dedico este trecho de Montaigne sobre a Amizade perfeita, recíproca e eterna.
Pretexto para aqui discorrermos sobre essa prática, das mais importantes do mundo de hoje (e de ontem) no meio de ventos e marés, favoráveis ou contrários.
Não vou fazer aqui o "choradinho" da amizade. Já foi feito por muita gente, bem melhor do que eu. E muitas vezes. e em muitas línguas.
Quem quiser ler sobre isso tem por exemplo o excepcional poema de O'Neill (já aqui referido por inteiro no Blog):
“Amigo” é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!"
--------------------
Vou antes tentar explicar porque motivo os Amigos são importantes. Pelo menos para mim.
Ter um Amigo é ter um ouvido atento às nossas desgraças e grandezas. É ter quem nos apoia nos momentos bons e maus. É saber que por muitas malandrices que se possam fazer há sempre alguém que nos faz sentir outra vez lavados dessas manchas. É ter um confessor que não é padre nem dá penitência. É estar sempre bem acompanhado. É poder partilhar as experiências mais estranhas. É, afinal e no fim dos tempos, poder recordar tudo isso rindo. Rindo sempre.
Sem amizade o que seria dos prazeres da vida? Haverá prazer que se esgote apenas no acto? Seja uma noite de amor ou a emoção que nos deixou um belo livro? Claro que não! Graças à amizade esse prazer repete-se em surdina reminiscente sempre que ao Amigo contamos a história. Seja ela a do amor vivido, do livro lido ou da paisagem que deslumbrou.
E Amizade é também a preocupação com que procuramos novas coisas, novos vinhos, novos sabores para levar para a mesa comum a que todos os Amigos verdadeiros acabam por se sentar, louvando e criticando a contribuição de cada um.
David Lopes Ramos, sempre vivo em todas as nossas memórias, cultivava soberanamente a Amizade.
À mesa e fora dela.
Sempre disse o nosso David , do alto da sua enorme sabedoria amável, que "comer e beber com qualidade empalidecem quando a companhia esmorece... Mais valia uma sardinha em boa companhia do que três lagostins entre estranhos".
E é esta uma verdade tão absoluta como a Terra ser redonda... Quem não o compreende é porque, infelizmente, em vez de cultivar os amigos e a amizade prefere relacionar-se com simples conhecidos...
É que ser Amigo dá muito trabalho ! E implica responsabilidades. Porque, tal como acontece com o Amor verdadeiro, ninguém pode ser Amigo sózinho... dar amizade é receber também amizade. A reciprocidade é obrigatória e inevitável.
O grande ensaísta e pensador Michel de Montaigne, melhor do que ninguém, explicou o que é ser Amigo de alguém :
"Au demeurant, ce que nous appelons ordinairement amis et amitiés, ce ne sont qu'accointances et familiarités nouées par quelque occasion ou commodité, par le moyen de laquelle nos âmes s'entretiennent. En l'amitié de quoi je parle, elles se mêlent et confondent l'une en l'autre, d'un mélange si universel qu'elles effacent et ne retrouvent plus la couture qui les a jointes. Si on me presse de dire pourquoi je l'aimais, je sens que cela ne se peut exprimer, qu'en répondant : « Parce que c'était lui, parce que c'était moi. "
Les Essais, livre Ier, chapitre XXVIII - Montaigne
Aos meus Amigos, a todos eles sem excepção, dedico este trecho de Montaigne sobre a Amizade perfeita, recíproca e eterna.
terça-feira, julho 19, 2011
De novo em Lisboa
Estou de partida para Lisboa.
Reparo agora que - à parte o crocodilo - pouco brinquei desta vez. Os tempos não estão para isso.
Há notícias boas também. Os CTT Correios de Portugal ganharam mais um Grande Prémio ASIAGO em 2010, agora com a emissão dedicada aos Elevadores de Portugal, feita pelo Prof. Eduardo Aires. Parabéns Professor!
Neste Verão, que mais parece Outono, soube-se hoje - no Público - aquilo que muitos já diziam à boca pequena: o novo Imposto Extraordinário vai castigar quem ganha mais de 2500 euros (brutos). Esses irão pagar bem mais do que 50% do Subsídio de Natal.
É justo, dirão os que ganham menos. E injusto dizem os que têm de pagar já em Novembro, sem discutir, e vendo que o mesmo Imposto sobre os rendimentos dos juros dos depósitos e das mais valias financeiras, a serem taxados, só será pago lá para o meio de 2012...
Quem se vai lixar é o comércio. Restaurantes e retalhistas vários. Depois falaremos.
Neste ano acho que nem o futebol vem aliviar a atmosfera pesada do país.
Há remédio?
Cara alegre e bem disposta. Solidariedade. Vigilância sobre este Governo, mais troikista que a Troika. Esperança num futuro mais risonho.
Trabalhar sempre, mas brincando também sempre. Nunca me esqueço que o meu brinquedo preferido quando era miúdo era uma tábua moldada à faca, lá nos escuteiros...
Aqui iremos dando umas dicas para aguentar a depressão com menos dinheiro. No fim de contas quem beber Barca Velha todos os dias também o deve enjoar e há-de chegar a altura em que pede antes um Verde Tinto Vinhão...
Reparo agora que - à parte o crocodilo - pouco brinquei desta vez. Os tempos não estão para isso.
Há notícias boas também. Os CTT Correios de Portugal ganharam mais um Grande Prémio ASIAGO em 2010, agora com a emissão dedicada aos Elevadores de Portugal, feita pelo Prof. Eduardo Aires. Parabéns Professor!
Neste Verão, que mais parece Outono, soube-se hoje - no Público - aquilo que muitos já diziam à boca pequena: o novo Imposto Extraordinário vai castigar quem ganha mais de 2500 euros (brutos). Esses irão pagar bem mais do que 50% do Subsídio de Natal.
É justo, dirão os que ganham menos. E injusto dizem os que têm de pagar já em Novembro, sem discutir, e vendo que o mesmo Imposto sobre os rendimentos dos juros dos depósitos e das mais valias financeiras, a serem taxados, só será pago lá para o meio de 2012...
Quem se vai lixar é o comércio. Restaurantes e retalhistas vários. Depois falaremos.
Neste ano acho que nem o futebol vem aliviar a atmosfera pesada do país.
Há remédio?
Cara alegre e bem disposta. Solidariedade. Vigilância sobre este Governo, mais troikista que a Troika. Esperança num futuro mais risonho.
Trabalhar sempre, mas brincando também sempre. Nunca me esqueço que o meu brinquedo preferido quando era miúdo era uma tábua moldada à faca, lá nos escuteiros...
Aqui iremos dando umas dicas para aguentar a depressão com menos dinheiro. No fim de contas quem beber Barca Velha todos os dias também o deve enjoar e há-de chegar a altura em que pede antes um Verde Tinto Vinhão...
segunda-feira, julho 18, 2011
Um Post mais sombrio: Gerir a velhice
Todos temos os nossos velhos. Alguns , suponho que a maioria , melhor dito, desejo que a maioria, estarão bem cuidados em nossa casa ou em lugares adequados. Outros não. É esta uma das maiores vergonhas da nossa sociedade actual. Causada em muitos casos pela necessidade, admito, mas sobretudo pelo egoísmo.
Nesta deslocação obrigatória para avaliar uma situação dessas, familiarmente muito próxima de nós, coisas ruins, que não desejamos, vêm-nos à cabeça. O que fazer para prevenir estas atrocidades, como minorar os efeitos da crise na restrição da rede da Segurança Social que se avizinha, como - enfim - garantir uma velhice digna e uma morte em paz.
Bem sei que as situações mais negras são sobretudo fenómenos urbanos, causados pela precariedade do emprego, pela exiguidade dos apartamentos, pela má vontade de noras e genros, pelo fraco número de filhos que possam contribuir para pagar um lar decente, essas coisas.
Em famílias grandes, com hábitos antigos e casas espaçosas da "província", estas situações de repúdio são raras. Os velhos morrem nas suas camas, em casa dos filhos, rodeados pelos netos e bisnetos. Ou pelo menos assim era há poucos anos atrás...
O problema está no cada vez maior número de casais com filhos únicos, a viver em apartamentos de 3 assoalhadas de onde os filhos têm cada vez mais dificuldade em sair para casar e constituir a sua própria família.
Esta sociedade actual garante - do ponto de vista médico - que os velhos duram cada vez mais tempo. Os novos medicamentos assim o permitem. Mas o que não garantem é a qualidade dessa vida cinzenta, feita ao crepúsculo, apoiada em boas vontades e em caridades alheias, transformada em fardo para o ou (para a)descendente.
Não quero isso para mim. Acho que preferia morrer cedo e bem do que tarde e mal. Nunca tive medo da morte. Sou optimista por natureza por isso a morte não é para mim mais do que um novo começo, uma nova aventura a desbravar. Agora passar 10 anos da minha vida a ser um fardo para os outros? Isso nunca!
Todos compreendem que o problema reside nisso mesmo: quem somos nós para garantir que a morte vem cedo e depressa , ou mais tarde e lentamente?
Daqui a necessidade de prevenir. O dinheiro ajuda? Infelizmente sim. Cada vez mais, agora que o Estado fecha progressivamente a mão que geria os apoios à Segurança Social.
