sexta-feira, junho 17, 2011

Para descansar a Vista

Ainda envolto nas boas "críticas" ao Post anterior (obrigado Amigos Leitores!)  tenho a obrigação de fazer as pazes com o País irmão lá do outro lado do nosso Oceano.


Então aqui vai, do imortal Carlos Drummond de Andrade:

Nota biográfica: Nasceu em Minas Gerais, em uma cidade cuja memória viria a permear parte de sua obra, Itabira. Posteriormente, foi estudar em Belo Horizonte e Nova Friburgo com os Jesuítas no Colégio Anchieta. Formado em farmácia, com Emílio Moura e outros companheiros, fundou "A Revista", para divulgar o modernismo no Brasil. No mesmo ano em que publica a primeira obra poética, "Alguma poesia" (1930), o seu poema Sentimental é declamado na conferência "Poesia Moderníssima do Brasil", feita no curso de férias da Faculdade de Letras de Coimbra, pelo professor da Cadeira de Estudos Brasileiros, Dr. Manoel de Souza Pinto, no contexto da política de difusão da literatura brasileira nas Universidades Portuguesas.


O tempo passa? Não passa...
 
O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.
 
O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.
 
Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.
 
O meu tempo e o teu, amada,
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.
 
São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer toda a hora.
 
E nosso amor, que brotou
do tempo, não tem idade,
pois só quem ama
escutou o apelo da eternidade.
 
Carlos Drummond de Andrade, in 'Amar se Aprende Amando'

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