É inevitável que esteja hoje um pouco farto de tanta "carimbadela" e de tanto "salamaleque" aos notáveis que se apresentam nestas cerimónias dos "Centenários".
Malvados Pais da República que podiam ter espalhado o "problema" mais uniformemente ao longo do ano de 1911. Mas não, os "camelos" tinham que fundar as Instituições hoje centenárias quase todas no mês de Maio! Pôrra Compadres!
Até tive que me desculpar para o PR: " O Senhor desculpe mas pareço uma praga da batata, estou em todo o lado nestas semanas... "
Ora bem, para aliviar a tensão um poema de remanso e descanso, a cheirar já a férias e a largas tardes de mordomia, a ouvir as ondas do mar a rebentar enquanto que o solzinho nos acaricia as faces. Cheiro e sabor de maresia inundam os nossos sentidos, e só a omnipresente areia fina e branca pode quebrar a placidez memorável dessa tarde que aqui invento.
Viver na Beira-Mar
Nunca o mar foi tão ávido
quanto a minha boca. Era eu
quem o bebia. Quando o mar
no horizonte desaparecia e a areia férvida
não tinha fim sob as passadas,
e o caos se harmonizava enfim
com a ordem, eu
havia convulsamente
e tão serena bebido o mar.
Fiama Hasse Pais Brandão, in "Três Rostos - Ecos"
Uma após uma...
Uma após uma as ondas apressadas
Enrolam o seu verde movimento
E chiam a alva espuma
No moreno das praias.
Uma após uma as nuvens vagarosas
Rasgam o seu redondo movimento
E o sol aquece o espaço
Do ar entre as nuvens escassas.
Indiferente a mim e eu a ela,
A natureza deste dia calmo
Furta pouco ao meu senso
De se esvair o tempo.
Só uma vaga pena inconsequente
Pára um momento à porta da minha alma
E após fitar-me um pouco
Passa, a sorrir de nada.
Ricardo Reis, in "Odes"
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