quinta-feira, março 31, 2011

Deixa de escrever Livros Oh Blogger!!

Estou a ser "acusado" de ser demasiado palavroso aqui nos Posts que faço...

Talvez tenham razão. Eu Entusiasmo-me e ...cá vai disto.

Já dizia o Hemingway (acho que foi ele?) que quem não sabe escrever prolonga sempre os capítulos. Bem, há excepções...Lembrem-se do velho Tolstoi (Guerra e Paz) ... É claro que eu não sou o Tolstoi. Não tenho barba e ainda estou vivo.

Mas ainda encontro mais excepções à moda do "pavio curto" na escritura: os gajos que escreveram a Biblia, que também não se pode dizer que fossem apreciadores das "curta-metragens"... E o Tolkien? Do Senhor dos Anéis?

Fora isso , vou tentar ser mais conciso. Por exemplo hoje escrevo este Post para vos transmitir que o País está cada vez pior, que as taxas de juro a 5 anos já bateram os 9%, e que as Agências de Rating já estão a inventar escalões mais baixos para nos classificar, porque aqueles que existem já não chegam...

E o PSD anda a escrever em inglês  ( e mauzinho, dizendo mal do País). E o PS está a banhos antes do Verão. E o PR bate palmas ao Lula e à Dilma e vira a cara aos jornalistas. E que o  José Sócrates, já falecido, tenta a ressurreição...

Ah, já me esquecia, quase que me cruzei no Jockey, ontem,  com a Duquesa da Cornualha. Falar não lhe falei, mas ainda comi à borla uns acepipes da "mesa do rei".

Até amanhã maltosa!

quarta-feira, março 30, 2011

Cuidado que o "Aperto" chegou à AHRESP

Ouvimos dizer, há alguns dias, que a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) estaria a estudar a hipótese de cobrar aos Clientes as percentagens dos Cartões de Débito e de Crédito que lhes cobram a eles (os Bancos e Unicre).

Logo de seguida apareceu o desmentido (Cortesia de "Agência Financeira"):

A ideia inicial era alterar a lei para passar a taxar o uso de cartões bancários no pagamento de refeições. Mas o presidente da Associação portuguesa de Hotelaria e Restauração (AHRESP) esclareceu esta segunda-feira que o uso dos cartões de débito e de crédito não vai ser cobrado aos clientes, embora tenha defendido taxas mais baratas para as empresas.
As declarações de Mário Pereira Gonçalves surgem depois de o secretário-geral da associação, José Manuel Esteves, ter dito à TSF que esta era uma das propostas que seria discutida nas jornadas da AHRESP, entre hoje e quarta-feira, para contornar o «custo pesadíssimo» do uso do multibanco.

O «equívoco": O presidente da AHRESP disse à Lusa que «os empresários não querem passar estes custos para os clientes» e que se tratou de «um equívoco».
O que a associação pretende é que as taxas que lhes são cobradas «sejam iguais às de outros países. São 100% superiores às de Espanha», exemplificou, escusando-se a apontar um valor concreto, pois estes pagamentos dependem das entidades que gerem os cartões e do volume de negócios das empresas.


Uma ou duas notas apenas para comentar estas notícias

Cada vez há menos clientes a frequentarem Restaurantes. Esta afirmação é verdadeira mesmo que se entenda que a palavra "Restaurantes" é demasiado abrangente, e que engloba - por força dessa latitude - tanto as tascas económicas ou pastelarias que dão o almoço a menos de 9 euros, como os Restaurantes da Moda, onde não se pagará menos de 70 euros por cada refeição ( e com todas as outras variantes ao meio).

O Português da Classe Média ( se é que ainda existe essa cada vez mais rara "ave") que almoça todos os dias fora de casa e tem a hipótese de frequentar as Cantinas das Empresas ou das Instituições onde trabalha, não deixará de o fazer, reservando um ou dois dias por semana para fazer uma " extravagância" indo com os Amigos a um restaurante melhorzinho.
Quem não tem essa hipótese , porventura traz a comida de casa (cada vez mais comum nas mulheres) ou engole uma sandwich  e um "fino"nalgum café.

Já aqui o tenho dito. Era esta a postura dos Funcionários Públicos nos anos 60. Meu pai e os outros colegas do Ministério comiam mal 4 dias por semana para depois "celebrarem" à Quarta feira (ou à Sexta feira) num Restaurante- normalmente o João do Grão ou Casa Muni. Sei muito bem do que falo porque quando comecei a Faculdade "pendurava-me" nesses almoços semanais à conta dele.

O meu Tio (irmão do meu Pai) que era gerente do Fonsecas e Burnay na Rua de S. Paulo, almoçava em restaurantes todos os dias. Mas por ser quem era, tinha "desconto"...  Os empregados do banco podiam comer o prato do dia , pão, sobremesa, café, vinho e bagaço, por 20% a menos do que os outros Clientes. Tinham era que vir todos os dias  e a horas que não estorvassem a Casa ( logo ao meio-dia e picos já estavam à mesa , naqueles tempos em que os bancos ainda encerravam para almoço). Como é que eu sei isto? Porque , muitas vezes também, o meu Tio me convidava para almoçar com ele na "Adega dos Macacos".

Hoje em dia estamos na mesma. Ou pior. Pior, porque em vez de fazerem descontos e baixarem os preços, ainda estará a passar pela cabeça de alguns Hoteleiros ...aumentar as contas aos Clientes!

Um destes dias fui a uma Casa (em Lisboa) onde já não comia há algum tempo. Este Restaurante usa a filosofia  de carregar a mesa com entradas que ninguém pediu, embora no caso presente costumassem ser  todas bem frescas e de boa  qualidade . Quando lá estive a "frescura" já não era a mesma, depois disso notei que estávamos praticamente sózinhos na sala e, no final de uma refeição assim-assim a tirar para o medíocre,  a conta "escaldou"! Entendi que o proprietário, com poucos Clientes, "carregava" nas contas dos que por lá apareciam para equilibrar a sua vida... Multiplicava o vinho por 3x , vendia whiskies de 12 anos (Black Label)  a 18 euros...Claro que iam cada vez menos Clientes... E não lhe auguro futuro promissor. Empregados de mesa já ele começou a despedir. Eu não devo mais aparecer por lá.
O que se deve fazer é aumentar a criatividade na cozinha e fazer propostas de Pratos do Dia que sejam mais baratos e que dêem ainda rendimento à Casa. Quem vive nesta área restaurativa com uma forma de trabalhar baseada em  Peixe fresco do mar  e Marisco ao Kg não o poderá fazer, é certo. Mas manda a prudência que se estudem alternativas para fidelizar os Clientes e para os tentar a virem ao Sábado e Domingo, com as famílias.

 Manteiga empratada e açucar em recipiente próprio não me fazem confusão nenhuma! Convença-se a ASAE que são medidas que ajudam a classe. Há tanto vinho barato de boa qualidade que pode ser utilizado como "vinho do dia" , apenas dobrando o preço do retalho! Por exemplo: Vinha  do Mouro (do Dr Miguel Louro) e Quinta de Pinhanços Reserva de 2007 (do Engº Álvaro de Castro) e ainda Quinta do Vallado 2008 (de Francisco Olazabal). Todos estes podem ser vendidos à mesa por menos de 15 euros!

Bem sei que um Restaurante não é "Cantina"... Mas em tempo de Guerra não se  limpam as armas. E não é com vinagre que se apanham as moscas. Todos o sabemos.

terça-feira, março 29, 2011

Olha o Cochicho!

Fiquei um bocado aflito para explicar um destes dias a um dos meus vizinhos mais novos o que seria o "Cochicho"... Para além dos significados mais despudorados, do "calão" grosseiro, só me lembrava da forma de falar baixinho, tão típica dos irmãos brasileiros : "fulano cochichou ao ouvido de sicrano isto e aquilo". Indo ao Google descobri também que existia um pássaro, na América do Sul com esse nome, o Anumbius annumbi. Uma espécie de "priôlo" lá daqueles sítios. Anexo foto para verem como é.

Mas o que o meu vizinho de 11 anos queria mesmo era o significado "maroto". O tal que se desprende do verso "quem é que quer assoprar Ri pi pi pi pi pi pi! no cochicho da menina",  lembram-se?

O Pai é fanático da Amália Rodrigues e ele tinha achado graça à cançoneta. A Mãe não soube, ou não quis ensinar-lhe o significado e lá me calhou a mim a lição...Devo dizer que são Ucranianos educados, o pai é geofísico, investigador no IST e a Mãe médica. O "puto" veio para cá com 5 ou 6 anos e já fala português tão bem ou melhor do que eu. E é o melhor aluno da turma dele, no Liceu de S. João.