Nesta República Democrática da Liberdade de Abril estamos a caminho de uma situação onde seremos cada vez mais desiguais perante a velhice, a doença prolongada e a morte .
Os meus avós diziam sempre que "era preciso ter um dinheirinho de lado para alguma doença", naqueles tempos do Salazar em que não havia Plano Nacional de Saúde.
Voltaremos a esses tempos. Se não para alguma doença, então para acautelar a qualidade de vida na velhice. Não se fiem na Reforma. Comecem já a poupar.
Nesta deslocação obrigatória para avaliar uma situação dessas, familiarmente muito próxima de nós, coisas ruins, que não desejamos, vêm-nos à cabeça. O que fazer para prevenir estas atrocidades, como minorar os efeitos da crise na restrição da rede da Segurança Social que se avizinha, como - enfim - garantir uma velhice digna e uma morte em paz.
Bem sei que as situações mais negras são sobretudo fenómenos urbanos, causados pela precariedade do emprego, pela exiguidade dos apartamentos, pela má vontade de noras e genros, pelo fraco número de filhos que possam contribuir para pagar um lar decente, essas coisas.
Em famílias grandes, com hábitos antigos e casas espaçosas da "província", estas situações de repúdio são raras. Os velhos morrem nas suas camas, em casa dos filhos, rodeados pelos netos e bisnetos. Ou pelo menos assim era há poucos anos atrás...
O problema está no cada vez maior número de casais com filhos únicos, a viver em apartamentos de 3 assoalhadas de onde os filhos têm cada vez mais dificuldade em sair para casar e constituir a sua própria família.
Esta sociedade actual garante - do ponto de vista médico - que os velhos duram cada vez mais tempo. Os novos medicamentos assim o permitem. Mas o que não garantem é a qualidade dessa vida cinzenta, feita ao crepúsculo, apoiada em boas vontades e em caridades alheias, transformada em fardo para o ou (para a)descendente.
Não quero isso para mim. Acho que preferia morrer cedo e bem do que tarde e mal. Nunca tive medo da morte. Sou optimista por natureza por isso a morte não é para mim mais do que um novo começo, uma nova aventura a desbravar. Agora passar 10 anos da minha vida a ser um fardo para os outros? Isso nunca!
Todos compreendem que o problema reside nisso mesmo: quem somos nós para garantir que a morte vem cedo e depressa , ou mais tarde e lentamente?
Daqui a necessidade de prevenir. O dinheiro ajuda? Infelizmente sim. Cada vez mais, agora que o Estado fecha progressivamente a mão que geria os apoios à Segurança Social.
Nesta República Democrática da Liberdade de Abril estamos a caminho de uma situação onde seremos cada vez mais desiguais perante a velhice, a doença prolongada e a morte .
Os meus avós diziam sempre que "era preciso ter um dinheirinho de lado para alguma doença", naqueles tempos do Salazar em que não havia Plano Nacional de Saúde.
Voltaremos a esses tempos. Se não para alguma doença, então para acautelar a qualidade de vida na velhice. Não se fiem na Reforma. Comecem já a poupar.
domingo, julho 17, 2011
Crocodilo no Zêzere?
Bem, aqui de cima (ou de baixo, conforme o mapa esteja posto face ao narrador) não acho que fosse possível encontrar um crocodilo na Lagoa Escura ou na Comprida, embora - depois do almoço - há por aqui malta que já terá visto coisas mais esquisitas... E à noite nem lhes digo nem lhes conto. De elefante para cima, Upa, Upa...
Mas voltando ao assunto refiro - com vénia - a notícia do sempre admirável periódico "Cidade de Tomar"
Crocodilo em Castelo de Bode:
Este novo avistamento terá ocorrido há 15 dias e foi de imediato comunicado à GNR. Um praticante de canoagem disse às autoridades ter visto o animal, com cerca de um metro, a 19 quilómetros a norte do local do anterior avistamento, na zona de limite da freguesia de Cernache do Bonjardim e do concelho da Sertã.
A julgar pela distância terá sido entre a barragem da Bouçã e a zona da Foz de Alge (Figueiró dos Vinhos). Há já alguns dias que na vila de Cernache do Bonjardim se tem visto uma viatura da GNR com um barco atrelado.
Sabe-se agora que tem sido um dos meios utilizados na “vigilância da albufeira e margens na busca de pegadas ou rastos”, conforme confirmou hoje à Condestável o coronel Hélder Almeida, comandante distrital da GNR. O mesmo responsável disse que “estão a ser feitas outras diligências” que não especificou, acrescentando que “até agora não há qualquer indício que aponte no sentido da existência do crocodilo mas a vigilância continua”. Se o animal for encontrado “ não iremos andar aos tiros a ele e aí tem que haver o envolvimento de outras entidades para que possa ser apanhado e recolhido, eventualmente para o Jardim Zoológico”, rematou Hélder Almeida.
Recorde-se que foi no dia 16 de Abril de 2011 que a Rádio Condestável noticiou, em primeira mão, o avistamento de um crocodilo nas águas do Zêzere. Desta feita é notório um maior envolvimento das autoridades no sentido de esclarecer a situação.
Invento aqui o diálogo dos dois compadres que teriam avistado o bicho lá para Figueiró dos Vinhos, à saída de uma patuscada na Quinta do Amigo Neves (abençoado):
"- Oh Compadre Zeca despois do almoço vamos dar uma volta a pé ali até ao Lago."
"- Compadre Mira, tá-me mas é a apetecer pôr os cornos na palha e passar a cadela..Mas tá bem, dêto-me lá ao pé do rio"
...........................................
"- Oh Compadre Zeca! Oh Compadre Zeca! Acorde vocemecê que ta pr'rá li um corco , um crocor, um cricor, um Croqui...quero dizer um Jacaré!"
"- Han? Um quê Compadre Mira? Um Croqui? Um Jacaré? !
"- Tá sim compadre, tem mais de 1 metro! Tem uns dois metros, Quase quatro!"
"- O Compadre não pode beber o que bebeu! Tou farto de lhe dizer que ainda apanha uma cicarose à conta dos ovos batidos com açucar e bagaço ao pequeno almoço!
"- Oh Compadre Zeca que eu nã estou grosso! Estar estou mas agora fiquei bem que ver o bicho até me espantou a cadela!"
"- Olha, Olha, tem o Compadre Mira razão que eu também tou a ver! Mas não é um Croco, um corco, ... da-se que não me sai! Prontos um ...jacaré. A mim parece-me mais o presidente do Sporting a banhos, se calhar a pensar onde vai buscar o dinheiro para pagar a equipa do Domingos!"
" - Lagarto, Lagarto!"
Mas voltando ao assunto refiro - com vénia - a notícia do sempre admirável periódico "Cidade de Tomar"
Crocodilo em Castelo de Bode:
Este novo avistamento terá ocorrido há 15 dias e foi de imediato comunicado à GNR. Um praticante de canoagem disse às autoridades ter visto o animal, com cerca de um metro, a 19 quilómetros a norte do local do anterior avistamento, na zona de limite da freguesia de Cernache do Bonjardim e do concelho da Sertã.
A julgar pela distância terá sido entre a barragem da Bouçã e a zona da Foz de Alge (Figueiró dos Vinhos). Há já alguns dias que na vila de Cernache do Bonjardim se tem visto uma viatura da GNR com um barco atrelado.
Sabe-se agora que tem sido um dos meios utilizados na “vigilância da albufeira e margens na busca de pegadas ou rastos”, conforme confirmou hoje à Condestável o coronel Hélder Almeida, comandante distrital da GNR. O mesmo responsável disse que “estão a ser feitas outras diligências” que não especificou, acrescentando que “até agora não há qualquer indício que aponte no sentido da existência do crocodilo mas a vigilância continua”. Se o animal for encontrado “ não iremos andar aos tiros a ele e aí tem que haver o envolvimento de outras entidades para que possa ser apanhado e recolhido, eventualmente para o Jardim Zoológico”, rematou Hélder Almeida.
Recorde-se que foi no dia 16 de Abril de 2011 que a Rádio Condestável noticiou, em primeira mão, o avistamento de um crocodilo nas águas do Zêzere. Desta feita é notório um maior envolvimento das autoridades no sentido de esclarecer a situação.
Invento aqui o diálogo dos dois compadres que teriam avistado o bicho lá para Figueiró dos Vinhos, à saída de uma patuscada na Quinta do Amigo Neves (abençoado):
"- Oh Compadre Zeca despois do almoço vamos dar uma volta a pé ali até ao Lago."
"- Compadre Mira, tá-me mas é a apetecer pôr os cornos na palha e passar a cadela..Mas tá bem, dêto-me lá ao pé do rio"
...........................................
"- Oh Compadre Zeca! Oh Compadre Zeca! Acorde vocemecê que ta pr'rá li um corco , um crocor, um cricor, um Croqui...quero dizer um Jacaré!"
"- Han? Um quê Compadre Mira? Um Croqui? Um Jacaré? !
"- Tá sim compadre, tem mais de 1 metro! Tem uns dois metros, Quase quatro!"
"- O Compadre não pode beber o que bebeu! Tou farto de lhe dizer que ainda apanha uma cicarose à conta dos ovos batidos com açucar e bagaço ao pequeno almoço!
"- Oh Compadre Zeca que eu nã estou grosso! Estar estou mas agora fiquei bem que ver o bicho até me espantou a cadela!"
