Há que dar importância ao sono. Por muitos e bons motivos, mas principalmente porque sem ele não conseguimos equilibrar as "engrenagens corneativas", um bocado pasmadas já de tanto trabalhar em vazio de ideias e de objetivos nestes tempos malvados que nos aconteceram.
Por isso, em homenagem ao soninho de todas as noites, aqui vai Poema:
Entre o Sono e Sonho
Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre —
Esse rio sem fim.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
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