Esta família foi "adoptada" pela minha Santa cá de baixo  assim que chegaram ao Estoril, com uma mão atrás e outra à frente. Ainda hoje , depois de terem encontrado uma casa maior noutro local, não há dia da Mãe, anos dela , Natal ou Páscoa (são bons ortodoxos ) que não tragam uma prendinha para ela e uma latinha de caviar para mim. Caviar da Ucrânia? Bem sei que não será o ideal, mas a cavalo dado...

Mas voltemos ao "Cochicho". Indo por esse Google acima, tendo a meu lado na viagem o questionador, encontrei bué de significados para além dos dois já citados: Cochicho também pode ser nome próprio. Há até um Toureiro José Luis Cochicho. Ou um chapéu velho, ou ainda uma casa ou aposento miseráveis, muito pequenos...

Finalmente, um significado atraente para o caso em vista: Cochicho seria ainda um instrumento musical infantil de sopro! Estava resolvido o problema! Era assim uma espécie de Flautim dos pobres...

O rapaz não achou graça nenhuma... está muito adiantado para a idade, tem licença de explorar à vontade a Net, ideias liberais esquisitas dos pais cientistas. E imaginava que iria sair dali outro significado mais...atraente e que tivesse a ver com o sexo oposto, coisa que lá na sua fértil e muito adiantada cabeça (para a idade) teria a ver já com apalpões e miúdas.

Só me perdoou a afronta quando lhe disse - para apaziguar aquele momento de algum frio na nossa relação - que um "cu", se pensássemos bem,  também era, em determinadas alturas,  um instrumento de sopro.

Logo a boca se riu num esgar malandro e fugiu a correr para contar à Mãe essa novidade.

Estou a ver que mais dia menos dia ainda me cortam  a latita de caviar... E nos tempos que correm tudo o que vem à rede é peixe, mesmo caviar da Ucrânia...

segunda-feira, março 28, 2011

Moléstias à parte , o resto vai bem. Ainda ninguém morreu...

Nos anos 60, e de uma forma geral,  o emigrante português, fuçando até partir as costas lá fora,  nas obras do "bâtiment" ou noutros trabalhos miseráveis, sempre encarou esse "Purgatório aqui na Terra"  como uma coisa de passagem, à qual não devia dar grande importância, já que se tratava apenas de conseguir o dinheiro suficiente para regressar à sua aldeia, fazer a casita e viver da Segurança Social do País que o tinha albergado.  Durasse esta punição que impunha a si próprio 20 anos ou 30 anos...

É claro que havia também o emigrante que percebia  - por sorte ou por estar mais alerta para o mundo - que a sua vida melhoraria se olhasse para o período do exílio como uma oportunidade. Desses, alguns ficaram nos Países de destino, evoluíram, ao fim de uns anos eram mestres de obras, chegaram a ter empresas suas ou a associar-se a outros que as possuíam. Hoje estarão a viver em França ou no Luxemburgo, os filhos formaram-se  nas Universidades locais, os netos já não falam português  e só já cá vêm de quando em vez.  Mas teriam sido uma minoria.
Tenho parentes (por afinidade) desta última categoria.  Recordo-me sobretudo de um deles que começou - com a Mulher - como empregado de limpezas nos Hospitais de Paris a fazer os despejos e a tratar dos doentes que os outros não queriam tocar. E acabou dono de uma das primeiras empresas francesas privadas  de transporte de doentes . Tinha, a primeira vez que o vi e falei com ele, lá para os idos da  2ª maioria absoluta do Prof. Cavaco Silva  (1992?), 12 ambulâncias privadas que para além do transporte de doentes por conta do Estado francês, ainda faziam assistência em casa aos beneficiários da "Securité". E depois disso não parou de crescer ainda mais. Estava já nessa altura a pensar em exportar o conceito para o Luxemburgo. Empregava franceses, sem dúvida, mas gostava de dar a mão aos "patrícios" lusos. E muitas vezes vinha a Portugal buscar trabalhadores.

Na ocasião da nossa última conversa, já no tempo do Engº Guterres, teria ele já uns 68 anos e ainda conduzia uma das ambulâncias.  Confessou-me que  agora  os portugueses "já não queriam trabalhar no duro, como antigamente, quando tinha começado a emigração".

 E continuou:
"Quando chegávamos a Paris dormíamos em qualquer lado e comíamos do que encontrávamos. Até cheguei a ir aos caixotes do lixo antes de arranjar emprego. Hoje esta malta nova, a quem arranjo logo quarto, comida  e ordenado legal, assim que chega começa logo a falar de horas extraordinárias, folgas e fins de semana! Se têm uma gripezita já não se levantam da cama! Nós trabalhávamos 14 horas por dia (porque não nos deixavam fazer mais) e não havia Sábado ou Domingo que não nos oferecessemos para ficar no Hospital, a fazer as horas dos outros...E nunca faltávamos, com febre ou sem ela.  Foi assim que juntei dinheiro para a minha primeira ambulância!"

E as notícias que dava para casa eram quase sempre as mesmas: " Estamos bem apesar das doenças  e do cansaço do muito trabalho. Mas ainda ninguém morreu."

A filosofia do jovem português tinha mudado muito.  Ele, que se via de repente a viver num País que lhe parecia "Um Oásis"  , onde parecia haver dinheiro para tudo, onde as estradas se construíam já à força de braço do cabo-verdiano, porque ele, o português jovem, estava a tirar um curso, e depois daquele tiraria outro, e depois um mestrado e por aí fora. Os pais não se importavam, e até gostavam disso. Não seriam só os ricos que tinham Educação!

Era o tal  "engano de alma ledo e cego, a quem a fortuna não deixa durar muito". (Camões, Os Lusíadas, III, 120).

Terá durado 18 anos , entre 1992 e 2010.

E agora? Seria de esperar que  muitos  dos nossos desempregados ansiassem de novo que houvesse outra vez  "Bâtiments" para construir ou penicos para despejar nos Hospitais de alguma  França?

Nada disso amigos leitores! Esses trabalhos são para africanos! A malta "branca" e "educada" não se importa de emigrar , está claro, mas pretende emprego de secretária. De preferência com vista para o "Seine".

 Nem os Paizinhos deixariam que o filho ou a filha fossem lá para fora fazer esses trabalhos menores e desqualificados.

Era o que faltava depois de tantos anos a estudarem!!

Os alemães que paguem a crise!

Pobre País...

sexta-feira, março 25, 2011

Para Descansar a Vista

Hoje um poema curto mas muito significativo desse grande Poeta que foi Jorge de Sena, a quem o País tão mal tratou. O costume... Alguém sabe onde está enterrado Luis de Camões? Pois eu também não...

Desencontro
Só quem procura sabe como há dias
de imensa paz deserta; pelas ruas
a luz perpassa dividida em duas:
a luz que pousa nas paredes frias,
outra que oscila desenhando estrias
nos corpos ascendentes como luas
suspensas, vagas, deslizantes, nuas,
alheias, recortadas e sombrias.

E nada coexiste. Nenhum gesto
a um gesto corresponde; olhar nenhum
perfura a placidez, como de incesto,
de procurar em vão; em vão desponta
a solidão sem fim, sem nome algum -
- que mesmo o que se encontra não se encontra.

Jorge de Sena, in 'Post-Scriptum'

Tomem o Vosso Lugar que o Carrocel está pronto a Partir!

Então o Tio Passos (Coelho)  estalou o verniz da sua aparentemente  imperturbável composição de seriedade e preocupação paternal para com os Pobres e Ofendidos, tendo dito logo que chegou a Bruxelas "que  se calhar era preciso aumentar o IVA, lá para os 25%"??!!

Mesmo sem saber ainda a profundidade do Buraco onde estamos metidos (e quando se vai saber?) parece esta afirmação um pouco exagerada tendo em conta o anterior discurso da mesma criatura... a não ser que sejam já os "vapores" do elixir do poder que lhe começaram a dar a volta à cabeça. Pode ser que sejam.

Tudo tramado? Não !!! Estão os meus Amigos  enganados! Apenas o rame-rame do costume, a viragem dos alcatruzes da nora, sempre esperada em regimes democráticos.

A "Malta que se despede" agarra-se um bocado aos tachos , com as mãos e os pés, e se mais tivesse também com isso. É normal. Foram muitos anos de "mama"  e custa sempre na altura em que é mister abrir as asas e voarem sózinhos, sem os amparos dos fundos públicos, das nomeaçõezinhas, das prebendas e dos subsídios.

A "outra Malta" esfrega já as mãos de  antecipação, e lambe os beiços, antecipando o "petisco" que lhe irá calhar.

