A "coabitação" (por falta de melhor termo a esta hora a que escrevo) na casa do senhorio entre o dito cujo, a "santa" obrigada pelas circunstâncias e este vosso escriba, já foi mais fácil.
A Senhora avó e mãe, cansada de estar sem fazer nada a não ser "ver a Júlia" ou lá quem seja na TV e receber as amigas (de tarde), começa a ansiar pela sua liberdadezinha de "bater chinelo" - o que sempre fez com muito gosto - daqui para acolá: do padeiro para a lavandaria, desta para a costureira, da costureira para a casa da irmã, da casa da irmã para a do sobrinho , de casa do sobrinho para a mercearia fina do Chico, dali para a Bouticarnes (o que chamam agora ao talho), rematando tudo com largas visitas à Igreja e ao Patronato, depois de passar pelo Sr. Artur dos jornais e revistas.
Nesta roda de "contatos" se tecia a rede que a fazia feliz e que muito simplesmente consistia em ser das primeiras a saber as últimas novidades: quem se vai separar de quem, o namoro que começou ou que acabou, o filho que sai de casa dos pais, o filho que entra na casa dos pais, o acidente, o emprego de fulano ou o desemprego de sicrano, etc, etc...
Como isto lhe falta e não me compete nem a mim nem ao senhorio alimentar esta ânsia de "notícias", temos que levar com as más disposições e os impropérios de quando em vez.
Bem, não é sempre! É só desde que chego a casa até que saio. Para estar livre do azedume e das aleivosices verbais o importante é não estar em casa!
Ontem, por exemplo, reparou em mim e disse-me:
-"Com a gordura até parece que encolheste homem! Estás cada vez mais baixo!"
A mim irritam-me referências à minha altura. Não sei bem porquê ou se devemos procurar causas profundas e à moda de Freud nessa questão. Mas irritam-me!
-"Eu tenho 1,79m agora e desde os 18 anos de idade Mãe!"
-"1,79m? Pois não pareces! E quantos quilinhos?"
Não sei se já referi que também me irritam referências àquilo que peso? Irritam-me mesmo!
-" Não tem nada a ver com isso!"
-"Deves ir nos 150kg! Ou mais!"
-" Que exagero Mãe!"
-" Pareces um quadrado! Tens mais de lado do que de altura!"
E daí para a frente ficou a falar sozinha, porque me lembrei de repente que tinha de fazer na Garret...
Quando cheguei logo disse:
-"Foste à Garret e não me trouxeste nada?"
-"A esta hora já estavam os bolos frios. Mas tem aqui broas castelares"
-"Disso não gosto!"
-"Mais sobra!"
Se tivesse trazido o habitual queque de maçã frio ainda mais levava que contar...
Não é fácil! Como conseguiremos aguentar mais um mês ou dois?
Bem, tal como "não há bela sem se não", também nas situações mais desastradas existe refrigério. É preciso é saber encontrá-lo!
No caso vertente importa saber que lá em casa tenho a carteira da Senhora mais à mão de semear... E com a confusão dos medicamentos o controlo sobre o saldo do cartão de crédito é decididamente menor...
Levantamento a levantamento...Lá vamos aguentando...E olhem que podia ser pior...
Agora só falta o chibo do meu primo ir fazer queixinhas! Mas eu sei onde é que ele mora!
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