Começo com chapelada e um abraço a meu mestre Vasco Pulido Valente, pelos 71 aninhos de vida que anteontem cumpriu (bem conservados no melhor dos whiskys possíveis) mas também pela crónica de hoje na última página do "Público".
Por muito mal que agora a "malta lusa" se encontre, no dia em que ele nasceu - 21 de Novembro de 1941 - as tropas de Hitler estavam apenas a 60 Km de Moscovo...O Mundo tal como o conhecíamos esteve prestes a acabar, sendo substituído por uma aberração blasfema baseada na primazia da "raça ariana", fosse isso o que fosse.
E pior do que isso não deve haver nada que a mim me lembre. Apesar da Gasparada e da Troikada que nos vão afligindo.
Para celebrar a Liberdade de Brancos, Pretos, Bronzeados e Pães de Leite aqui fica poema a condizer.
Uma saborosíssima "iconoclastia" de Fernando Pessoa , em redor do louvor à preguiça . À Liberdade de nada fazer .
Liberdade
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa (Cancioneiro)
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