Podemos considerar que esse tal petisco, quando tudo começou, lá para 1985, seria um belo Cozido à Portuguesa minhoto, com todos os condimentos. E que à medida da incompetência dos mandantes e da inoperância dos votantes e - vá lá, também temos que o dizer, das crises importadas - está hoje reduzido ao talo da couve portuguesa mais dura e ao osso da unha de porco que se costumava dar ao cão... Mas mesmo assim continua apetecível, nem que fosse só pelo cheiro que tais "restos" do que já foi um banquete soberbo nos trazem à memória...

Como dizia o Tio Santidade, lá na Beira Alta, "trago sempre no bolso umas cáscaras de queijo. Só com o cheiro dá para beber dois copitos..."

Vamos com calma que esta Procissão ainda está no Adro.

Para já a última sondagem, feita pelo telefone na passada Quarta feira (dia da renúncia do 1º Ministro) já deu a Maioria absoluta ao PSD + CDS\PP. E com o PSD sózinho a tocar nos 47%...

E o PS a ficar-se pelos 24%...

Se for para conduzir o Engº José Sócrates delicada e honradamente à porta de saída, daquelas que só têm um sentido, o da Rua, nem me importo muito. Mas o Homem será hoje outra vez eleito para Secretário Geral do Partido... Apenas depois das eleições e face aos resultados reais,  tal cenário de mudança na liderança do PS se pode colocar...

Entretanto as Comadres já se começaram a "morder"... Repararam ontem no toque de António José Seguro à união do centro, e na resposta "amuada" de um dos guardiões PS do deposto regime?

quinta-feira, março 24, 2011

Que Sera Sera...

Lembram-se da canção pela Doris Day?

- "Que sera sera, Whatever will be will be..."

Pois aqui no rectângulo (ou retângulo) estamos na mesma. Em resultado da Sessão de Teatro de ontem , que acabou por ser vista por muita gente apesar dos Actores já serem algo requentados. A bem dizer aquilo ontem foi quase que uma Tragicomédia, com alguém do BE a jogar violentamente ao "Need for Speed" no PC lá da AR, enquanto os outros, se calhar ainda mais malucos, esbracejavam e vociferavam uns contra os outros...

Em conclusão: Bamos a Botos Carago!

Sim, mas ainda falta algum tempo.

 Previsões ?  Ganha o PSD!

Agora não me perguntem se será por 5 a 0, 3 a 1 ou por 4 a 3...

Isso, como dizia o "outro", só depois do jogo acabar é que se vai saber.

Bom, talvez um pouco antes. Cá estarei para dar conta dessas e doutras Previsões.

 No intervalo - não nos doam as costas porque ainda vão ser 2 ou 3 mesitos - faço uma recomendação: leiam muito, comam bem, amem-se uns aos outros, (whatever... seja lá o que for que vos enche mais o ego) mas:

NÃO SE ESQUEÇAM de IR VOTAR!!!!

Olhem que se não forem Votar agora, desta vez em que estamos na berma da bancarrota,  perdem o Direito à indignação futura. Pelo menos teoricamente...E o País já foi mais acolhedor do que é (será) dentro de uns meses.

Amigos Leitores, está na altura de fazermos mais uma vez apelo ao Patriotismo seboso dos nossos antepassados dos anos 60 . O que é português é que é bom (não haverá dinheiro para importações...) E se não se fizer cá não presta!

Viva o Bacalhau seco! Pr'á Frente Mãos de Vitela com Grão! Abaixo o Foie Gras e todos os que o apoiarem! Fora com o Whisky! Avante Bagaço de Figueiró!

Bacalhau à Zé do Gato leva também presunto

Lembra o nosso Amigo Paulo Mendonça que a Receita do Bacalhau à moda do Zé do Gato também junta presunto ao Fiel Amigo:

Bom dia caro amigo Raúl não se esqueça também da receita de Bacalhau à Zé do Gato, onde o fiel amigo também é tratado com toucinho e presunto

Essa Receita já aqui foi dada anteriormente. A 13 de Dezembro.

quarta-feira, março 23, 2011

Bacalhau ou Porco (com V. licença...)?

Amigos têm-me telefonado por causa da "Feijoada de Sames". Iguaria pouco conhecida, ao que parece, a não ser na vizinhança das gentes que trabalharam na "Epopeia Bacalhoeira". E surgiu a dúvida em forma de pergunta:

"Se do Porco tudo se aproveitava, o que dizer do Bacalhau?"

De facto, se o porquinho era  a "Caixa de Poupança" dos lavradores e camponeses lusitanos, que na sua alimentação investiam durante largos meses para que na altura da matança a qualidade ( e a quantidade) justificassem os esforços da família, também nas zonas vareiras perto das secas do bacalhau havia a tradição de tudo se aproveitar do "fiel amigo", mesmo aquelas partes menos conhecidas dos Clientes citadinos: línguas, bochechas, caras, ovas  e sames. 

 Contam os antigos que - para resguardar os lombos para quem os pagava bem - eram estas ( e algum pedaço do rabo) as partes do bacalhau seco que cabiam em sorte aos trabalhadores das secagens e aos homens embarcados. As Línguas comem-se em arroz, ou panadas, ou fritas. As Caras na "Chora", ou simplesmente cozidas. As Ovas, de salada, ou também cozidas. Sames são com grão ou feijão. E as Bochechas podem servir-se tal e qual como as Línguas.

Tenho muitas  dúvidas que esta alimentação fosse uma prática dos normais "homens do mar", daqueles que pescavam o "fresco" das nossas costas, e que não necessitavam de bacalhau seco para nada. Tinham à disposição o "quinhão" da "companha"  e as suas caldeiradas típicas. Não , para mim esta prática do aproveitamento do bacalhau seco integral teria de ter sido efectuada por quem andou na Faina Maior, ou por quem trabalhou (ou ainda trabalha) na indústria da Secagem.

E haverão Receitas portuguesas onde  o Porco e o Bacalhau cohabitem?

No "Chico Elias", em Algaravias (Tomar) a Dª Céu faz um Bacalhau Assado no Forno com Carne de Porco que é muito recomendável. Também já tive ocasião de comer (na Beira Alta, em casa dos meus sogros era normal fazer assim)  o Bacalhau de posta alta assado no forno envolvido numa fatia grossa de Presunto com a sua gordura natural.  Algum Torricado também pode levar ao lado do Bacalhau umas fatias de bons enchidos, embora não seja canónico, nem muito menos obrigatório....
A tradicional "Chora de Bacalhau",  a sopa de arroz das campanhas, levava também (ou podia levar se os houvesse)  para além das Caras de Bacalhau desossadas, Toucinho e pedaços de Chouriço.

Mais do que estas receitas confesso que não conheço. Falam-me de umas Migas (talvez ribatejanas) que juntariam o bacalhau e os rojões de porco da matança, mas sinceramente nunca comi disso, nem sequer as li em  recenseamento gastronómico regional.

Mas se algum dos leitores souber mais deste "casamento" faça o favor de nos elucidar.

terça-feira, março 22, 2011

Feijoada de Sames (ou Samos) de Bacalhau

Um antigo "bacalhoeiro", o Mestre Celestino,  elucida-nos:

Os sames, que nós bacalhoeiros designávamos por "samos" , não é o bucho do bacalhau, mas a sua bexiga natatória. Era uma iguaria raríssima para os pescadores, quase improvável. Os samos eram extraídos da parte da espinha rejeitada na escala do peixe , limpos e salgados. Era um dos trabalhos dos "cães de bordo" , os moços de convés. Tal como as caras, as línguas e os lombos.

Para além de poderem ser servidos em feijoada ou com grão de bico , como as mãozinhas de vitela, os samos também são óptimos com esparguete, ou macarrão.

Onde encontrar?

É cada vez mais difícil, dado que as secas insdustriais "consomem" quase tudo do fiel amigo. Talvez seja ainda possível comprá-los nalguma loja especializada das Vilas Piscatórias (Vila Praia de Âncora, Gafanha, etc...) ou mesmo nas Cidades de Lisboa e do Porto, nas lojas do ramo. Ou, (quem sabe?) Já me disseram que às vezes aparecem nos supermercados também-

Com a devida vénia à origem -  Cozinha do Zèzão -  aqui vai uma das Receitas da Feijoada de Sames (ou Samos):
 
Receita 1:
Ingredientes : 800 gramas de sames salgados
500 gramas de feijão branco
1 chouriço vemelho
1 morcela
1 cenoura
1 cebola media
3 dentes de alho
1 folha de louro
2 tomates bem maduros
1/2 pimento vermelho
salsa
piripiri
cominhos
noz-moscada
azeite
sal
1 copo de vinho branco

Preparação: No dia anterior ponha de molho os feijões e os sames em água. No dia ponha os feijões a cozer com um fio de azeite e temperado de sal, entretanto limpe os sames das peles escuras e alguma cartilagem que possa trazer. À parte, num tacho ( que leve a feijoada ) faça um refogado com azeite, cebola, pimento e os alhos picados, a que se acrescentou a cenoura e o chouriço em rodelas, a folha de louro e os tomates pelados e picados. Tempera-se com sal, piripiri, cominhos, noz-moscada, salsa e deixou-se apurar um pouco.