"- Olha, Olha, tem o Compadre Mira razão que eu também tou a ver! Mas não é um Croco, um corco, ... da-se que não me sai! Prontos um ...jacaré. A mim parece-me mais o presidente do Sporting a banhos, se calhar a pensar onde vai buscar o dinheiro para pagar a equipa do Domingos!"
" - Lagarto, Lagarto!"
sexta-feira, julho 15, 2011
Para Descansar a Vista
Duas jóias curtas da Poesia maior de Portugal e Espanha, apropriadas - digo eu - aos tempos que atravessamos:
A Parte Invisível do Visível
A parte invisível do visível.
De resto conhecer mais o quê?
O Manifesto do Invisível.
Os lobos são a cabeça do anjo que não se vê.
Sangue no Focinho e Cobardia.
Gonçalo M. Tavares, in "Investigações. Novalis"
DESENGANADO DA APARÊNCIA EXTERIOR
Vês tu este gigante corpulento
que solene e soberbo se reclina?
Pois por dentro é farrapos e faxina,
e é um carregador seu fundamento.
Com sua alma vive e é movimento,
e onde ele quer sua grandeza inclina;
mas quem seu modo rígido examina
despreza tal figura e ornamento.
São assim as grandezas aparentes
da presunção vazia dos tiranos:
fantásticas escórias eminentes.
Vês que, em púrpura ardendo, são humanos?
As mãos com pedrarias são diferentes?
Pois dentro nojo são, terra e gusanos.
Francisco Quevedo, in 'Antologia Poética'
Tradução de José Bento
A Parte Invisível do Visível
A parte invisível do visível.
De resto conhecer mais o quê?
O Manifesto do Invisível.
Os lobos são a cabeça do anjo que não se vê.
Sangue no Focinho e Cobardia.
Gonçalo M. Tavares, in "Investigações. Novalis"
DESENGANADO DA APARÊNCIA EXTERIOR
Vês tu este gigante corpulento
que solene e soberbo se reclina?
Pois por dentro é farrapos e faxina,
e é um carregador seu fundamento.
Com sua alma vive e é movimento,
e onde ele quer sua grandeza inclina;
mas quem seu modo rígido examina
despreza tal figura e ornamento.
São assim as grandezas aparentes
da presunção vazia dos tiranos:
fantásticas escórias eminentes.
Vês que, em púrpura ardendo, são humanos?
As mãos com pedrarias são diferentes?
Pois dentro nojo são, terra e gusanos.
Francisco Quevedo, in 'Antologia Poética'
Tradução de José Bento
Imposto Extraordinário
O Amigo Calado comenta:
E se no dia 30 de Novembro todos os que vão ser espoliados de parte do subsídio de Natal se dirigissem aos bancos e levantassem o remanescente do referido subsídio? Havia de ser bonito... Aposto que nesse dia os bancos fechavam mais cedo.
De Cavaco, não se deve esperar nada mais que as banalidades do costume.
Comentário ao Comentário: Lá veio a conferência de Imprensa que nada nos veio dizer de novo. Sacrifícios para o trabalho dependente, isenções para os rendimentos da aplicação de capitais financeiros ...
Já agora, depois de ouvir atentamente o Dr. Vitor Gaspar entndi porque motivo os planos de contenção do Governo Socialista falharam: não tinham "Documento de Suporte". É que faz muita falta...
E se no dia 30 de Novembro todos os que vão ser espoliados de parte do subsídio de Natal se dirigissem aos bancos e levantassem o remanescente do referido subsídio? Havia de ser bonito... Aposto que nesse dia os bancos fechavam mais cedo.
De Cavaco, não se deve esperar nada mais que as banalidades do costume.
Comentário ao Comentário: Lá veio a conferência de Imprensa que nada nos veio dizer de novo. Sacrifícios para o trabalho dependente, isenções para os rendimentos da aplicação de capitais financeiros ...
Já agora, depois de ouvir atentamente o Dr. Vitor Gaspar entndi porque motivo os planos de contenção do Governo Socialista falharam: não tinham "Documento de Suporte". É que faz muita falta...
quinta-feira, julho 14, 2011
O Novo Imposto afinal é para todos ou só para os mesmos?
Há rumores nos jornais de hoje (DN) que o novo Imposto que nos vai roubar mais ou menos meio Subsídio de Natal não será aplicado aos rendimentos do capital nem às mais valias da Bolsa. Apenas aos rendimentos por conta de outrem ... E mais às rendas e aos trabalhadores a recibo verde.
Tal opção - mesmo com as inefáveis explicações do Ministro das Finanças sobre a necessidade de "resguardar" o mercado de capitais - desmente Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho. Ambos disseram que "os sacrifícios queriam-se para TODOS os portugueses" .
Ninguém pode entender por que motivo os detentores de rendimentos de capital, sentados em cima da pilha do ouro, tal como o Patinhas dos velhos tempos, seriam absolvidos dos sacrifícios exigidos aos pensionistas, trabalhadores, pequenos comerciantes e jovens precários a recibos verdes...
Qual será o país real? O dos banqueiros e investidores ou o dos trabalhadores e pensionistas? O destes todos? Estou de acordo. Mas então que o pão amargo seja igualmente repartido por eles todos.
Vitor Gaspar, aos salamaleques lá por Bruxelas (tanto se baixava a cumprimentar os colegas que quase se lhe via o coiso escuro) está a sair melhor do que a encomenda... Parece um mandatário dos banqueiros para meter na ordem a classe trabalhadora, esses relapsos culpados por todos os males do mundo. Os malandros que para além de trabalharem pouco e de terem fracas produtividades, ainda têm a ousadia, agora que estão desempregados, de faltar com o pagamento aos senhores dos Bancos, aqueles mesmos Beneméritos que lhes estenderam a mão nos tempos idos, "dando-lhes" dinheiro para casa, carro , viagens e mais coisas...
A confirmarem-se estes boatos - saberemos logo mais tarde, pelas 18h - o Governo está a deitar gasolina para a fogueira do descontentamento geral.
Depois não se admirem se a "malta" começar aos coices...
Fala Cavaco!
Parece que é mudo...
Tal opção - mesmo com as inefáveis explicações do Ministro das Finanças sobre a necessidade de "resguardar" o mercado de capitais - desmente Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho. Ambos disseram que "os sacrifícios queriam-se para TODOS os portugueses" .
Ninguém pode entender por que motivo os detentores de rendimentos de capital, sentados em cima da pilha do ouro, tal como o Patinhas dos velhos tempos, seriam absolvidos dos sacrifícios exigidos aos pensionistas, trabalhadores, pequenos comerciantes e jovens precários a recibos verdes...
Qual será o país real? O dos banqueiros e investidores ou o dos trabalhadores e pensionistas? O destes todos? Estou de acordo. Mas então que o pão amargo seja igualmente repartido por eles todos.
Vitor Gaspar, aos salamaleques lá por Bruxelas (tanto se baixava a cumprimentar os colegas que quase se lhe via o coiso escuro) está a sair melhor do que a encomenda... Parece um mandatário dos banqueiros para meter na ordem a classe trabalhadora, esses relapsos culpados por todos os males do mundo. Os malandros que para além de trabalharem pouco e de terem fracas produtividades, ainda têm a ousadia, agora que estão desempregados, de faltar com o pagamento aos senhores dos Bancos, aqueles mesmos Beneméritos que lhes estenderam a mão nos tempos idos, "dando-lhes" dinheiro para casa, carro , viagens e mais coisas...
A confirmarem-se estes boatos - saberemos logo mais tarde, pelas 18h - o Governo está a deitar gasolina para a fogueira do descontentamento geral.
Depois não se admirem se a "malta" começar aos coices...
Fala Cavaco!
Parece que é mudo...
quarta-feira, julho 13, 2011
O Dia começa cada vez mais cedo
Antes que julguem que o Blogger "pirou por completo" e perdeu a noção do solstício, sempre vos quero dizer que não é nada disso que se trata!
O Dia de Trabalho começa, de facto, mais cedo.
Os Portugueses começaram a ter noção que é preciso mais trabalho para sair da crise? Pode ser que sim, mas para mim, quem se levanta mais cedo gasta menos "pitrol" nas deslocações e pode regressar a casa também mais cedo ( e lá está, outra vez poupança no "pitrol")... Esse é que deve ser o grande motivo da "madrugação geral indígena".
Realmente só a Crise e a Moody's conseguiriam transformar este País numa Suiça trabalhadora e matinal.
O Dia de Trabalho começa, de facto, mais cedo.
Antigamente, quando eu saía de casa por volta das 6.30h quase ninguém encontrava na A5. Hoje já por lá se cruzam comigo alguns malucos, mais do dobro do que era costume. Quando chego ao quiosque da Versailles, às 7.00h, já está aberto e tem os jornais na banca (ou começa a ter). E a própria Versailles abre as portas muito antes do horário pregado na porta (calma ASAE! Vossas mercês não precisam de madrugar assim tanto. Deixem-se lá estar na palha e venham depois :):). Mas é bem verdade, as mais das vezes às 7.15h já se entra na velha e sempre amada pastelaria...
