Na Imprensa de hoje lê-se que:
"A Igreja de Angola manifesta a sua preocupação com a crescente expansão da feitiçaria no país, e reafirma a tomada de posições firmes em relação a essa matéria!".
Em Angola? País das "novas oportunidades" (salvo seja e va de retro oh Sócrates!!) ? País do novo Eldorado? O reino do pitrol na terra?
Ainda se fosse em Portugal já se compreendia... Com a falta de gasóleo no carro, de pão na mesa, de livro para a escola, de aspirina para a dor de cabeça... Qual o chefe de família que, em podendo, não gostaria de rogar umas valentes pragas a quem de direito? Até a mim , que ainda não estou nessa situação, vêm-me à memória alguns nomes candidatos...
Agora em Angola acho estranho. Das duas uma:
a) Ou esta feitiçaria a que se faz referência tem a ver com a inescapável invejazinha que ataca todas as sociedades prósperas, do tipo: "Ai o sacana já tem o Aston Martin novo e a mim lá do Stand ainda não me deram a data da entrega?!! Espera aí que te há-de dar uma caganeira das antigas para ver se estreias os estofos Connolly à maneira!"
b) Ou então trata-se da mais velha feitiçaria do mundo, a dos amores contrariados... "Andas com a Zefa e não me ligas nenhuma? Vou-te já preparar um despacho de crocodilo que nunca mais te endireitas com ela! Nem o Viagra te salva!"
Não há fúria no Inferno comparável à de uma mulher desdenhada...Mesmo assim, um gajo não se endireitar é chato... Digo eu.
Na verdade o que será um Bruxo ou uma Bruxa? Tirando de lado as aplicações dos termos que terão a ver com a aparência das criaturas?
Bruxo, feiticeiro, necromante, mágico, têm vindo a ter conotações mais negativas ou positivas consoante os tempos que atravessa o comentador.
Hoje em dia , e depois do Senhor dos Anéis e do Harry Potter, Feiticeiro parece um epíteto melhorzinho do que já fora lá mais para a Idade Média... E , na prática, o que seriam a Mary Poppins ou a amável dona de casa do "Casei com uma feiticeira" a não ser amáveis bruxinhas?
Maus, mesmo ruins, daqueles de fugir a correr, teriam sido os Necromantes. Essa malta ou já está morta ou tem a mania de trabalhar com os mortos, para os escravizar à Zombie, ou para aproveitar as partes em mistelas que têm objetivos inconfessáveis.
De todas as formas os filmes Twilight e as variadíssimas séries de Vampiros na TV estão por aí para provar que até um Necromante pode apaixonar-se e ter uma vida (mais ou menos) normal num qualquer subúrbio de Nova Iorque, Londres ou Lisboa.
A modernidade agarrou nos mitos, mutilou-os e transvestiu-os. Temos hoje vampiros delicodoces, bruxas porreirinhas, feiticeiros a trabalharem nas teses de doutoramento, almas do inferno que andam de Harley e esgrimem correntes contra os criminosos...
Onde se encontrarão os vilões mal-encarados e arrepiantes das histórias antigas?
Os maus mesmo maus, piores que os carapaus?
De certeza não sei bem, mas se estiverem à procura - fora da literatura "séria" onde os há bué - tentem os jornais do dia, nas páginas da Política...
Nota 1: "Heaven has no rage like love to hatred turned / Nor hell a fury like a woman scorned." Citadíssima frase de "The Mourning Bride" (1697) do escritor William Congreve e muitas vezes erradamente atribuída ao bardo Shakespeare.
Nota 2 - Pequena lista daqueles que considero os 10 melhores livros de terror de entre os que li (li muito, mas não li tudo!!) , onde ainda existem personagens fo**** , digo, lixadas de más:
IT (Stephen King)
Ghost Story (Peter Straub)
The Dunwich Horror and Other Stories (Lovecraft)
The Terror (Dan Simmons)
Lisey's Story (Stephen King)
Horns (Joe Hill)
A Dark Matter (Peter Straub)
Something Wicked this Way Comes (Ray Bradbury)
Salem's Lot (Stephen King)
At the Mountains of Madness (Lovecraft)
Tudo em "amaricano" ? Que querem? Estou colonizado literáriamente nesta "praia" do terror...
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