Acrescentam-se os sames de bacalhau, deixe cozer tudo ate os sames ficarem macios, junta-se os feijões já cozidos ( juntamente com a água de os cozer )e a morcela as rodelas. Junta-se o vinho branco, Deixa-se a apurar em fogo baixo, retificamos os temperos e servimos com arroz branco.

E agora outra Receita que, diz quem sabe, será mais próxima da verdadeira forma dos velhos "bacalhoeiros" tratarem deste assunto. Esta não leva chouriço, nem morcela. À parte isso os Ingredientes e o modo de fazer não variam muito:

Põem-se os sames de molho, assim como o feijão branco. Limpam-se os sames retirando a pele escura, cartilagens e alguma impureza. Dependendo do tamanho pode-se (ou não) cortar cada same em bocados mais pequenos.

Coze-se o feijão adicionando apenas um fio de azeite. Faz-se um refogado com azeite, cebola e alho picados ao qual se acrescenta cenoura às rodelas, uma folha de louro e tomate picado depois de retirar a pele. Temperar com sal, pimenta, salsa e deixar apurar um pouco. Pode também incorporar, se gostar, uma pitada de cominhos e noz moscada.

Acrescentar os sames de bacalhau envolver tudo e deixar cozinhar, após o que se junta o feijão.

Deixar apurar em lume brando, rectificar os temperos e está pronto a servir.

E Depois do Adeus??

Sócrates deve demitir-se ainda esta semana.

Pelo menos assim o dizem os mais importantes comentadores políticos cá do Burgo.

Tenho ainda algumas dúvidas. Pode ser possível uma solução Irlandesa :o 1º Ministro acordar com a Oposição o calendário das Eleições, mas de forma a não prejudicar a sua posição na próxima reunião importante de Bruxelas. Ou ainda ser o PR a evitar o descalabro imediato, também ele negociando com os Partidos um calendário para as mudanças mais conforme aos "Superiores Interesses Nacionais" como dizia Mário Soares ao DN.

Mas sobre isto também tenho dúvidas...A actual Classe Política já demonstrou por diversas vezes que , afinal, não tem "classe nenhuma" que lhe permita concordar com saídas elegantes como as que enunciei.

Preparemo-nos pois para um novo ciclo político, com um interregno de 3\4 meses até novas eleições e novo Governo.

Não há certezas sobre quem vencerá? Há sim. Apenas não se sabe qual será a vantagem. E isto é muito importante nos tempos que correm.

O País aguentará mais 4 meses sem Governo? Como se financiará? Têm os Bancos dinheiro suficiente para aguentar este intervalo de tempo?

Boas perguntas...Acho que não será possível aguentar este período sem recurso ao exterior. E a que preço? Pois sobre isso também me parece não haver dúvidas: a uma taxa de juro anda mais alta, cada vez mais alta...

O ideal , repito, seria PSD e PS entenderem-se quanto às novas medidas do PEC IV e , ao mesmo tempo, acordarem também em realizar novas eleições lá para Julho, a tempo de quem ganhar ter ainda um Orçamento de Estado de 2012  para apresentar este ano.

Receio muito, contudo,  que esse comboio tenha já partido da estação (apesar das Greves da CP e REFER).

O pior cenário consiste na Demissão (provocada ou voluntária) de José Sócrates , seguida de 3 meses de Campanha eleitoral confusa, seguida de eleições onde o PSD ganha sem maioria absoluta e sem que tenha essa mesma maioria mesmo que coligado com o CDS\PP. O País chegaria a Outubro com a mesma situação em que está hoje, com outros protagonistas, mas tendo perdido 5 meses e tendo-se endividado ainda mais  a níveis insuportáveis... E tudo isto sem ganhar nada. Pelo contrário, teria de começar o "jogo" outra vez de novo, mas partindo de umas "casas" mais lá para trás. E sem ter ganho qualquer prestígio, nem a confiança do mercado ou dos investidores.

Há ainda outra hipótese, patriótica, salvadora daquilo que nos resta de dignidade . Seria o Sr Primeiro Ministro finalmente compreender que faz parte intrínseca deste Problema , e já não da Solução. Como tal devia abdicar de concorrer de novo à liderança do PS e deixar o campo livre para que um Governo de Salvação Nacional, de Bloco Central, pudesse emergir debaixo da iniciativa Presidencial...

Mas alguém acredita nisso? 

segunda-feira, março 21, 2011

O Lançamento do Livro "Epopeia do Bacalhau" em Ílhavo

Calhou-me neste dia do Pai de 2011 ir a Ílhavo fazer o 1º lançamento do nosso Livro Epopeia do bacalhau. exactamente no Museu Marítimo de Ílhavo e na presença do Presidente da Câmara Engº Ribau Esteves, do Prof. Álvaro Garrido, e do Prof. Mário Ruivo. Representou os CTT na cerimónia o Vice-Presidente e Presidente em Exercício Engº Pedro Coelho.

Infelizmente o nosso David Lopes Ramos encontra-se doente e não lhe foi possível estar connosco nesse dia. Daqui vai  um grande Abraço para ele!

Algumas notas do evento: Mestria absoluta do Prof. Mário Ruivo, do alto dos seus 80 e muitos anos! Fez uma prelecção de alto gabarito sobre o que era esta Faina Maior. Tal como o vinho do Porto Vintage! Grande Professor!

Também o Amigo Álvaro Garrido discorreu majestaticamente sobre a matéria, com a responsabilidade de ser o maior especialista vivo no assunto.

Muitos Homens do Mar, Capitães, Comandantes , Imediatos e Marinheiros presentes.

Enquadrou a cerimónia a presença da Confraria Gastronómica do Bacalhau, nobres confrades que nos ofereceram um lanche soberbo, depois do lançamento, com "Feijoada de Sames "(depois explico); Bacalhau desfiado em salada (o Bacalhau Onanista de Mestre Zé Quitério) , Pataniscas do mesmo, etc...

Com Tinto de Silgueiros e espumante Bruto da Bairrada. O que se podia querer mais?

Se fizerem favor consultem o site desta Nobre Confraria:, vale muito a pena!

http://www.confrariabacalhauilhavo.org/

Um dos Confrades, Mestre Cachim, "bercejou" e aqui vos deixo o Poema:

COMO FOI BOM RECORDAR
AS GENTES BACALHOEIRAS
VIDA PLENA A NAVEGAR
SÓ COM O MAR POR FRONTEIRAS

MAS QUE BONITA SESSÃO
CÁ A BORDO DECORREU
OS DÓRIS MESMO À MÃO
NO NAVIO QUE É O MUSEU

ATRACOU A EMBARCAÇÃO
COM A BENÇÃO DO SENHOR
O RUIVO ERA O CAPITÃO
CTT O ARMADOR

SOPRAVA A BRISA DO MAR
O BARCO FOI ATRACADO
O GARRIDO A PILOTAR
COM O RIBAU A SEU LADO

NO CAIS MUITO PESSOAL
ESPERANDO EMOCIONADO
COMO ERA HABITUAL.
CTT, MUITO OBRIGADO


Com um abraço do confrade do bacalhau
Cachim

E não se esqueçam amigos de Lisboa: No próximo dia 23 , pelas 18h , será feita mais uma apresentação do mesmo Livro no Centro Nacional de Cultura, ao Chiado. Grande chapelada para o Prof. Guilherme d'Oliveira Martins, Presidente do Tribunal de Contas e do Centro Nacional de Cultura, que considerou - e muito bem!! - que Bacalhau também é Cultura.

Dia Mundial da Floresta

O Comité Português para o Ano Internacional das Florestas, através da Secretaria de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, escolheu Lisboa para acolher a cerimónia oficial das comemorações do Dia Mundial da Floresta 2011. A cerimónia decorre hoje, 21 de Março, , às 10h30, no Espaço Monsanto e conta com a presença do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, e do Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, António Serrano.

Lá estarei, mostrando  o interesses dos CTT nesta matéria e antecipando o lançamento da Emissão EUROPA deste ano, também ela dedicada às Florestas.

