O indígena luso - de fim de semana ou em férias mas sem trabuco para laurear, nem sequer dourar, as "pevides" - deve armar-se de engenho e arte de forma a entreter-se e a entreter os seus familiiares.
Por estranho que pareça, levantar cedo é importante. Em primeiro lugar evita-se aquela sensação desagradável dos lençóis molhados dos suores da véspera, e depois existe a reconfortante sensação que quanto mais cedo nos levantarmos menos provável será dar de caras com alguém de difícil trato matinal, seja para alguns a "chérie" que se deita na mesma cama, seja, no meu caso, a Sargenta de Artilharia da casa ao lado, também ela uma notável madrugadora...
Uma vez fora de casa não esquecer o café da manhã. E o Jornal - para os que têm rendimentos relativamente elevados. Para os outros sugiro que se entretenham a ler os anúncios nas laterais dos autocarros. De seguida existem duas opções.
a) Ir à até às Docas confortar os tristes que ainda por lá se encontram a curar a "bezana" da noite passada. Aproveitar para, sem alarido, rebuscar-lhes os bolsos a ver se sobrou alguma coisita...E aqui há que ter algum cuidado para evitar o vómito nas sandálias.
b) Tomar o caminho do Hiper. Sempre tem ar condicionado. E depois podemos dar ali umas voltas a fingir que se comparam preços, acabando por sair com uma caixa de pastilhas elásticas e dois Ice Teas de Lima. Notar, já agora, a quantidade de "mânfios" que - a essa hora matinal - se atravessam nas caixas com os blusões um bocado inchados....
Por volta das 11.00H está na altura de rumar à Praia. O Tamariz é, actualmente, um Must! Aqui - no velhinho comboio da linha de Cascais - começa a desenhar-se um Sábado ou Domingo competitivo. Muito Desporto, como verão, (no Verão). A primeira modalidade a que podemos assistir chama-se "fuga ao pica". Consiste em evitar a revisão do inexistente bilhete através de saídas e entradas intempestivas pelas portas, apeadeiro a apeadeiro, corridas curtas e alguns saltos à peixe.
Na Praia, onde temos o Comboio à porta, há sempre a possibilidade de ver um bom filme de acção sem ter de ir ao cinema. Hipótese até de entrar nesse filme como figurante! Basta termos sorte e agendarmos a nossa estadia com a dos "manos" da Rinchoa.
Para além da inevitável natação, existem ainda vários tipos de desporto a praticar nessa mítica praia da linha:
a) Fuga aos meliantes armados (corrida de obstáculos).
b) Luta greco-romana (se fores apanhado)
c) Em alternativa "full contact" (aqui o contacto será mais o do "chino" nas tuas costelas)
Para os amantes de actividades mais descansativas temos, não o Bird Watching, mas sim o seu substituto "Police Watching" que se poderá traduzir em bom português por "Mas onde é que pára a Bófia?"
Para este Desporto convém irmos munidos de binóculos. As criaturas a observar normalmente não se aproximam muito da "acção" e, se avistadas, piram-se em moto-quatro enquanto que o diabo esfrega o olho...
O manso indígena luso tem ainda ao seu dispor mais espectáculos de teatro, autênticas "performances" de rua (ou de muralha). Por exemplo, a sempre apreciada rábula do "come e foge sem pagar". O impetrante vadio e meliante se lhe começa a dar a fomezeca nem sonha em ir roubar a barraca da "OLÁ". Isso é para "lelos" sem categoria nenhuma!
É muito mais civilizado sentarem-se à mesa de um dos restaurantes de praia, obviamente que nas mesas mais afastadas do balcão. O ladrãozeco amador espera até que lhe sirvam o café para pedir a conta e sair nessa altura sem pagar. O vigarista profissional, pelo contrário, depois de bem comido, pede um café e uma aguardente e é nessa altura exacta que baza, tal e qual o Usain Bolt nos 200 metros das Olimpiadas.
Já pela tardinha, regressados a casa, extenuados das emoções e do desporto que fizémos ou vimos fazer, nada melhor do que nos recostarmos no sofá e ver um bom documentário do National Geographic sobre a selva. Sempre recordamos o que se passou no nosso dia de férias....
Nenhum comentário:
Postar um comentário