Também aqui no meu "boulot" do Báltico, quando comecei a chegar às 7.00H (logo quando para aqui me emigraram) nem elevadores funcionavam ainda..Depois de algumas insistências posso dizer que a Segurança ou a Manutenção, ou lá como se chama o General dos elevadores, resolveu o problema. A única guerra que me falta ganhar é a das senhoras da limpeza com os seus apetrechos ruidosos (aspiradores, panos na mão e tagarelices). Mas essa, como mete recursos humanos, será mais complicado resolver... Desde que não me limpem os pés com o pano do pó, tudo bem (mas já quase que aconteceu.)
Os Portugueses começaram a ter noção que é preciso mais trabalho para sair da crise? Pode ser que sim, mas para mim, quem se levanta mais cedo gasta menos "pitrol" nas deslocações e pode regressar a casa também mais cedo ( e lá está, outra vez poupança no "pitrol")... Esse é que deve ser o grande motivo da "madrugação geral indígena".
Realmente só a Crise e a Moody's conseguiriam transformar este País numa Suiça trabalhadora e matinal.
terça-feira, julho 12, 2011
Onde vai isto parar?
Ontem foi o que se viu...Muitas bolsas europeias - até Frankfurt! - a virem por aí abaixo. Lisboa então teve o pior desempenho desde Abril... Caíu quase 5%! E tudo por causa do receio da contaminação da "doença" da dívida soberana a Itália...
Em Milão o tombo também foi enorme, levando "Il Cavallieri" Berluscone a tomar medidas para impedir a transacção desenfreada de títulos em bolsa.
O que se passou mesmo? Foram os investidores, com receio que o "papel" que tinham nas mãos valesse apenas isso (papel de embrulho) e vai daí tentaram ganhar alguma coisa pondo à venda tudo o que tinham, a qualquer preço.
Assim (dizem) terá começado a sexta feira negra de Wall Street em 1929...
Se um desses Países maiores, como a Espanha ou a Itália, são apanhados nas malhas deste "imbroglio" tenho muito receio do que possa acontecer. Não me parece que exista dinheiro suficiente na Europa para fazer o respectivo resgate.
Bem sei - e quem não sabia dantes agora também sabe - que isto de "viver acima das nossas possibilidades" não é apenas problema luso, nem sequer Europeu. Ontem, por exemplo, soube-se que a Itália já tinha o déficit da sua Dívida Pública em 130% do PIB. Mas nos USA deve ser hoje superior a 115%. Em Singapura estaremos pelos 105%. E no Japão mais de 220% (!!) ... Em Portugal deve andar pelos 98%.
Mas só aqui na Europa é que o assunto parece ser perigoso, pelos vistos.
Para além dos montes e vales, depois dos oceanos, um sorriso amarelo espreita esta gente ocidental decadente: A China , com um déficit na Dívida Pública de apenas 19% do seu PIB, deve estar a gozar com estas dificuldades, e a aguardar o seu tempo para tomar conta do resto do mundo.
Nota: Se o Déficit da Dívida Pública em termos de percentagem do PIB fosse um indicador único válido e garantido para medir a "saúde" das nações e o "bem estar" dos seus Povos, então Países como Moçambique e o BanglaDesh, com indíces de cerca de 40%, seriam muito "melhores para viver" do que Japão e Singapura... Quem acredita nisso??!!
Em Milão o tombo também foi enorme, levando "Il Cavallieri" Berluscone a tomar medidas para impedir a transacção desenfreada de títulos em bolsa.
O que se passou mesmo? Foram os investidores, com receio que o "papel" que tinham nas mãos valesse apenas isso (papel de embrulho) e vai daí tentaram ganhar alguma coisa pondo à venda tudo o que tinham, a qualquer preço.
Assim (dizem) terá começado a sexta feira negra de Wall Street em 1929...
Se um desses Países maiores, como a Espanha ou a Itália, são apanhados nas malhas deste "imbroglio" tenho muito receio do que possa acontecer. Não me parece que exista dinheiro suficiente na Europa para fazer o respectivo resgate.
Bem sei - e quem não sabia dantes agora também sabe - que isto de "viver acima das nossas possibilidades" não é apenas problema luso, nem sequer Europeu. Ontem, por exemplo, soube-se que a Itália já tinha o déficit da sua Dívida Pública em 130% do PIB. Mas nos USA deve ser hoje superior a 115%. Em Singapura estaremos pelos 105%. E no Japão mais de 220% (!!) ... Em Portugal deve andar pelos 98%.
Mas só aqui na Europa é que o assunto parece ser perigoso, pelos vistos.
Para além dos montes e vales, depois dos oceanos, um sorriso amarelo espreita esta gente ocidental decadente: A China , com um déficit na Dívida Pública de apenas 19% do seu PIB, deve estar a gozar com estas dificuldades, e a aguardar o seu tempo para tomar conta do resto do mundo.
Nota: Se o Déficit da Dívida Pública em termos de percentagem do PIB fosse um indicador único válido e garantido para medir a "saúde" das nações e o "bem estar" dos seus Povos, então Países como Moçambique e o BanglaDesh, com indíces de cerca de 40%, seriam muito "melhores para viver" do que Japão e Singapura... Quem acredita nisso??!!
segunda-feira, julho 11, 2011
Sorte e Azar
No Domingo passado almoçámos no Beira, em Cascais, a convite do Paulinho, para uns petiscos que só se apanham cá por baixo em havendo amigos que os trazem do Minho (ou mais propriamente da Galicia): lampreia fumada, recheada ou simplesmente grelhada.
Estávamos filosoficamente e de forma bem decadente , a acompanhar o petisco das tabernas galegas de tempos idos com...Ruinart Blanc de Blancs (Muito Obrigado Dr Almerindo!) e continuámos por umas cabeças de cherne e garoupa estaladas no forno (cortesia da Dª Lurdes), saboreadas com 4 garrafitas de Mouchão que o Blogger disponibilizou....
Todos nos lembrávamos do Príncipe (era alcunha), um amigo de Cascais que parecia ter nascido de traseiro virado para a lua... Herdeiro único de um par de Tias que detinham imenso património imobiliário em Carcavelos, desde o mar até às freguesias do interior e que valia milhões de contos em terrenos urbanizados , loteamentos já feitos e prédios construídos! Este nosso Príncipe, ainda por cima, jogava na lotaria sempre com o mesmo número e na mesma tabacaria. Pois saíu-lhe a "Sorte Grande" não uma, mas duas vezes!!
Morreu com 48 anos de cancro. Apesar da fortuna e da tal dita "sorte" que teria tido.
Já em casa veio-me também à memória um outro Amigo com uma história bem estranha. O Pai tinha sido imigrado na Àfrica do Sul e lá montou uma empresa de metalo-mecânica (que era a sua profissão de raiz no Tramagal). Prosperou, passou de "vão de escada" a pequena empresa e quando deu por si já empregava 160 trabalhadores ...Teve este filho tarde na sua vida, da mulher que veio buscar à "terra". Quando chegou a hora de estudar a sério - depois de muito mandriar por aquelas "áfricas" - o rapaz preferiu vir fazê-lo para Lisboa em vez de continuar os estudos na terra de adopção. Nem ele saberá responder por que motivo. Se eu me tivesse que pôr a adivinhar diria que foi para sair de casa , já que muitas vezes, nesses anos 70's, as relações entre pais e filhos nem sempre eram as melhores, sobretudo entre um Pai trabalhador e um jovem meio "boémio"...
De todas as formas fomos colegas no ISCTE. Herdou muito do pai (que faleceu ainda ele não tinha concluído o curso). De tudo o que tinham em África se desfez ( ficando muito bem de vida) e aqui, nos arredores de Lisboa, montou uma Empresa com a Mãe, também de metalo-mecânica. Achámos todos estranho como um licenciado em Gestão poderia ter tomado tal decisão, mas assim foi.
Já rico e casado - 20 anos depois - voltei a vê-lo por esses restaurantes da moda, desde o Gambrinus ao Porto de Santa Maria. Sempre nos falámos muito bem, como colegas que éramos. Contou-me ele mais tarde que no início de 1997 ou 98, deslumbrado com as oportunidades que a EXPO 98 traria para o seu ramo, teria dado não um, mas para aí dois ou três "passos maiores do que as pernas". Meteu-se em subempreitadas de grande vulto, os Prime Contractors (promotores imobiliários ) não lhe pagaram. Os bancos começaram a torcer a corda e... teve de abrir falência.
Esta a história que ele contou. Há quem diga que também terá tido algum peso no descalabro um divórcio muito complicado e as "tornas" que teve de pagar à Ex-Mulher.
Em 2005 era vendedor de artes gráficas (as voltas que a vida deu), trabalhava como free lancer para várias firmas do ramo e assim tornei a encontrá-lo, já dentro da minha vida profissional.
Gostava de o convidar para almoçar, não porque tivesse algum gosto retorcido em ouvir contar desgraças, mas porque admirava a forma como aquele homem, que tinha "estourado" duas fortunas - ou quase - continuava de bem com o mundo e com os outros, optimista sempre, e a esperar que o dia de amanhã fosse melhor do que o de ontem..
Pagava as suas contas, andava de Toyota comercial 1.6 diesel, morava num pequeno apartamento , um T1 em Campo de Ourique em prédio que ele fornecera de caixilharias, aceitando o apartamento como pagamento. Não tinha relacionamento com os filhos, que não lhe perdoavam ter passado de rico empresário a "caixeiro viajante". Seria essa a sua maior tristeza.