Neste ano  em que se celebra o Ano Internacional das Florestas, declarado pelas Nações Unidas com o objectivo de consciencializar a sociedade civil para a importância das florestas e da sua gestão sustentável no mundo, o Comité Português para o Ano Internacional das Florestas, através do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas e a Câmara Municipal de Lisboa juntam-se para promover a comemoração do Dia Mundial da Floresta, em Monsanto, um espaço de eleição para celebrar a floresta portuguesa e dar a conhecer esta floresta-modelo, aos lisboetas e aos portugueses,  tão próxima da Cidade, convivendo com ela e com ela interagindo...

sexta-feira, março 18, 2011

Para Descansar a Vista

A minha costela Francófona não tem deixado de me importunar depois da Injunção com que acabei o Post anterior...

O qual, devo confessar, tem uns grãzinhos de imaginação em redor do verdadeiro acontecimento, já que me competia , naquele dia, animar a malta. Nada que o velho Eça não fizesse "estendendo o manto diaphano da phantasia" por cima da realidade.

Mas adiante. Para pedir desculpa a esse meu lado Francês e Burguês, sob pena de ainda me impedirem a entrada no sempre excelente L'Ardoise em Paris, aqui fica poema na língua de Carlos Magno . Uma maravilha de um Poeta gaulês imortal: Jacques Prévert.


LE DÉSESPOIR EST ASSIS SUR UN BANC

Dans un square sur un banc
Il y a un homme qui vous appelle quand on passe
Il a des binocles un vieux costume gris
Il fume un petit ninas il est assis
Et il vous appelle quand on passe

Ou simplement il vous fait signe
Il ne faut pas le regarder
Il ne faut pas l'écouter
Il faut passer
Faire comme si on ne le voyait pas

Comme si on ne l'entendait pas
Il faut passer et presser le pas
Si vous le regardez
Si vous l'écoutez
Il vous fait signe et rien personne
Ne peut vous empêcher d'aller vous asseoir près de lui

Alors il vous regarde et sourit
Et vous souffrez attrocement
Et l'homme continue de sourire
Et vous souriez du même sourire

Exactement
Plus vous souriez plus vous souffrez
Atrocement
Plus vous souffrez plus vous souriez
Irrémédiablement

Et vous restez là
Assis figé
Souriant sur le banc

Des enfants jouent tout près de vous
Des passants passent
Tranquillement

Des oiseaux s'envolent
Quittant un arbre
Pour un autre

Et vous restez là
Sur le banc

Et vous savez vous savez
Que jamais plus vous ne jouerez
Comme ces enfants

Vous savez que jamais plus vous ne passerez
Tranquillement
Comme ces passants

Que jamais plus vous ne vous envolerez
Quittant un arbre pour un autre
Comme ces oiseaux.

Jacques PRÉVERT, Paroles (1945)
©1972 Editions Gallimard

Biografia de Jacques Prévert, por cortesia de Xtream-online

Né avec le siècle à Neuilly-sur-Seine, dans un milieu de petits bourgeois trop dévots, dont il ne cessera de moquer les obsessions et les convenances, Jacques Prévert sera l'aîné des trois enfants qu'auront Suzanne Catusse et André Prévert. Il se passionera dès son plus jeune âge pour la lecture et le spectacle. A 15 ans, après son certificat d'études, il entreprend des petits boulots.

Incorporé en 1920, il rejoint son régiment. Là, il forme un trio d'amis avec "Roro", un garçon boucher d'Orléans, et Yves Tanguy qui sera envoyé peu après en Tunisie. Prévert, quant à lui partira pour Istanbul où il fera la connaissance de Marcel Duhamel. De retour à Paris en 1922, Jacques s'établira au 54, rue du Château qui sera bientôt le point de rencontre du mouvement surréaliste auquel participent Desnos, Malkine, Aragon, Leiris, Artaud sans oublier le chef de file André Breton. Prévert finira par prendre position contre l'autoritarisme du "Maître". Un peu plus tard, il prendra ses distances avec le Parti communiste auquel il n'adhérera jamais.
Sa vie durant, il défendra les faibles, les opprimés, les victimes, avec une générosité bourrue mais toujours discrète. Avec Prévert, un univers à part se crée fuyant l'ordre voulu par Dieu et les "contre-amiraux" (l'une des nombreuses figures sociales qu'il tournait en dérision).

En 1933, le groupe de théâtre "Octobre" dont il fait parti, prend part à l'Olympiade du théâtre de Moscou obtenant un premier prix qui ne sera jamais remis...Depuis lontemps Prévert écrit, participant à des créations collectives, mais de plus en plus, souvent avec son frère Pierre, il produit les scénarios de quelques-uns des sommets poétiques du cinéma français: "Le crime de Monsieur Lange" (1935) pour Jean Renoir, "Quai des brumes" (1935), "Drôle de drame" (1937), " Le jour se lève" (1939), "Les visiteurs du soir" (1941), "Les enfants du paradis" (1944), "Les portes de la nuit" (1946), tous pour Marcel Carné. Enfin, "La bergère et le ramoneur" (1953) sera repris par Paul Grimault pour donner naissance, en 1979, à un dessin animé absolument fantastique intitulé "Le roi et l'oiseau". Ses textes suscitent l'image et ses dialogues sont époustouflants de naturel, de justesse et d'humour.
Rayé des contrôles de l'armée en 1939, il quitte Paris l'année suivante et descend vers le sud s'établissant à la Tourette- sur-Loup, où Joseph Kosma, le photographe Trauner et bien d'autres encore le rejoignent pour travailler à des réalisations de films.
Jacques Prévert écrit aussi de fabuleux poèmes en prose qu'il donne à son ami Kosma qui les met en musique pour Agnès Capri, Marianne Oswald, Juliette Gréco, les "Frères Jacques" ou encore Yves Montand pour ne citer que les plus célèbres. Les "Paroles" de Prévert seront réunies pour la première fois en 1945 par René Bertelé. Bien que certains libraires avaient prophétisés que "ça intéressent que quelques jeunes gens de Saint-Germain-des-Prés", l'ouvrage est accueilli comme une immense bouffée d'oxygène dans le climat littéraire d'après la libération et est réédité à 5000 exemplaires dans la semaine suivant le jour de sa publication.
La deuxième guerre mondiale finie, Prévert revient à Paris. Ses poèmes sont sur toutes les lèvres ou dans le pli d'un collage, avec un parfum de bonheur nostalgique et de liberté retrouvée. Prévert restera toute sa vie d'un antimilitarisme à toute épreuve et son pacifisme ne souffrira aucun compromis.
Jacques Prévert s'éteindra auprès de sa femme Janine en 1977 à Omonville la petite.
Curieusement, c'est ce révolté qui avait en sainte horreur les institutions que la république des lettres allait couronner en baptisant de son nom quelques collèges et lycées et en le faisant entrer, à partir de 1992, dans l'illustre collection -sur papier bible!- de la Pléiade.

Jacques Prévert devenu un classique? On a du mal à s'y faire.

quinta-feira, março 17, 2011

O Caos e o efeito Borboleta

A Borboleta que voava no Brasil foi responsável pelo tornado que assolou o Texas? Foi com esta interrogação um pouco estranha (para não dizer outra coisa...) que Edward Lorenz, um dos "pais" da Teoria do Caos, tentou demonstrar que pequenos acontecimentos iniciais podem provocar grandes consequências finais.

Como tudo começou?  Lorenz utilizou um computador para prever fenómenos meteorológicos, em 1961, e enganou-se  ao introduzir um dado. Em vez de 0,506127 (o numero correcto),  por preguiça ou negligência introduziu 0,506 apenas. Mais tarde corrigiu  e ficou abismado com a diferença nos resultados do modelo de previsão do tempo apenas por causa desta pequena diferença...

Claro que se calhar viram o filme baseado na história clássica de Ray Bradbury onde este fenómeno é aplicado às viagens no tempo,  "A Sound of Thunder"?

Tudo isto vem hoje aqui para este Post para tentar explicar como  certas pequenas coisas do dia-a-dia podem influenciar decisivamente a vida das pessoas, neste caso a minha.

No Sábado passado levantei-me mais tarde do que o habitual, porque cheguei de Pombal, onde participei na emissão comemorativa dos 200 Anos da Guerra Peninsular,  já passava das 2 e meia da manhã. Mas lá estava na  Garret às 8.30h, em vez de esperar um pouco para me abrirem a porta às 8h, como era costume.

As pessoas que encontrei ao balcão não eram as mesmas do meu habitual convívio, essas já tinham bazado, , e até um dos meus "pobres protegidos ", arrumador de carros, se tinha mudado umas dezenas de metros do local onde o costumava encontrar, seguindo o fluxo da sua clientela.

Até aqui as mudanças não foram muito sensíveis. Mas há mais.

