De Jorge de Sena, o mal-amado emigrado das letras portuguesas, aqui deixo um Poema de esperança, de saudade , mas também de crença no livre arbítrio e de negação da "fatalidade" moura e acabrunhante.
Bem precisamos destes sinais.
Deixai que a vida sobre vós repouse
Deixai que a vida sobre vós repouse
qual como só de vós é consentida
enquanto em vós o que não sois não ouse
erguê-la ao nada a que regressa a vida.
Que única seja, e uma vez mais aquela
que nunca veio e nunca foi perdida.
Deixai-a ser a que se não revela
senão no ardor de não supor iguais
seus olhos de pensá-la outra mais bela.
Deixai-a ser a que não volta mais,
a ansiosa, inadiável, insegura,
a que se esquece dos sinais fatais,
a que é do tempo a ideada formosura,
a que se encontra se se não procura.
Jorge de Sena, in 'As Evidências'
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