Ensinou-me muito. Desde logo o facto de que viver bem não significa viver ricamente. Mas também ( e sobretudo) que só nós próprios temos a capacidade de anular o nosso espírito positivo.
O "enquadramento", os "arrredores" (como ele dizia muitas vezes), contribuem para fazer subir ou baixar os "cabedais" de alguém. Mas a felicidade de cada qual está nas suas próprias mãos. E isso ninguém nos tira. Só se deixarmos...
E isto afirmava ele - Cliente do Porto de Santa Maria e dos Barca Velha e Vinha do Fojo (então na moda 10 anos antes) - elogiando a meu lado um soberbo pargo assado no forno, no Polícia, e bebendo do óptimo vinho da casa (naquele tempo era o Herdade das Servas).
Mas sempre sorrindo. Não esperando mais nada da vida senão aquilo que ela presentemente lhe dava.
Desde que saí da Casal Ribeiro, em 2009, nunca mais o vi. Tinha mais 10 anos do que eu.
Se ainda for vivo (o que duvido, pois teria aparecido, nem que fosse para falarmos e almoçarmos) só lhe queria dizer daqui que tenho saudades...
Estávamos filosoficamente e de forma bem decadente , a acompanhar o petisco das tabernas galegas de tempos idos com...Ruinart Blanc de Blancs (Muito Obrigado Dr Almerindo!) e continuámos por umas cabeças de cherne e garoupa estaladas no forno (cortesia da Dª Lurdes), saboreadas com 4 garrafitas de Mouchão que o Blogger disponibilizou....
E obviamente conversámos. De entre os assuntos respingo aqui um que me fez dar à noite algumas voltas na cama (as outras terá sido a cabra da Lampreia fumada aos saltos...).
Morreu com 48 anos de cancro. Apesar da fortuna e da tal dita "sorte" que teria tido.
Já em casa veio-me também à memória um outro Amigo com uma história bem estranha. O Pai tinha sido imigrado na Àfrica do Sul e lá montou uma empresa de metalo-mecânica (que era a sua profissão de raiz no Tramagal). Prosperou, passou de "vão de escada" a pequena empresa e quando deu por si já empregava 160 trabalhadores ...Teve este filho tarde na sua vida, da mulher que veio buscar à "terra". Quando chegou a hora de estudar a sério - depois de muito mandriar por aquelas "áfricas" - o rapaz preferiu vir fazê-lo para Lisboa em vez de continuar os estudos na terra de adopção. Nem ele saberá responder por que motivo. Se eu me tivesse que pôr a adivinhar diria que foi para sair de casa , já que muitas vezes, nesses anos 70's, as relações entre pais e filhos nem sempre eram as melhores, sobretudo entre um Pai trabalhador e um jovem meio "boémio"...
De todas as formas fomos colegas no ISCTE. Herdou muito do pai (que faleceu ainda ele não tinha concluído o curso). De tudo o que tinham em África se desfez ( ficando muito bem de vida) e aqui, nos arredores de Lisboa, montou uma Empresa com a Mãe, também de metalo-mecânica. Achámos todos estranho como um licenciado em Gestão poderia ter tomado tal decisão, mas assim foi.
Já rico e casado - 20 anos depois - voltei a vê-lo por esses restaurantes da moda, desde o Gambrinus ao Porto de Santa Maria. Sempre nos falámos muito bem, como colegas que éramos. Contou-me ele mais tarde que no início de 1997 ou 98, deslumbrado com as oportunidades que a EXPO 98 traria para o seu ramo, teria dado não um, mas para aí dois ou três "passos maiores do que as pernas". Meteu-se em subempreitadas de grande vulto, os Prime Contractors (promotores imobiliários ) não lhe pagaram. Os bancos começaram a torcer a corda e... teve de abrir falência.
Esta a história que ele contou. Há quem diga que também terá tido algum peso no descalabro um divórcio muito complicado e as "tornas" que teve de pagar à Ex-Mulher.
Em 2005 era vendedor de artes gráficas (as voltas que a vida deu), trabalhava como free lancer para várias firmas do ramo e assim tornei a encontrá-lo, já dentro da minha vida profissional.
Gostava de o convidar para almoçar, não porque tivesse algum gosto retorcido em ouvir contar desgraças, mas porque admirava a forma como aquele homem, que tinha "estourado" duas fortunas - ou quase - continuava de bem com o mundo e com os outros, optimista sempre, e a esperar que o dia de amanhã fosse melhor do que o de ontem..
Pagava as suas contas, andava de Toyota comercial 1.6 diesel, morava num pequeno apartamento , um T1 em Campo de Ourique em prédio que ele fornecera de caixilharias, aceitando o apartamento como pagamento. Não tinha relacionamento com os filhos, que não lhe perdoavam ter passado de rico empresário a "caixeiro viajante". Seria essa a sua maior tristeza.
Ensinou-me muito. Desde logo o facto de que viver bem não significa viver ricamente. Mas também ( e sobretudo) que só nós próprios temos a capacidade de anular o nosso espírito positivo.
O "enquadramento", os "arrredores" (como ele dizia muitas vezes), contribuem para fazer subir ou baixar os "cabedais" de alguém. Mas a felicidade de cada qual está nas suas próprias mãos. E isso ninguém nos tira. Só se deixarmos...
E isto afirmava ele - Cliente do Porto de Santa Maria e dos Barca Velha e Vinha do Fojo (então na moda 10 anos antes) - elogiando a meu lado um soberbo pargo assado no forno, no Polícia, e bebendo do óptimo vinho da casa (naquele tempo era o Herdade das Servas).
Mas sempre sorrindo. Não esperando mais nada da vida senão aquilo que ela presentemente lhe dava.
Desde que saí da Casal Ribeiro, em 2009, nunca mais o vi. Tinha mais 10 anos do que eu.
Se ainda for vivo (o que duvido, pois teria aparecido, nem que fosse para falarmos e almoçarmos) só lhe queria dizer daqui que tenho saudades...
sexta-feira, julho 08, 2011
Para descansar a Vista
Julho a entrar nos seus "idos". Portugueses à beira (ou já a gozar) as suas férias. Mas o País parece que, ao contrário dos outros anos, não ficará adiado até à rentrée. Esperamos para ver.
Aqui no Blog - e depois da ausência de ontem devido a emergência de serviço relacionada com os últimos livros a editar neste ano - também não faremos férias no sentido estrito das mesmas.
Por alguns dias hei-de escapar, mas o ritmo dos lançamentos dos produtos de fim de ano - sobretudo os Livros que estão a ser um bico de obra - não permitirão grandes avarias nem "fugas" prolongadas.
Para ir entretendo o espírito aqui fica Poema de Sol e Mar, embora no tom melancólico e pesaroso de António Botto, o nosso poeta maldito e decadente .
Em saudação aos que já lá estão perto do Mar, ou para lá caminham... Apesar da Troika, do Imposto Extraordinário, e do que por aí ainda virá.
Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia
Eu hontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.
Chorámos, rimos, cantámos.
Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...
Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.
O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!
Deserto de aguas sem fim.
Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?...
Elle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...
Ao longe o Sol na agonia
De rôxo as aguas tingia.
«Voz do mar, mysteriosa;
Voz do amôr e da verdade!
- Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»
E os poetas a cantar
São echos da voz do mar!
António Botto, in 'Canções'
Aqui no Blog - e depois da ausência de ontem devido a emergência de serviço relacionada com os últimos livros a editar neste ano - também não faremos férias no sentido estrito das mesmas.
Por alguns dias hei-de escapar, mas o ritmo dos lançamentos dos produtos de fim de ano - sobretudo os Livros que estão a ser um bico de obra - não permitirão grandes avarias nem "fugas" prolongadas.
Para ir entretendo o espírito aqui fica Poema de Sol e Mar, embora no tom melancólico e pesaroso de António Botto, o nosso poeta maldito e decadente .
Em saudação aos que já lá estão perto do Mar, ou para lá caminham... Apesar da Troika, do Imposto Extraordinário, e do que por aí ainda virá.
Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia
Eu hontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.
Chorámos, rimos, cantámos.
Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...
Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.
O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!
Deserto de aguas sem fim.
Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?...
Elle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...
Ao longe o Sol na agonia
De rôxo as aguas tingia.
«Voz do mar, mysteriosa;
Voz do amôr e da verdade!
- Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»
E os poetas a cantar
São echos da voz do mar!
António Botto, in 'Canções'
Comentário ao Lixo
Um dos nossos Leitores comenta o Post sobre as agências de rating. Como é um pouco longo não reproduzo aqui, mas já sabem onde o podem ler. E vale a pena.
quarta-feira, julho 06, 2011
Lixo. Somos Lixo...
Aparentemente os esforços neo-liberais do actual Governo pouco ou nada comoveram os analistas das famigeradas "Agências de Rating", aquelas jeitosas que no tempo das vacas gordas aconselhavam o investimento em aplicações de risco nos USA , antes da falência do Lehman's e Companhia...
De facto ontem o anúncio de que o rating da dívida soberana lusa tinha descido 4 (Quatro!) níveis foi apenas da Moody's, mas as outras seguirão de perto estas directrizes levando em conta o que se tem passado.
Pôe-nos a pensar se haverá alguma coisa que se faça para convencer esta gente que pagaremos o que devemos... Ou se vale a pena esse esforço.