Fui às compras essa meia hora depois do costume, e já não encontrei  o lugar onde era usual estacionar. Estava ocupado. Meti o carro entre outros dois - com espaço para poder sair eu e a minha santa, que já não dobra tanto as pernas como dobrava - e com a traseira virada para o espaço livre, em posição de "carregamento".

Quando cheguei com o carrinho cheio de compras tinha aparecido um "cliente" com uma Pick Up Nissan Navara, toda artilhada e prateada que até parecia um shuttle da Guerra das Estrelas.  Essa "bomba" estacionara ao meu lado e ...tapou-me a porta do condutor. Tapar não tapou, mas deixou para aí uns 25 cm apenas entre ambas as portas.

Com a Santa a olhar e a criticar (nem queiram saber) comecei a tentar resolver a ocorrência. Meto por ali a pança? Tentei, mas os dois ou três estômagos actuais que ocupam o espaço que Deus Nosso Senhor criou apenas para um não me deixaram completar a manobra...

Comentário da Santa:

"Tu estás que pareces um Suíno !"

Ora quem é que gosta que lhe chamem aquilo?  Ainda por cima Suíno com " P". Mas adiante.

Como por ali não entrava (até as chapas gemeram quando tentei pela segunda vez) passei à opção B:  Entrar pela porta do "pendura" e fazer a "transumância" por cima da alavanca de velocidades e da consola central, tendo o cuidado do delicado pézinho não bater mais do que o necessário no painel dos instrumentos...

Tentar ainda tentei.  Fiz tanta força para encolher os  sacos estomacais e intestinais  que me iam rebentando as águas.

Depois sustive a respiração e lá vai disto: Perna esquerda para o lado do condutor .  Alça da perna direita por cima do resto, com a mão agarrada à bainha das calças, puxando para cima e...

Rompeu-se a bainha das calças...Até se rompeu mais qualquer coisinha lá para trás, para os fundilhos, mas como a minha Santa (Graças a Deus) deixou de ter olfacto desde o último AVC,  não me desmanchei e a ofensa passou incólume . Mesmo assim tive de a ouvir outra vez:

"Tu estás que pareces um Ruminante!"

Não disse Ruminante, mas fica aqui feio escrever o que ela disse, embora eu não seja casado, o que retiraria algum opróbio à inflexão. De todas as formas, o caso é que me estava a comparar com uma criatura de quatro estômagos ( o rúmen, retículo, omaso e abomaso). Ninguém gosta que lhe chamem isso. (Acho eu).

Lembrei-me agora daquela anedota da desgraçada da Mulher Polaca (salvo seja) que na boca do Marido tem por dia três pesos bem diferentes: 800 kg (vá trabalhar para o campo sua vaca!); 150 kg (vá lavar a roupa sua porca!) e 300g (venha para a cama pombinha...). Mas a mim, naquele Sábado,  não me calhou a "pombinha".

Por fim lá apareceu o condutor da Nissan Navara, uma senhora bem apessoada e tão  magra que até parecia a Natalie Portman depois de ter feito o "Cisne Negro"... Não admira que ficasse surpresa por "alguém" ter dificuldade em entrar para o carro. 

 - "Há tanto espaço! Não há? "

(Mas que ganda Filha da  P*** do C******!).

Em conclusão: por causa das Invasões Francesas, hoje não falo com a minha Santa. Está Mal!
Cabrões dos Franceses!

quarta-feira, março 16, 2011

Fartos da Política!!

Dizem-me alguns Amigos e Leitores que "estão a ficar Fartos, mesmo fartinhos de todo, das crónicas sobre Política aqui do Blog e de só ouvirem falar de política em tudo o que é jornal, rádio ou TV"...

Não duvido que seja assim. Eu próprio já muitas vezes me enjoo de ler, ouvir e até de escrever sobre o tema, sobre a Crise, sobre as aldrabices, sobre as rasteiras sujas, sobre os bancos e os banqueiros, sobre as ameaças e as birras, etc, etc, etc...

Mas o que receio é que o bom Povo deste País, onde me incluo a mim e  todos os nossos Leitores, ao alhear-se destes assuntos incómodos não faça mais do que a avestruz a esconder a cabeça na areia.

Não estamos em tempos de esconder a cabeça! Anos demais, se calhar , deixámos que outros decidissem por nós.

A única "virtude" deste tempo miserável é  que estamos finalmente a saber - aos poucos e poucos - qual a profundidade do "BURACO" em que nos meteram. Não interessa quem foi, o facto é que praticamente todos os Governos são responsabilizados por não terem tomado as melhores decisões no passado quanto ao robustecimento da Economia Nacional.























E se a alguns - lembro-me de Cavaco Silva nas suas duas maiorias - ainda se lhes pode dar algum benefício da dúvida, porque não sabiam o que faziam, porque seguiam cegamente as instruções de Bruxelas para acabar com as Pescas e com  a Agricultura, já aos mais recentes podemos e devemos exigir responsabilidades.

A Crise Financeira de Wall Street não se podia prever, dirão muitos, nem sequer as suas contaminações em cascata. Prever a Crise não seria possível, mas ter mais e melhor regulação que a impedisse de tomar aquelas dimensões, isso já era obrigação de quem nos governava.

Para trás mija a Burra! E isto são mas é conversas de Velhos (como diz o Amigo Acácio) .

 Claro que sim. Já não se pode recuar no tempo e prender o Madoff antes de começar a roubar, ou meter nas grades os Gestores do Lehman e das Seguradores Gigantes com os seus esquemas de financiamento à compra de habitação especulativos... Mas Recordar significa termos sempre a hipótese de nunca mais repetir! E  isso é muito importante, para as futuras gerações.

Tal como as Autoridades de Tóquio têm estado decerto a mentir ao seu Povo sobre a verdadeira dimensão da catástrofe, por motivos óbvios de controlo da histeria colectiva e para impedir maiores males causados pelo pânico, também aqui em Portugal este Governo nunca parou de ocultar a verdadeira dimensão da nossa desgraça aos Portugueses, mas aqui sem outro  propósito evidente que não fosse o apego ao Poder.

Ou então, e também já vi essa hipótese defendida, porque se soubéssemos mesmo a verdadeira realidade da nossa economia, era de recear uma corrida aos Bancos da maior parte dos cidadãos, o  que levaria o Estado à bancarrota em poucas semanas.

Lembro-me que este mesmo Estado começou a desincentivar o investimento em Certificados de Aforro, há já alguns anos, pura e simplesmente porque não tinha já condições de honrar os seus compromissos para com os Aforradores se o ritmo das poupanças continuasse tão elevado! E estamos a falar de juros de 4% ou 5 % apenas!!!

Como será agora com juros de 8%???!!!

Para completar o "bouquet" destas "rosas" soube-se hoje de manhã que o rating da República foi de novo diminuído ( e em dois níveis) pela Moody's.

E isto antes de terem ouvido ontem à noite o 1º Ministro na SIC...

É de esperar pelo Pior. Com Eleições antecipadas (ou não) a entrada do FMI e  do Fundo de Estabilização da UE parece cada vez mais inevitável , com as consequentes perdas de soberania para Portugal e apertar de cinto para todos nós.

Alguns Portugueses  já não é o cinto que apertam, mas sim a pouca carne que têm disponível, entre as costelas e o cilício dos algozes, à moda de um Opus Dei fanático (Vade Retro!)

Vamos prepararmo-nos para abdicar dos subsídios de Férias e de Natal. Entre outras coisas...

A Alternativa? Não Há.

A menos que queiram viver das batatas da aldeia  que V. cavarem, dos coelhos que apanharem à mão (não é piada, antes fosse...)  e do peixe que pescarem V. mesmos...

Nota: Amanhã prometo que o Post será mais risonho...Ou não...

terça-feira, março 15, 2011

Aimé no Tavares

O nosso Amigo Chef Aimé Barroyer inicia amanhã mais um capítulo da sua actividade em Portugal, como Chef Executivo do Restaurante Tavares, em Lisboa.

Felicidades a este "monstro" do bom gosto e do saber fazer gastronómico, na certeza de que  - se lhe derem asas para voar - Aimé não demorará a trazer a 2ª estrela para aquela centenária instituição, onde Avillez conseguiu a primeira.


O Pote do Marquês (de Pombal)

Na Sexta feira, 11 de Março, parti alegremente para Pombal para fazer uma apresentação na Câmara Municipal sobre a Emissão que dedicámos aos 200 Anos das Guerras Peninsulares.

Era Orador principal o Coronel Américo Guimarães Fernandes Henriques, Professor de História da Academia Militar e perito nas Guerras Peninsulares. Tem  de se ver e ouvir o Sr Coronel a falar para terem uma ideia da presença e da erudição...

