quinta-feira, julho 22, 2010

O Vinhão

Casta do Norte Carago. Mesmo lá de cima, encostada à Galicia. Tinta negresca, de sujar os copos de vidro, na senda daqueles vinhos tintos que Eça recordava na "Cidade e as Serras" ao diletante Jacinto, mais habituado aos Borgonhas e Bordéus da moda,  na sua Paris.

Para que serve? Acho que  - apesar do muito mal que se diz dela, sobretudo os nossos entendidos críticos de vinho - ainda serve para fazer vinho, o qual se bebe...Verde Tinto claro.

Outras possíveis aplicações , como alternativa para decapar tinta e substituta de aguarraz, não são mais do que aleivosias dos tais entendidos que, não sei bem porquê, abominam esta casta e o Vinho (vinhão) que se faz com ela...

Tenho de confessar - embora isso me vá custar alguns pontos na tabela da apreciação dos "árbitros das elegâncias"  eno-gastronómico-palatais -  que gosto deste Vinhão, sobretudo no Verão, refrescado a uns 9 graus e acompanhando as famigeradas sardinhas de que aqui tenho falado. Mas também é boa, belíssima companhia,  para o Bacalhau, para a Lampreia (en su tiempo), para os Rojões à Minhota, ou até para uns troços de presunto minhoto, feito em casa e comido na adega do dono...

Sobretudo e isto é IMPORTANTE, substitui com grandessíssima eficácia a Sangria que alguns associam (mal) ao acompanhamento de  comidas no Verão! Sangria, já aqui o dissémos, é um óptimo aperitivo para o final da tarde!

A Comissão de Viticultura dos Vinhos  Verdes define a casta:

VINHÃO: Casta tinta de qualidade, recomendada em toda a Região Demarcada; como única casta regional tintureira é a mais expandida na Região; produtiva; dá origem a vinhos de cor vermelha granada, vinosos, encorpados, harmoniosos e saborosos. Sinonímia: ou «Tinto (a)», «Tinto (a) Nacional», ou «Tinto Antigo»; é conhecida por «Negrão» ou «Negrão Pé de Perdiz», ou ainda «Espadeiro Preto» no concelho de Monção; por «Tinto da Parada» ou «Pinta Fêmea» em Melgaço; por «Espadeiro da Tinta» em Valença e por «Espadeiro Basto» nos Arcos de Valdevez; é o «Sousão» da Região do Douro e provavelmente a «Tinta Fêmea» da Província Espanhola da Gaiiza.

Uma qualidade importante nos dias que correm é  o preço. Dificilmente , mesmo aqui em Lisboa, a compram por mais de 5 euros cada garrafa!

Depois o grau alcoól, entre os 10º e os 12º , perfeitamente civilizado,  o que permite a uma criatura beber meia garrafita sem grandes perigos.

Finalmente, por se tratar dos poucos Tintos que se podem ( e devem) beber refrigerados. Grande vantagem para gente - como eu - que em chegando a canícula pôe normalmente de lado as garrafas mais escuras e se dedica aos Brancos, Rosés  (Espadeiro, excelente também!)  e Espumantes.

Não gosto muito de citar marcas em vinho tão comum, a Norte está claro , mas estas duas  cujas fotografias apresento são boas:  Casal de Vinhó e Quinta de Linhares. Também bons são: Quinta de Carapeços, Terras de Paiva;

Reparem que a CVVV cita 1850 marcas de verdes!! E quase todas têm Vinhão  "na carta".

Uma Nota Especial para o Afrós Vinhão, uma das marcas de Verde Tinto que,  dizem alguns,  é capaz de ombrear com os tintos mais  sulistas em termos de qualidade intrínseca.

Aqui vai o site:

http://www.afros-wine.com/pt/meio.php

Uma boa  surpresa: não sei se foi por estar com sede nesse dia (não, não estou sempre com sede senhores! isso são boatos maldosos que espalham por aí!), ou  se foi por o ter provado lá no seu "solar" do  Marco, mas o Tinto Vinhas D'Ariz soube-me que nem ginjas no Verão passado. . Das boas e carnudas!

Aqui fica o contacto sem outra finalidade que não seja partilhar o bom e o melhor:

Vinhas D'Ariz
RUA 5 DE OUTUBRO, 10
TUIAS
4630-230 MARCO DE CANAVEZES
 Telefone: 255538005
Fax: 255538004
E-Mail: mmc@mcoutinho.pt

Mas sff não encomendem! Vão lá e provem!

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