Os ratings têm objectivos pouco conhecidos num mercado mais ou menos aberto, mas apostaria que fazem parte da grande guerra que se trava hoje entre o Euro e o Dólar. E decerto que estas Agências se posicionam do lado em que lhes cheira ao "conduto"...
Por outro lado Portugal deve ser - desculpem a expressão - uma espécie de borradela de mosca para estes analistas. O que pretendem ao penalizar a dívida portuguesa, dificultando o respectivo acesso a financiamentos futuros, será apenas ferir a Europa do euro. Nós apanhamos por arrasto. Quem mandou ao coelho ser apanhado no meio da refrega entre o leão e o búfalo? Ainda acaba espezinhado...
A filosofia politicamente correcta - pelo menos a apadrinhada pelos comentadores próximos deste Governo - parece ser esta:
-"Governe Passos Coelho com a mira na Troika, na Comissão Europeia e nos outros que têm nesta altura o pão para nos dar. Deixemos os ratings da República em paz. Quando voltarmos a ter necessidade de ir aos mercados a sério pensaremos nisso."
Compreendo as intenções, mas se assim fosse porque jeito ou maneira vamos lá hoje mesmo, outra vez, aos tais mercados geridos pelos ratings, estender a mão para vender uns Títulos do Tesouro?
Deve haver aqui "pormaiores" que me escapam.
Mas também , como dizia o outro: " O que é tu tens a ver com isso? Quem foi eleito que governe e quem é governado que se lixe"...
E foi mais ou menos assim que começou o 28 de Maio de 1926. Se querem detalhes sobre as "causas" podem sempre ler algum livro sobre o tema, convém é irem rápido, antes que mandem fechar as bibliotecas por falta de dinheiro para pagar a água...
Por exemplo :
*António Costa Pinto; Paulo Jorge Fernandes (2010) - " A 1ª República Portuguesa"; Edição CTT
* Matos, Luís Salgado de (2010). Tudo o que sempre quis saber sobre a Primeira República em 37 mil palavras: as instituições políticas portuguesas de 5 de Outubro de 1910 a 28 de Maio de 1926. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.
De facto ontem o anúncio de que o rating da dívida soberana lusa tinha descido 4 (Quatro!) níveis foi apenas da Moody's, mas as outras seguirão de perto estas directrizes levando em conta o que se tem passado.
Pôe-nos a pensar se haverá alguma coisa que se faça para convencer esta gente que pagaremos o que devemos... Ou se vale a pena esse esforço.
Os ratings têm objectivos pouco conhecidos num mercado mais ou menos aberto, mas apostaria que fazem parte da grande guerra que se trava hoje entre o Euro e o Dólar. E decerto que estas Agências se posicionam do lado em que lhes cheira ao "conduto"...
Por outro lado Portugal deve ser - desculpem a expressão - uma espécie de borradela de mosca para estes analistas. O que pretendem ao penalizar a dívida portuguesa, dificultando o respectivo acesso a financiamentos futuros, será apenas ferir a Europa do euro. Nós apanhamos por arrasto. Quem mandou ao coelho ser apanhado no meio da refrega entre o leão e o búfalo? Ainda acaba espezinhado...
A filosofia politicamente correcta - pelo menos a apadrinhada pelos comentadores próximos deste Governo - parece ser esta:
-"Governe Passos Coelho com a mira na Troika, na Comissão Europeia e nos outros que têm nesta altura o pão para nos dar. Deixemos os ratings da República em paz. Quando voltarmos a ter necessidade de ir aos mercados a sério pensaremos nisso."
Compreendo as intenções, mas se assim fosse porque jeito ou maneira vamos lá hoje mesmo, outra vez, aos tais mercados geridos pelos ratings, estender a mão para vender uns Títulos do Tesouro?
Deve haver aqui "pormaiores" que me escapam.
Mas também , como dizia o outro: " O que é tu tens a ver com isso? Quem foi eleito que governe e quem é governado que se lixe"...
E foi mais ou menos assim que começou o 28 de Maio de 1926. Se querem detalhes sobre as "causas" podem sempre ler algum livro sobre o tema, convém é irem rápido, antes que mandem fechar as bibliotecas por falta de dinheiro para pagar a água...
Por exemplo :
*António Costa Pinto; Paulo Jorge Fernandes (2010) - " A 1ª República Portuguesa"; Edição CTT
* Matos, Luís Salgado de (2010). Tudo o que sempre quis saber sobre a Primeira República em 37 mil palavras: as instituições políticas portuguesas de 5 de Outubro de 1910 a 28 de Maio de 1926. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.
terça-feira, julho 05, 2011
A necessidade de "géneros de qualidade" para os Estudos Técnicos?
Vários colegas e leitores desataram a desancar no Blogger sobre a necessidade - aqui expressa ontem no Post sobre os enchidos de Portalegre - dos responsáveis estarem munidos de vitualhas em número e variedade e qualidade suficiente para os "estudos técnicos" relacionados com a emissão de selos ou a edição do Livro que faremos sobre esta matéria (de grande complexidade) que são os "Sabores do Ar e do Fogo" - Presuntos e Enchidos Tradicionais de Portugal.
Deparei-me com o mesmo tipo de incompreensão sempre que, com o meu amigo Álvaro, requisitávamos à despensa caseira algumas garrafitas de vinho (e\ou de destilados), para os óbviamente necessários temperos, quando nos entretínhamos na cozinha, labutando em frente aos fornos para executar o almoçito da malta...
O aprendiz de queima-cebolas tem de estar bem disposto e de cara alegre, sob pena de se chatear, confundir propositadamente a noz moscada com a canela e...lá se vão as fatias douradas quentinhas da Santa para o "galheiro" (já me aconteceu fazê-lo há muito tempo, vingança pueril mas eficaz depois de me terem impedido de ver a bola por causa de uma qualquer telenovela que passava à mesma hora).
Na Cozinha tem de imperar a calma necessária para planear a execução da refeição, sem pressas. Têm que estar as coisas bem arrumadas e em locais conhecidos. Têm que ser muito limitadas as incursões de terceiros estranhos à Arte, que de quando em vez metem os c**** por portas adentro usando as infames expressões:
- "Ainda falta Muito?"
Ou ainda:
-"Quando é que se almoça?"
Ou até, já de forma impertinente:
-" Estou farto de esperar!"
O Mestre (ou aspirante a tal) levará sempre o tempo que for necessário para completar a obra prima. Caso a "coisa" dê para o torto - pode acontecer aos melhores - há sempre razões que se podem aduzir. Eu, pessoalmente , gosto bastante de utilzar esta: a dificuldade em controlar a temperatura do forno (erudita e elegante!).
Tem também de existir sempre um Plano B, exactamente por causa "das moscas"... O meu preferido consiste em passar rapidamente da escolha primária para o Bacalhau. Havendo ( e há sempre) lá em casa um tupperware cheio de lascas de bacalhau , sem peles nem espinhas, previamente demolhado e a quem démos uma "entaladela", é fácil "encalar" (dar uma ligeira cozedura) umas batatas ao momento, metê-las no forno com as lascas de Bacalhau por cima, cobrir com azeite, cebola, alho e pimentão. Ao fim de uma horita está o prato pronto a sair.
Ora exactamente o mesmo se passa com a questão dos materiais necessários aos Estudos Técnicos, para preparar a concepção e o design dos nossos produtos.
Poderão (os mal avisados e ignorantes) afirmar que para desenhar um chouriço tanto faz o " modelo" ser do Montijo como do Entroncamento, de porco branco, preto ou malhado, de porca criadeira ou de varrasco...
Ainda por cima se é para aparecer num objecto com a dimensão do selo quem daria por isso?
Errado Senhores! Existe a questão da integridade artística!
Se o "modelo" não importasse mesmo nada o Leonardo da Vinci (nosso colega) não tinha passado tantos meses à procura das personagens ideais para darem vida à sua "Última Ceia". Nem o Vermeer (outro colega) teria escolhido tão bem a "Rapariga com o brinco de pérola". Nem, por fim, teria o nosso compadre Rembrandt pintado a "Ronda da Noite" utilizando a Milícia dos Mosqueteiros de Amesterdão como "modelos", qualquer Grupo Recreativo noctívago lhe serviria, por exemplo os "Regressados do Plateau na Sexta à Noite", ou até os "Gregórios do Bairro Alto".
Pois assim é Senhores.
Um Presunto de Porco Alentejano pode - a alguma distância - parecer-se com outro Presunto de imitação, mas quando admiramos mais de perto a sua carne rosada e a sua consistência marmórea, quando se atravessa no portão da dentuça, quando se aconchega a fatia ao palato sem a agressividade do sal, quando os odores inebriantes se espalham pelas narinas, só nessa altura louvamos a proveniência.
Os nossos Artistas devem saboreá-lo antes de o desenhar. Só assim se garante que partem para o conceito e design cientes da qualidade e com respeito pelo verdadeiro "modelo".
Isto digo eu, que não desenho nada, mas nunca deixo o controlo da qualidade destas coisas por mãos alheias...
Era o que faltava!
Deparei-me com o mesmo tipo de incompreensão sempre que, com o meu amigo Álvaro, requisitávamos à despensa caseira algumas garrafitas de vinho (e\ou de destilados), para os óbviamente necessários temperos, quando nos entretínhamos na cozinha, labutando em frente aos fornos para executar o almoçito da malta...