Mas vamos ao que - nesta altura - nos interessa:

Já todos os meus leitores mais ou menos sabem que naquela zona de Pombal existe como grande ponto de encontro gastronómico e enológico o "Manjar do Marquês", onde vamos sempre com vontade e de onde saímos já com saudades de lá regressar, . mas desta vez,  e por influência "presidencial" , foi outro o nosso poiso.

De facto o  Sr Presidente da Câmara de Pombal teve a amabilidade de nos oferecer de jantar nessa noite chuvosa, e por iniciativa dele rumámos ao

Restaurante "O Pote"
Estrada do Louriçal, nº 66
Alto da Granja
3100-899 POMBAL
Telefone - 236 217 639

Fica  a cerca de 5 minutos do centro de Pombal, na zona do Alto da Granja, onde se encontram várias indústrias. Perguntem quando chegarem a Pombal,  porque eu fui de noite e "conduzido"...

O "Pote" é gerido pelo Sr Sílvio Ramos, antigo empregado do "Manjar" - bom augúrio -  um de 11 irmãos mais ou menos todos ligados à actividade gastronómica, sendo que  um deles fez carreira como criador e assador de leitões, lá na sua quinta.

Nesta ocasião a refeição foi quase toda ela construída em volta do leitão: Chouriço de Leitão assado na brasa, Empadas de Leitão, Feijoada de Leitão, Pastéis de Leitão (como os de bacalhau), Leitão Assado à moda da Bairrada. Para desenjioar de tanta "leitoice" , um Bacalhau Assado à Lagareiro.





















O Pão (quente, a sair dos fornos) era uma maravilha. Quanto ao vinho proposto na mesa - o medíocre "frisante da Mealhada" só o pudémos exorcisar para que rapidamente desse lugar às coisas boas.... Parecia Ginger Ale. Mas disto não terá o Restaurador culpa, mas sim os Clientes que se habituaram a beber "daquilo"...

Tudo o que comi estava muito bem feito, embora, para o meu gosto, tenha achado o "pastel de Leitão" - imitação feita com lombo de leitão desfiado do verdadeiro pastel de bacalhau -  um pouco enjoativo e o Leitão Assado à Moda da Bairrada a carecer de um pouco mais de molho de sal e pimenta preta.

Todavia, em termos de assadura nada a dizer, ombreia com os melhores da Mealhada. Ao nível do famoso Victor ou da Meta (mas aqui os vinhos são de estalo!). De notar que para cortar a gordura natural do "porco infante" (Zé Quitério dixit)  servem à mesa ananás assado no espeto, à fatia, variando assim das singelas e bem apetecíveis rodelas de laranja comuns na Mealhada.

A sobremesa (já engulida a correr por causa das horas e do Sr Governador Civil já estar à nossa espera) foi a Tarte de Maçã da casa, também ela acabada de sair do forno e muito boa por sinal.

Conclusão: ficámos de olho aberto e de ouvido atento, mas não foi possível saber preços desta refeição...Se tivesse que me deitar a adivinhar sugeriria talvez 20 a 25 euros por cabeça... mas veio muita comida para a mesa  e de muitas variedades. Acho que esta casa "O Pote" merece uma visita mais calma  e sem a companhia "intimidatória" do  Autarca-Mor, a quem qualquer Hoteleiro e Restaurador só não bajula se não puder... As primeiras indicações foram positivas. Há mão de Forno e de Tacho.

A Tragédia no Japão

Apenas uma breve observação sobre o que se está a passar no Japão, onde por cima do violentíssimo terramoto parece que agora estão a desencadear-se fugas radioactivas na velha central atómica que foi atingida pelos estremecimentos da Terra.

E é obrigatória uma dúvida e  uma pergunta: se num povo tão bem preparado para estas coisas, com a mais moderna tecnologia do Mundo em construção sísmica, e bem organizado como poucos em termos de Protecção Civil, estamos a encarar mais de  10,000 mortos ( e há quem fale em 25,000) como seria aqui na zona de Lisboa e Vale do Tejo?

Estremeço a pensar nisso...

segunda-feira, março 14, 2011

O que mais nos faltará (ainda)?

PEC 4, Birras de meninos rabinos, o país a afundar-se alegremente, os Ministros um bocado aflitos para explicar o que (não) sabiam; e o desgraçado do Assis , quase gago na Televisão, a dizer que era preciso "repensar toda a estratégia"...

Que o Primeiro e o PR não se dão bem, isso é conhecido. Agora que um faça a maldade do "Cruel discurso de inauguração" ao outro, e este amua, não o cumprimenta como o Protocolo exigia e ainda por cima, para se vingar,  vai para a Alemanha anunciar medidas sem lhe passar "Cavaco"...

Não lembra a ninguém...Parecem as comadres zangadas, a estenderem a roupa suja de cada uma .

Não sei bem o que ainda nos falta sofrer até atingirmos a "redenção" - a qual deveria ser aqui neste mundo, porque no outro, tanto quanto sei de boa fonte, estão já os apoios sociais garantidos. E a malta angélica não deve precisar muito de Pensões ou Reformas.

O retrato do Portugal deste Fim de Semana foi peculiar.

Por um lado as notícias que nos chegavam da Europa, a deixar mais ou menos estupefactos os indígenas que até tinham ouvido o Sócrates explicar na AR que "tudo estava a correr bem"...

Por outro lado, a Manif da geração "À rasca ", linda! Centenas de Milhares caminhavam nas ruas a explicar os porquês da sua insatisfação.
" Demagogos!" dizia o Santos Silva, cego e surdo tal e qual o velho Almirante que, da sua redoma, escrevia no caderno de apontamentos diário , naquela manhã de Abril, 30 e tal anos para trás :
" O céu está enevoado e o mar de pequena vaga. Parece que há umas movimentações do povo pelas ruas da cidade..."

O problema pode muito bem ser este: O regime actual está podre, mas agarra-se ao Poder com a força do desespero e a noção - infelizmente verdadeira - de que não tem alternativa séria.

Na altura em que as maiores cabecinhas pensadoras deste País já resfolegam e se babam com a noção do Bloco Central , velha e relha, o CDS\PP, o BE, o PCP não querem ser deixados mais uma vez para trás e inventam pretextos para que não os  assumam como perfeitamente dispensáveis...

Greves estarão para aí a chegar, Quer as dos Patrões (Transportes) quer as dos Trabalhadores (Professores, não deve faltar muito).

Com este panorama e a saber-se que o PEC 4 será discutido na nossa inefável AR, depois de ter sido dado como pronto a entrar em "produção", os Alemães e outros pagantes devem dizer para com os seus botões: E não se pode exterminá-los?

De facto seremos um pouco como as baratas para esta Europa moderna: incómodas, com mau aspecto, gastadoras de recursos e  oportunistas... Numa coisa apenas diferimos delas: temos sido  incapazes de nos governarmos sózinhos... As baratas parece que não.

sexta-feira, março 11, 2011

Para Descansar a Vista

Nesta Sexta feira véspera da Manif da "Geração à Rasca" houve que encontrar um Tema especialmente dedicado à Juventude e aos seus anseios. Bem, não sei se o Tio Jerónimo , ou se o Primo Francisco (Louçã) ou ainda se o Compadre Fernando (Rosas)  se podem  qualificar como "Jovens"...
Mas a Juventude está na cabeça, acho eu. Com o avanço dos anos estará  até cada vez mais na cabeça  (de cima) e cada vez menos lá para baixo...

De facto um dos primeiros sinais de velhice é quando um gajo se pôe a arrastar os pés...
Então teremos Jovens de todas as idades, de vários quadrantes políticos, da Direita à Esquerda (vai ser giro ver como se comportam todos juntos) numa salganhada de tal ordem que a Polícia já se encontra de prevenção com a Brigada Cinotécnica (Au, Au, GRRR) e o Corpo de Intervenção (Ai, Ai, Toma Lá nos c***!)


Para "enquadrar" tão brilhante evento aqui vão dois  Poemas, um deles de Florbela e o outro de Eugénio de Andrade:

Mocidade

A mocidade esplêndida, vibrante,
Ardente, extraordinária, audaciosa.
Que vê num cardo a folha duma rosa,
Na gota de água o brilho dum diamante;

Essa que fez de mim Judeu Errante
Do espírito, a torrente caudalosa,
Dos vendavais irmã tempestuosa,
- Trago-a em mim vermelha, triunfante!

No meu sangue rubis correm dispersos:
- Chamas subindo ao alto nos meus versos,
Papoilas nos meus lábios a florir!

Ama-me doida, estonteadoramente,
O meu Amor! que o coração da gente
É tão pequeno... e a vida, água a fugir...

