quarta-feira, março 30, 2011

Cuidado que o "Aperto" chegou à AHRESP

Ouvimos dizer, há alguns dias, que a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) estaria a estudar a hipótese de cobrar aos Clientes as percentagens dos Cartões de Débito e de Crédito que lhes cobram a eles (os Bancos e Unicre).

Logo de seguida apareceu o desmentido (Cortesia de "Agência Financeira"):

A ideia inicial era alterar a lei para passar a taxar o uso de cartões bancários no pagamento de refeições. Mas o presidente da Associação portuguesa de Hotelaria e Restauração (AHRESP) esclareceu esta segunda-feira que o uso dos cartões de débito e de crédito não vai ser cobrado aos clientes, embora tenha defendido taxas mais baratas para as empresas.
As declarações de Mário Pereira Gonçalves surgem depois de o secretário-geral da associação, José Manuel Esteves, ter dito à TSF que esta era uma das propostas que seria discutida nas jornadas da AHRESP, entre hoje e quarta-feira, para contornar o «custo pesadíssimo» do uso do multibanco.

O «equívoco": O presidente da AHRESP disse à Lusa que «os empresários não querem passar estes custos para os clientes» e que se tratou de «um equívoco».
O que a associação pretende é que as taxas que lhes são cobradas «sejam iguais às de outros países. São 100% superiores às de Espanha», exemplificou, escusando-se a apontar um valor concreto, pois estes pagamentos dependem das entidades que gerem os cartões e do volume de negócios das empresas.


Uma ou duas notas apenas para comentar estas notícias

Cada vez há menos clientes a frequentarem Restaurantes. Esta afirmação é verdadeira mesmo que se entenda que a palavra "Restaurantes" é demasiado abrangente, e que engloba - por força dessa latitude - tanto as tascas económicas ou pastelarias que dão o almoço a menos de 9 euros, como os Restaurantes da Moda, onde não se pagará menos de 70 euros por cada refeição ( e com todas as outras variantes ao meio).

O Português da Classe Média ( se é que ainda existe essa cada vez mais rara "ave") que almoça todos os dias fora de casa e tem a hipótese de frequentar as Cantinas das Empresas ou das Instituições onde trabalha, não deixará de o fazer, reservando um ou dois dias por semana para fazer uma " extravagância" indo com os Amigos a um restaurante melhorzinho.
Quem não tem essa hipótese , porventura traz a comida de casa (cada vez mais comum nas mulheres) ou engole uma sandwich  e um "fino"nalgum café.

Já aqui o tenho dito. Era esta a postura dos Funcionários Públicos nos anos 60. Meu pai e os outros colegas do Ministério comiam mal 4 dias por semana para depois "celebrarem" à Quarta feira (ou à Sexta feira) num Restaurante- normalmente o João do Grão ou Casa Muni. Sei muito bem do que falo porque quando comecei a Faculdade "pendurava-me" nesses almoços semanais à conta dele.

O meu Tio (irmão do meu Pai) que era gerente do Fonsecas e Burnay na Rua de S. Paulo, almoçava em restaurantes todos os dias. Mas por ser quem era, tinha "desconto"...  Os empregados do banco podiam comer o prato do dia , pão, sobremesa, café, vinho e bagaço, por 20% a menos do que os outros Clientes. Tinham era que vir todos os dias  e a horas que não estorvassem a Casa ( logo ao meio-dia e picos já estavam à mesa , naqueles tempos em que os bancos ainda encerravam para almoço). Como é que eu sei isto? Porque , muitas vezes também, o meu Tio me convidava para almoçar com ele na "Adega dos Macacos".

Hoje em dia estamos na mesma. Ou pior. Pior, porque em vez de fazerem descontos e baixarem os preços, ainda estará a passar pela cabeça de alguns Hoteleiros ...aumentar as contas aos Clientes!

Um destes dias fui a uma Casa (em Lisboa) onde já não comia há algum tempo. Este Restaurante usa a filosofia  de carregar a mesa com entradas que ninguém pediu, embora no caso presente costumassem ser  todas bem frescas e de boa  qualidade . Quando lá estive a "frescura" já não era a mesma, depois disso notei que estávamos praticamente sózinhos na sala e, no final de uma refeição assim-assim a tirar para o medíocre,  a conta "escaldou"! Entendi que o proprietário, com poucos Clientes, "carregava" nas contas dos que por lá apareciam para equilibrar a sua vida... Multiplicava o vinho por 3x , vendia whiskies de 12 anos (Black Label)  a 18 euros...Claro que iam cada vez menos Clientes... E não lhe auguro futuro promissor. Empregados de mesa já ele começou a despedir. Eu não devo mais aparecer por lá.
O que se deve fazer é aumentar a criatividade na cozinha e fazer propostas de Pratos do Dia que sejam mais baratos e que dêem ainda rendimento à Casa. Quem vive nesta área restaurativa com uma forma de trabalhar baseada em  Peixe fresco do mar  e Marisco ao Kg não o poderá fazer, é certo. Mas manda a prudência que se estudem alternativas para fidelizar os Clientes e para os tentar a virem ao Sábado e Domingo, com as famílias.

 Manteiga empratada e açucar em recipiente próprio não me fazem confusão nenhuma! Convença-se a ASAE que são medidas que ajudam a classe. Há tanto vinho barato de boa qualidade que pode ser utilizado como "vinho do dia" , apenas dobrando o preço do retalho! Por exemplo: Vinha  do Mouro (do Dr Miguel Louro) e Quinta de Pinhanços Reserva de 2007 (do Engº Álvaro de Castro) e ainda Quinta do Vallado 2008 (de Francisco Olazabal). Todos estes podem ser vendidos à mesa por menos de 15 euros!

Bem sei que um Restaurante não é "Cantina"... Mas em tempo de Guerra não se  limpam as armas. E não é com vinagre que se apanham as moscas. Todos o sabemos.

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