O aprendiz de queima-cebolas tem de estar bem disposto e de cara alegre, sob pena de se chatear, confundir propositadamente a noz moscada com a canela e...lá se vão as fatias douradas quentinhas da Santa para o "galheiro" (já me aconteceu fazê-lo há muito tempo, vingança pueril mas eficaz depois de me terem impedido de ver a bola por causa de uma qualquer telenovela que passava à mesma hora).
Na Cozinha tem de imperar a calma necessária para planear a execução da refeição, sem pressas. Têm que estar as coisas bem arrumadas e em locais conhecidos. Têm que ser muito limitadas as incursões de terceiros estranhos à Arte, que de quando em vez metem os c**** por portas adentro usando as infames expressões:
- "Ainda falta Muito?"
Ou ainda:
-"Quando é que se almoça?"
Ou até, já de forma impertinente:
-" Estou farto de esperar!"
O Mestre (ou aspirante a tal) levará sempre o tempo que for necessário para completar a obra prima. Caso a "coisa" dê para o torto - pode acontecer aos melhores - há sempre razões que se podem aduzir. Eu, pessoalmente , gosto bastante de utilzar esta: a dificuldade em controlar a temperatura do forno (erudita e elegante!).
Tem também de existir sempre um Plano B, exactamente por causa "das moscas"... O meu preferido consiste em passar rapidamente da escolha primária para o Bacalhau. Havendo ( e há sempre) lá em casa um tupperware cheio de lascas de bacalhau , sem peles nem espinhas, previamente demolhado e a quem démos uma "entaladela", é fácil "encalar" (dar uma ligeira cozedura) umas batatas ao momento, metê-las no forno com as lascas de Bacalhau por cima, cobrir com azeite, cebola, alho e pimentão. Ao fim de uma horita está o prato pronto a sair.
Ora exactamente o mesmo se passa com a questão dos materiais necessários aos Estudos Técnicos, para preparar a concepção e o design dos nossos produtos.
Poderão (os mal avisados e ignorantes) afirmar que para desenhar um chouriço tanto faz o " modelo" ser do Montijo como do Entroncamento, de porco branco, preto ou malhado, de porca criadeira ou de varrasco...
Ainda por cima se é para aparecer num objecto com a dimensão do selo quem daria por isso?
Errado Senhores! Existe a questão da integridade artística!
Se o "modelo" não importasse mesmo nada o Leonardo da Vinci (nosso colega) não tinha passado tantos meses à procura das personagens ideais para darem vida à sua "Última Ceia". Nem o Vermeer (outro colega) teria escolhido tão bem a "Rapariga com o brinco de pérola". Nem, por fim, teria o nosso compadre Rembrandt pintado a "Ronda da Noite" utilizando a Milícia dos Mosqueteiros de Amesterdão como "modelos", qualquer Grupo Recreativo noctívago lhe serviria, por exemplo os "Regressados do Plateau na Sexta à Noite", ou até os "Gregórios do Bairro Alto".
Pois assim é Senhores.
Um Presunto de Porco Alentejano pode - a alguma distância - parecer-se com outro Presunto de imitação, mas quando admiramos mais de perto a sua carne rosada e a sua consistência marmórea, quando se atravessa no portão da dentuça, quando se aconchega a fatia ao palato sem a agressividade do sal, quando os odores inebriantes se espalham pelas narinas, só nessa altura louvamos a proveniência.
Os nossos Artistas devem saboreá-lo antes de o desenhar. Só assim se garante que partem para o conceito e design cientes da qualidade e com respeito pelo verdadeiro "modelo".
Isto digo eu, que não desenho nada, mas nunca deixo o controlo da qualidade destas coisas por mãos alheias...
Era o que faltava!
segunda-feira, julho 04, 2011
Um Segredo , sempre em Portalegre. Chiu!
Subam-se as escadas que, do Tomba Lobos , dão acesso ao Pingo Doce. Não se entre ali para comprar produto local, sobretudo os enchidos e os queijos famosos da zona. Não vale a pena.
Mas...subam ao 1º andar desse centro comercial, por escada mesmo ao lado da entrada do supermercado. Lá no cimo, quando acaba a escadaria, procurem um estabelecimento com o título "HiperFrutas" (exactamente!).
E depois é só escolher entre os melhores enchidos que o Alentejo tem para oferecer. De porco branco, mas sobretudo de Porco Preto: da casa Biquinha, das afamadas salsicharias Estremocense, Cortes , Moreira e Pimenta. Da zona da Urra (Leitão&Filhos) e ainda de outras.
Tem também pão (excelente) e bolos artesanais. Bons vinhos de Portalegre (tintos sobretudo) compôem a oferta desta "Frutaria"... Fruta daquela não me importaria eu de comer todos os dias...
Aviei-me, está claro! Material para estudos técnicos relativos à nossa próxima aventura filatélica e gastronómica:
Sabores do Ar e do Fogo (enchidos e presuntos tradicionais portugueses). Já em 2012 começam a sair os selos! E não senhor. Antes que perguntem já lhes digo que estes Selos não são, infelizmente, nem com cheiro nem com sabor...
Mas...subam ao 1º andar desse centro comercial, por escada mesmo ao lado da entrada do supermercado. Lá no cimo, quando acaba a escadaria, procurem um estabelecimento com o título "HiperFrutas" (exactamente!).
E depois é só escolher entre os melhores enchidos que o Alentejo tem para oferecer. De porco branco, mas sobretudo de Porco Preto: da casa Biquinha, das afamadas salsicharias Estremocense, Cortes , Moreira e Pimenta. Da zona da Urra (Leitão&Filhos) e ainda de outras.
Com os paios de Porco Preto pelos 23 euros o kg e as choriças a 16 euros. Farinheiras (também de porco preto) a 8 euros.
Tem também pão (excelente) e bolos artesanais. Bons vinhos de Portalegre (tintos sobretudo) compôem a oferta desta "Frutaria"... Fruta daquela não me importaria eu de comer todos os dias...
Aviei-me, está claro! Material para estudos técnicos relativos à nossa próxima aventura filatélica e gastronómica:
Sabores do Ar e do Fogo (enchidos e presuntos tradicionais portugueses). Já em 2012 começam a sair os selos! E não senhor. Antes que perguntem já lhes digo que estes Selos não são, infelizmente, nem com cheiro nem com sabor...
Tomba Lobos?
Portalegre dos vinhos excelentes. Entrada por baixo (não conheço outra) sempre a subir até vermos um parque, também ele subindo, com vias de ambos os lados, e tendo no alto como referência um Pingo Doce. Comandando esse parque, mesmo em frente do dito Super Mercado, em bela situação e moderno aparato - num edifício chamado "Tarro" - encontramos o:
Restaurante TOMBA LOMBOS
Av. das Forças Armadas
7300-085 PORTALEGRE
Telefone - 245 331 214
Deecoração a condizer com o exterior, minimalista e acolhedora. Brancos à vista, aços, balcão forrado a tampas de madeira de caixas de vinhos (grandes vinhos) o que dá um ar acolhedor e casa bem com a modernidade da restante decoração.
Nas casas de banho (impecáveis) basto quadro-preto das antigas escolas com pau de giz para que quem queira deixe um recado...
Na cozinha sempre o chef proprietário, José Júlio Vintém, bom-gigante da cozinha deste País, o qual já nos tinha habituado no anterior local (nos arredores da mesma cidade) a bons materiais, cozinha criativa e respeitadora da tradição alentejana.
Alguns apontamentos da longa lista: Prato misto de enchidos de Portalegre, migas gatas de bacalhau com espargos no forno ,carpaccio de toucinho no forno,tibornas de tomate,perdiz de escabeche ,bacalhau com espargos gratinado no forno,queixada de porco, cabrito prensado, vitela estufada em vinho tinto, rabo de boi.
E para "postres": toucinho do céu, torrão real, fartes, rebuçados de ovo; e outros regionais como a boleima de maçã com gelado de nozes , pudim de queijo, sericaia com ameixa d"Elvas e castanhada . Excelente queijo de Niza (ali tão perto).
Nesse dia comemos: peixinhos da horta como entrada (2,5 euros), estaladiços e reluzentes, com vários vegetais estrelicados. Mais um trio de entradas para acompanhar o belo pão da zona (5 euros). Depois as coisas sérias - Queixadas de porco (totalmente desossadas, 3 bochechas por dose) - a 14,75 euros cada dose, acompanhadas com ervas grossas (esparregado) e batatas previamente cozidas e depois passadas por azeite. Muito boas!
Como sobremesa uma dose generosa de queijo de Niza (belo queijo! A 6 euros) e ainda trazia doce de laranja.
Bebendo uma garrafa de branco (porque assim o exigia a canícula) de Antão Vaz, produzido na Adega do Sr Comendador Nabeiro (razoáveis 15 euros, razoabilíssimos 12,5º), e mais 2 cafés, ficou o almocinho por cerca de 75 eurinhos.
Muito Recomendável! Só é pena que não se pudesse ter entrado numa orgia de experiêcnias carnívoras, de acordo com as sugestões da magnífica carta...Mas Lisboa já acenava para os transeuntes, e a estrada até casa não era isenta de perigos para quem se alambazasse mais por secos ou...molhados. Ficará para uma próxima vez, mas com dormida aprazada ali ao pé.
