terça-feira, janeiro 11, 2011

O Princípio do Fim : como um "politólogo" reformado vê a conjuntura

Nos meus tempos de Analista e Prof de Sondagens e Estudos de Mercado , estaria agora a preparar o design dos estudos que levariam ao conhecimento do vencedor das Presidenciais com bastante precisão.

Independentemente de  "toda a gente saber" (com a sabedoria dos cafés, diga-se embora que fortificada pelos resultados de todas as sondagens até hoje publicadas) que será o candidato Cavaco Silva a ganhar as Eleições, peço licença para construir aqui um cenário um pouco mais complicado onde Manuel Alegre poderia ter uma hipótese.

Cavaco Silva e a sua campanha estão  preparados para ganhar à primeira volta. Tudo indica que assim acontecerá.

MAS se não acontecer, o melhor colocado candidato da esquerda - presumivelmente Manuel Alegre - disputará a segunda volta com o actual Presidente. E, nesse caso, adeus sondagens que até hoje foram feitas... É baralhar e dar de novo em termos de previsões.

O fenómeno da Esquerda Unida a defrontar a Direita , também ela única e indivisível, já se passou em Portugal e sempre com a vitória da Esquerda.  Bem sei que o mundo não é o mesmo e que a  conjuntura favorece a reacção  contra o actual Governo Socialista. Mas (de novo um "MAS") se o eleitorado estiver seguro (e por mais que uma razão) que José Sócrates não mais presidirá aos destinos do PS, é possível e cientificamente provável que o vencedor das Eleições à segunda volta seja Manuel Alegre...

São "MAS" demais, dirão os leitores: Cavaco não ganhar à primeira; José Sócrates apagar-se do mapa do Poder; a união da Esquerda ganhar à união da  Direita. E tudo isto com a CRISE em pano de fundo.

Concordo que são, de facto, "MAS" a mais.  Não é crível que o Primeiro Ministro saia pelo seu pé. E só sairá forçado em circunstâncias especiais. E estas só se dariam presumivelmente com Cavaco Silva a Presidente e com o FMI a entrar no País. E sabemos todos já que só poderão haver Eleições legislativas depois da tomada de posse do novo Presidente, lá para os meados de Março...

O tempo é demasiado curto para Manuel Alegre. É pena.

Um comentário:

JCalado disse...

Os meus cumprimentos pela magnífica análise, que me levou a recordar o título de um dos livros do saudoso Manuel Vásquez Montalbán: "Histórias de política ficción", editado em 1987 e reeditado posteriormente pela Planeta, com uma série de histórias protagonizadas por essa inesquecível personagem que é o "colega" Pepe Carvalho, o detective privado com escritório nas Ramblas, ex-agente da CIA, gastrónomo, que acende a lareira com os livros da sua biblioteca, que namora com uma prostituta... enfim, uma personagem "bigger than life". Recordo-me bem do título deste livro, que li já há muitos anos. Infelizmente, não me lembro bem do conteúdo das histórias. Há anos, as edições Asa anunciaram que iam editar toda a série Carvalho em português. Editaram meia dúzia de livros, depois o grupo Leya comprou a Asa, os livros editados esgotaram e não houve mais Carvalho, nem Manuel Vásquez Montalbám para ninguém. Talvez seja um autor incómodo para um grande grupo livreiro...