sexta-feira, março 11, 2011

Para Descansar a Vista

Nesta Sexta feira véspera da Manif da "Geração à Rasca" houve que encontrar um Tema especialmente dedicado à Juventude e aos seus anseios. Bem, não sei se o Tio Jerónimo , ou se o Primo Francisco (Louçã) ou ainda se o Compadre Fernando (Rosas)  se podem  qualificar como "Jovens"...
Mas a Juventude está na cabeça, acho eu. Com o avanço dos anos estará  até cada vez mais na cabeça  (de cima) e cada vez menos lá para baixo...

De facto um dos primeiros sinais de velhice é quando um gajo se pôe a arrastar os pés...
Então teremos Jovens de todas as idades, de vários quadrantes políticos, da Direita à Esquerda (vai ser giro ver como se comportam todos juntos) numa salganhada de tal ordem que a Polícia já se encontra de prevenção com a Brigada Cinotécnica (Au, Au, GRRR) e o Corpo de Intervenção (Ai, Ai, Toma Lá nos c***!)


Para "enquadrar" tão brilhante evento aqui vão dois  Poemas, um deles de Florbela e o outro de Eugénio de Andrade:

Mocidade

A mocidade esplêndida, vibrante,
Ardente, extraordinária, audaciosa.
Que vê num cardo a folha duma rosa,
Na gota de água o brilho dum diamante;

Essa que fez de mim Judeu Errante
Do espírito, a torrente caudalosa,
Dos vendavais irmã tempestuosa,
- Trago-a em mim vermelha, triunfante!

No meu sangue rubis correm dispersos:
- Chamas subindo ao alto nos meus versos,
Papoilas nos meus lábios a florir!

Ama-me doida, estonteadoramente,
O meu Amor! que o coração da gente
É tão pequeno... e a vida, água a fugir...

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

Até Amanhã

Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"

Até Amanhã, para ver como foi...

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