Restaurante TOMBA LOMBOS
Av. das Forças Armadas
7300-085 PORTALEGRE
Telefone - 245 331 214
Deecoração a condizer com o exterior, minimalista e acolhedora. Brancos à vista, aços, balcão forrado a tampas de madeira de caixas de vinhos (grandes vinhos) o que dá um ar acolhedor e casa bem com a modernidade da restante decoração.
Nas casas de banho (impecáveis) basto quadro-preto das antigas escolas com pau de giz para que quem queira deixe um recado...
Na cozinha sempre o chef proprietário, José Júlio Vintém, bom-gigante da cozinha deste País, o qual já nos tinha habituado no anterior local (nos arredores da mesma cidade) a bons materiais, cozinha criativa e respeitadora da tradição alentejana.
Alguns apontamentos da longa lista: Prato misto de enchidos de Portalegre, migas gatas de bacalhau com espargos no forno ,carpaccio de toucinho no forno,tibornas de tomate,perdiz de escabeche ,bacalhau com espargos gratinado no forno,queixada de porco, cabrito prensado, vitela estufada em vinho tinto, rabo de boi.
E para "postres": toucinho do céu, torrão real, fartes, rebuçados de ovo; e outros regionais como a boleima de maçã com gelado de nozes , pudim de queijo, sericaia com ameixa d"Elvas e castanhada . Excelente queijo de Niza (ali tão perto).
Nesse dia comemos: peixinhos da horta como entrada (2,5 euros), estaladiços e reluzentes, com vários vegetais estrelicados. Mais um trio de entradas para acompanhar o belo pão da zona (5 euros). Depois as coisas sérias - Queixadas de porco (totalmente desossadas, 3 bochechas por dose) - a 14,75 euros cada dose, acompanhadas com ervas grossas (esparregado) e batatas previamente cozidas e depois passadas por azeite. Muito boas!
Como sobremesa uma dose generosa de queijo de Niza (belo queijo! A 6 euros) e ainda trazia doce de laranja.
Bebendo uma garrafa de branco (porque assim o exigia a canícula) de Antão Vaz, produzido na Adega do Sr Comendador Nabeiro (razoáveis 15 euros, razoabilíssimos 12,5º), e mais 2 cafés, ficou o almocinho por cerca de 75 eurinhos.
Muito Recomendável! Só é pena que não se pudesse ter entrado numa orgia de experiêcnias carnívoras, de acordo com as sugestões da magnífica carta...Mas Lisboa já acenava para os transeuntes, e a estrada até casa não era isenta de perigos para quem se alambazasse mais por secos ou...molhados. Ficará para uma próxima vez, mas com dormida aprazada ali ao pé.
Areia e banhos de mar ainda são baratos?
Uma Leitora comenta:
De facto areia branca e banhos de mar ainda não pagam imposto, nem o ar que respiramos, nem a bela paisagem. Falta saber se a faixa mais pobre ainda consegue apreciar essas belezas continuando a apertar o cinto já sem furos.
Comentário ao Comentário: para quem viver à beira-mar ainda vá que não vá. Agora quem tem que se deslocar...
De facto areia branca e banhos de mar ainda não pagam imposto, nem o ar que respiramos, nem a bela paisagem. Falta saber se a faixa mais pobre ainda consegue apreciar essas belezas continuando a apertar o cinto já sem furos.
Comentário ao Comentário: para quem viver à beira-mar ainda vá que não vá. Agora quem tem que se deslocar...
sexta-feira, julho 01, 2011
Para descansar a Vista (enquanto pôes gelo nos C*****)
Toma lá que é Democrata!! Primeira cachaporrada da nova gerência da Pátria Tasca. Outras hão-vir e vamo-nos habituando. De todas as formas Amigos Leitores não há como responder às investidas deste Governo de acordo com a antiga sabedoria dos campinos do Ribatejo:
" Há toiros que se pegam de caras e outros que só lá vão de cernelha".
Dá-me a ideia que este "Toiro" só lá vai de cernelha. E a custo. E com muita vaca cabresta a fazer a parte...
Faltou-lhe a sorte de varas. Acho eu. Mas ainda vai (vamos) a tempo.
(cala-te que o "canadense" ainda te manda prender, o que vale é que lá para a terra dele os bois são alces...)
Vamos mesmo assim espevitar para a vida de todos os dias. Cara alegre e pensamento altivo. Banhos de mar ainda não pagam imposto. Areia branca das nossas praias por enquanto é gratuita. O caracol (marroquino) está a preço maneirinho. E até o Chavez parece que apesar de ter sido dado como morto ainda mexe lá em Cuba. Tudo boas notícias (a do Chavez não sei bem, tenho que pensar outra vez...)
Para levantar o astral sai poema que bem reflecte a actual alma lusa, antes que Portugal se venha a tansformar em estância balnear para turistas endinheirados. Já faltou mais.
De Jorge de Sena a "Ode para o Futuro":
Falareis de nós como de um sonho.
Crepúsculo dourado. Frases calmas.
Gestos vagarosos. Música suave.
Pensamento arguto. Subtis sorrisos.
Paisagens deslizando na distância.
Éramos livres. Falávamos, sabíamos,
e amávamos serena e docemente.
Uma angústia delida, melancólica,
sobre ela sonhareis.
E as tempestades, as desordens, gritos,
violência, escárnio, confusão odienta,
primaveras morrendo ignoradas
nas encostas vizinhas, as prisões,
as mortes, o amor vendido,
as lágrimas e as lutas,
o desespero da vida que nos roubam
- apenas uma angústia melancólica,
sobre a qual sonhareis a idade de oiro.
E, em segredo, saudosos, enlevados,
falareis de nós - de nós! - como de um sonho.
Jorge de Sena, in 'Pedra Filosofal'
" Há toiros que se pegam de caras e outros que só lá vão de cernelha".
Dá-me a ideia que este "Toiro" só lá vai de cernelha. E a custo. E com muita vaca cabresta a fazer a parte...
Faltou-lhe a sorte de varas. Acho eu. Mas ainda vai (vamos) a tempo.
(cala-te que o "canadense" ainda te manda prender, o que vale é que lá para a terra dele os bois são alces...)
Vamos mesmo assim espevitar para a vida de todos os dias. Cara alegre e pensamento altivo. Banhos de mar ainda não pagam imposto. Areia branca das nossas praias por enquanto é gratuita. O caracol (marroquino) está a preço maneirinho. E até o Chavez parece que apesar de ter sido dado como morto ainda mexe lá em Cuba. Tudo boas notícias (a do Chavez não sei bem, tenho que pensar outra vez...)
Para levantar o astral sai poema que bem reflecte a actual alma lusa, antes que Portugal se venha a tansformar em estância balnear para turistas endinheirados. Já faltou mais.
De Jorge de Sena a "Ode para o Futuro":
Falareis de nós como de um sonho.
Crepúsculo dourado. Frases calmas.
Gestos vagarosos. Música suave.
Pensamento arguto. Subtis sorrisos.
Paisagens deslizando na distância.
Éramos livres. Falávamos, sabíamos,
e amávamos serena e docemente.
Uma angústia delida, melancólica,
sobre ela sonhareis.
E as tempestades, as desordens, gritos,
violência, escárnio, confusão odienta,
primaveras morrendo ignoradas
nas encostas vizinhas, as prisões,
as mortes, o amor vendido,
as lágrimas e as lutas,
o desespero da vida que nos roubam
- apenas uma angústia melancólica,
sobre a qual sonhareis a idade de oiro.
E, em segredo, saudosos, enlevados,
falareis de nós - de nós! - como de um sonho.
Jorge de Sena, in 'Pedra Filosofal'
E fazer umas Serigrafias com base em selos?
O nosso leitor Francisco Martins comenta:
Obrigado, já enviei o mail para o endereço que forneceu. Em relação às serigrafias, podem fazer edições de 200 e escolher 1 obra por ano (como fazem com os selos corporativos). Reservam 100 serigrafias para os coleccionadores de selos (colocam disponiveis em plano, com pagamento faseado por mês) e arranjam 5 entidades que patrocinem e adquiram 20 serigrafias por ano. Eu posso ser uma dessas entidades e as 20 serigrafias que adquirir, coloco à venda no meu site de Arte múltipla - www.ArtePortuguesa.com Cumprimentos Francisco Martins
Comentário ao Comentário: Vamos analisar com certeza. Há que encontrar um tema adequado. Lembro-me dos 250 Anos da Torre dos Clérigos, mas só se comemoram em 2013. De todas as formas dá para irmos pensando.
Obrigado, já enviei o mail para o endereço que forneceu. Em relação às serigrafias, podem fazer edições de 200 e escolher 1 obra por ano (como fazem com os selos corporativos). Reservam 100 serigrafias para os coleccionadores de selos (colocam disponiveis em plano, com pagamento faseado por mês) e arranjam 5 entidades que patrocinem e adquiram 20 serigrafias por ano. Eu posso ser uma dessas entidades e as 20 serigrafias que adquirir, coloco à venda no meu site de Arte múltipla - www.ArtePortuguesa.com Cumprimentos Francisco Martins
Comentário ao Comentário: Vamos analisar com certeza. Há que encontrar um tema adequado. Lembro-me dos 250 Anos da Torre dos Clérigos, mas só se comemoram em 2013. De todas as formas dá para irmos pensando.
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