quinta-feira, julho 15, 2010

O Estado da Nação

É hoje o famoso debate na AR sobre o "Estado da Nação!. Retirado\copiado  do muito mais antigo e paradigmático discurso presidencial norte-americano "State of the Union", este nosso Estado da Nação à portuguesa,  não tendo a importância política da sua matriz é, mesmo assim, digno de se analisar depois de ver e ouvir.

Dizem os entendidos que o "State of the Union" foi ele também retirado da velha Inglaterra monárquica parlamentar, decalcado do "Discurso do Trono" que qualquer monarca era suposto fazer no dia da abertura do Parlamento.

Em boa hora existe o canal AR! Porque nos vai permitir , em primeira mão e sem esquecer as eventuais e muito esperadas gaffes, ter uma ideia não censurada sobre este "momento" importante da nosssa vida actual. O meu Senhorio, por dever de ofício, estará atento à "caixa" e gravará. Quando eu chegar a casa vejo apenas os momentos mais interessantes.

Podemos antecipar que logo à tarde vão estar em confronto duas linhas de opinião.

a) A oficial governamental, segundo a qual: estamos mal, sim senhor, mas já estivémos pior e isto está a ir para a frente e já se vêem sinais da recuperação e a culpa foi toda da crise importada e as medidas de austeridade é que foram boas e aplicadas a tempo e horas e até a UE o diz, e calem-se os arautos da desgraça sff e etc...etc...

b) Depois vem a Oposição (praticamente em bloco), dizer-nos:  mas que ganda crise que ainda está por aí! E só os Senhores não vêem e o Desemprego pode ter baixado um niquinho mas é porque estamos no Verão e esperem pelo Outono que já o verão outra vez a subir e cuidado com os ratings que estão sempre a piorar e olha a Banca que está de rastos e com falta de pilim e o Povo já não respira de tão apertado que traz o cinto e etc...etc...

Como em tudo na vida haverá que retirar - de um e do outro lado - as sentenças verdadeiras e descontar os exageros mediáticos tipo  Sound Bites para conquistar as parangonas.

Numa apreciação meramente pessoal e sem laivos alguns de "cientificidade" sempre direi que se alguém quiser viajar para Nova Iorque num daqueles programas organizados, não consegue. Está tudo esgotado em Julho e Agosto... Muitos restaurantes de Luxo (e alguns dos que são assim-assim) só trabalham com reservas. Por exemplo, no Porto, o DOP de Rui Paula, está sempre cheio e não será "barato"...Em Lisboa vejo sempre muito bem afreguesados o Solar dos Presuntos, a Tia Matilde ( e estes são bem grandes) o Pedro da Horta, o Galito e o Poleiro (estes mais pequenos). Também o Jockey e a Tertúlia do Paço não se podem queixar... No local de petiscos do Miguel, De Castro Elias, na Elias Garcia, só se entra com reserva feita alguns dias antes.

Faço aqui um reparo: todos os restaurantes que citei são bons. Muito bons mesmo. Não tenho pena nenhuma de ver maus restaurantes sem gente, mas custar-me-ia  bastante ver alguns também de muita qualidade a passarem por dificuldades.

Por outro lado bem vejo nas minhas deambulações matinais de fim-de-semana muita gente a ir ao mais barato das prateleiras, a comparar muito os preços, a comprar água engarrafada de marca branca (mesmo assim  não se limitam à da torneira)  e a ter de deixar algumas vezes coisas na caixa, porque fizeram mal as contas ao dinheiro disponível (sobretudo os nossos velhotes . E quanto me custa ver isso...)

Será que existem dois Países? Um Portugal da desbunda e da irresponsabilidade, tipo nobreza italiana medieval na altura da Peste Negra, que dava as mais faustosas festas e tremendos bacanais tendo a morte mesmo ao seu lado?

Entre parêntesis  a chamada para o enorme filme de Bergman "O Sétimo Selo" com o impecável Max Von Sidow.

E um outro Portugal "das barracas", da miséria e da degradação  social, onde o Desemprego traz já consigo o espectro  da indigência  e da criminalidade , antecipando os levantamentos populares suburbanos à moda de um Brasil das favelas ou de uma França do "banlieu"?

Motivos para reflectir.

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