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

Até Amanhã

Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"

Até Amanhã, para ver como foi...

quinta-feira, março 10, 2011

Em Belém tudo começa Bem... Ou não...

Discurso "cruel", "interventivo", "de verdade"; "incómodo", " de 1º Ministro", "quase uma aula", e por aí fora... A grande vantagem que teve esta tomada de posse foi não ter deixado ninguém indiferente. Quanto ao resto e na minha opinião, não houve nada que não fosse já esperado dado o tremendo despudor do discurso do mesmo PR na noite da sua Vitória. Guardado está o bocado... E estava.

Agora que vai ser preciso fazer escolhas importantes  apareceu também na Visão e no DN a "lista" dos trabalhos de casa encomendados por Pedro Passos Coelho (PPC) a alguns economistas de fama. Lendo os resultados não advém ao pobre trabalhador por conta de outrém grande motivo de regozijo caso seja esse PPC\PPD\PSD  a ganhar umas futuras e esperadas eleições. Entre outras coisas aconselham as iluminárias que se baixe mais ainda o ordenado dos ...(está claro, deles, dessa raça infecta) funcionários públicos e dos trabalhadores do Sector Empresarial do Estado. E, para contra-balançar,  aumente-se o ordenado dos Políticos sff!

Este PP Coelho só dá tiros nos pés. Aliás, consta nos mentideros de Lisboa que, tal como João Garcia e outros alpinistas, já quase não possui dedos nos ditos pés, à conta das bordoadas de pólvora que lhe tem dado ultimamente...

Então agora que o PR estava  "encrençado" ao lado do seu Partido, agora que os Juros da Dívida passaram a ser (Ministro das Finanças dixit) "Insustentáveis", agora que a intervenção estrangeira vem por aí abaixo não tarda... Agora que tudo isso aconteceu é que vêm os seus Conselheiros dizer para se "baixar ainda mais os vencimentos do SEE?" e ainda por cima "Aumentar os dos Governantes" ?

Nestas condições quem vai votar  nesse Clube? Aqueles que, tão chateados andam com a socrática governação que mesmo prejudicando-se só querem ver o 1º Ministro em fuga e desonrado por uma derrota estridente?

Mas será assim mesmo? Com estas dúvidas a passar para os MCS - sobre os Salários do SEE, sobre os Vencimentos dos Governantes, sobre o Sistema Nacional de Saúde, sobre a Educação livre e gratuita?

Peço licença para fazer umas contas, muito grosseiras de facto, mas apenas para dar uma ideia aos Leitores das "forças em presença":

São 585 000 funcionários públicos e mais uns 230 000 trabalhadores do Sector Empresarial do Estado, ou seja,  cerca de 15%  da população trabalhadora, à qual juntaremos 600 000 desempregados. Tudo isto dará  1 415 000 votantes potenciais. Quase 32% do Universo dos Eleitores Nacionais...
Mas essa Gente tem famílias. As mulheres, os pais, os sogros, os irmãos, nalguns casos os filhos...também votam... Numa estimativa grosseira toda a "maralha" provavelmente envolvida na trama do cordão umbilical ao Estado e do Desemprego pode dobrar o número em causa. Isto é,  passaríamos para 64% dos Votantes potenciais... É Muito! É Gigantesco! Nenhum Partido pode ganhar em Portugal qualquer eleição sem estes Votos!

Dá que pensar .

De um lado o ódio que todos, ou quase,  têm a José Sócrates, do outro lado o medo que Pedro Passos Coelho venha por aí ainda fazer pior no que toca às garantias fundamentais...

Entre a Espada e a Parede o que vão escolher? Se fosse eu escolhia a Parede, pelo menos podia-me encostar...Enquanto o Abutre esperava pelo cheiro a cadáver...

quarta-feira, março 09, 2011

O Amigo Solavancos

Estava no Cemitério, neste Terça de Carnaval, com a minha Santa cá de baixo, quando o meu olhar perdido  -  à espera que ela acabasse de compor as flores nas diversas campas que por lá trazemos - se fixou numa lápide ali perto da de meu Pai: J. Neto Solans, algum descendente de espanhóis ou centro-americanos, sepultado no Estoril..

Pela proximidade do apelido logo me veio à memória o amigo Solavancos (assim mesmo!) lá de cima da Serra e as peripécias que o envolviam. Nunca o conheci pessoalmente mas trago aqui a história dele tal e qual me foi contada, assumindo que pode haver , aqui e ali, algum exagero causado pela amizade.

Era amigo de meu sogro e do avô de minha muher, e tinha a fama ( e algum proveito) de nunca ter trabalhado em toda a sua vida de boémio serrano. Apenas se entretinha a gastar o que os Pais, Tios e Avós lhe tinham deixado em sorte. Eles,  que eram pessoas de teres e de haveres, tinham passado as vidas a acumular e a poupar para que o único descendente e herdeiro  (ele costumava dizer a brincar que "era o rio onde tinham vindo parar todos os afluentes") o gastasse alegremente, em copos , em carros e em festas com os Amigos.

Chamavam-lhe o "Solavancos" porque, depois das 3 da tarde, assim era o seu percurso pedonal ou de carro,  pelas ruas , fossem elas as de Seia, de Gouveia ou até da aldeia onde a minha família por afinidade vivia. Andava aos solavancos , não fosse o estupor do álcool passar-lhe alguma rasteira que o deixasse estendido ao comprido ou o fizesse bater com o carro nalguma parede mais "escorregadia"...

Nunca casou, viveu em desbunda desde os trinta e poucos anos, quando terá herdado, até aos sessenta e picos, quando morreu. Vendeu todas as terras que a família lhe deixou (melhor dizendo, "comeu-as e bebeu-as") excepto um olival que ofereceu ainda em vida à paróquia da terra de onde era o avô paterno.

Morreu com um ataque cardíaco fulminante. Não deu trabalho a ninguém... Dizia o sacristão que quando o levaram para casa (das poucas coisas que ainda era dele quando morreu) tinha um sobrescrito com o dinheiro para o funeral e  missas em cima de uma estante , e indicações sobre o fato com que queria ser enterrado. Deixou no banco ainda uma centena e meia de contos (naquele tempo um carro médio custava isso, mais ou menos...) e uma carta dirigida ao Reitor de Seia , com instruções para serem repartidos por duas ou três instituições de caridade.

Naqueles trinta anos e tal de vida, o amigo "Solavancos" repartiu o que era dele pelos outros, fez a alegria de muitos estabelecimentos ( tabernas e restaurantes sobretudo) e comprou 3 ou 4 carros estimulando assim o comércio local. Nesses automóveis muitas vezes transportou para o Hospital quem tinha necessidade e não podia pagar táxi.

O Funeral dele foi enorme! Para além dos Amigos e dos representantes das instituições que dotou, em vida ou em morte, apareceram muitos serranos,tocados pela vida de um Homem que , aparentemente, tinha sido bem ao contrário do que o "manual oficial do regime" apregoava: Trabalho àrduo, discrição, honradez na pobreza, poupar para o futuro  e esperar pela "recompensa" no outro mundo.

Ora tinha ali aparecido um "Solavancos" que fizera gato-sapato de tudo isso. Nunca trabalhou, morreu de papo cheio  e nem perdeu um minuto a pensar no que cá deixaria...

Dei por mim a pensar nisto nesta altura do País em que o tal "manual do regime" parece estar outra vez na berra...

Os pobres (porque o eram de facto) serranos dos anos 60 entenderam que a vida  na Terra não podia ser apenas um "vale de lágrimas", devendo haver obrigatoriamente também lugar para o divertimento e para a  apreciação das coisas boas , e por isso despediram-se do "Solavancos" como se fosse um Herói.

Hoje, nestes estranhos anos do século XXI, teríamos nós coragem para fazer o mesmo? Para aclamar um "iconoclasta" como o fora antes do tempo este "Solavancos"?

 Ou desde logo intuimos que os "Solavancos" , se existirem mesmo actualmente fora da ficção,  são mas é todos gatunos, traficantes de droga ou de armas, gajos feitos com o Kadhafi, comilões à mesa com os Ministros, manteigueiros dos grandes de Angola,  corruptores ou outras coisas piores?

É pena e será injusto na maior parte dos casos... Mas são as teias que  a Crise tece... Quem gasta dinheiro nestas alturas é automaticamente conotado com esquemas fora da lei e publicamente condenado sem direito ao contraditório.

Por isso manda a prudência que se acautelem os "sinais exteriores de riqueza"...Pelo menos aqui no rectângulo. Se formos gastar para as Ilhas Fiji já não faz mal nenhum... Porque ninguém estará lá para ver e comentar.