segunda-feira, março 26, 2012

Os sabores doces da decadência

É bem certo que quanto mais se aproximam os sinais da decadência - de um país, de uma organização, de uma família - mais se podem encontrar sinais de excesssos. Assim foi na Alemanha de 1944\45.  Em Roma quando os bárbaros já batiam à sua porta, em tantos outros lados...

Pois neste fim de semana assumimos plenamente o estatuto de decadência nacional desta crise malvada, e vai de sermos convidados para almoçar em casa de um Amigo - profundo conhecedor e colecionador de vinhos - para que, todos juntos, déssemos conta de algumas garrafas memoráveis que por lá existiam na sua afamada adega.

Para iniciar a contenda dois Verdelhos - um de Setúbal e outro do Esporão. Acompanharam umas simples gambas com azeite e alho. Magníficos ambos, talvez com mais charme o do "Zé" Maria da Fonseca

Com umas perdizes estufadas e uns queijos de azeitão (nada daquilo que se vende nos supermercados! Dos mesmo bons! Comprados diretamente aos pequenos produtores da zona) começaram as coisas sérias. Muito sérias. Seriíssimas mesmo!!
Deram 4 marmanjos conta de : uma Barca Velha Magnum de 1966 (uma peça rara, já de coleção!). 1 Quinta do Noval Reserva de 2005. 1 Quinta do Noval Sirah de 2009. 1 Quinta do Vale Meão Reserva de 2003.

E para terminar : Uma garrafa de Porto Noval Nacional de 1994 e mais uma de Porto Noval Nacional de 1997.

Nota:  Este Noval Nacional é vendido a mais de 2000 euritos, como sabem...Cada garrafa! Não falo de caixas!

Que dizer? Que o Senhor Barca Velha de 66, com 46 anos de idade ainda se bebia. E muito bem, dando luta - obviamente noutra referência, de vinho velho - aos jovens "turcos" do Douro de quem foi sublime antepassado. Que dos outros vinhos de mesa , e apesar da excelência do Vale Meão,  pareceu-me levar a palma o Noval Reserva de 2005.

E que morrer sem ter provado o Porto Noval Nacional seria uma tragédia! E ainda, que da magnificência de ambos ressaltou o de 1994, ano paradigma de Porto Vintage do século passado.

Saímos de casa do nosso Amigo embasbacados, tal e qual como a malta que saíu da sala onde os Irmãos Lumiére fizeram a 1ª projeção cinematográfica... Embasbacados e um pouco "arejados" de movimentos...Nada que uma horita a apanhar o "fresco" da montanha não resolvesse...

E lá viemos ter ao Estoril com os olhos a brilhar de memórias gustativas e olfativas... Como a Crise pareceu lá tão longe nesse fim de tarde , também ele magnífico!!

Bendito Domingo aquele!

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