Neste Verão de sombras, apesar da humidade e do calor aconselharem os brancos, os verdes e os rosés, sabe também muito bem, de vez em quando, ir por um Tinto.
Já é costume português antigo saborear o verde Tinto com as sardinhas de Julho e Agosto. Uma casta bem apaladada e por vezes ausente das nossas mesas é a "Vinhão". Algumas marcas a comercializam: Adega Cooperativa de Ponte da Barca, por exemplo, a uns simpáticos 5 euros.
Os Tintos de Verão, podem beber-se ligeiramente refrescados ...Sim, "refrescados", não estou a dizer congelados nem aquecidos à Lareira, apenas um pouco mais frescos do que os grandes tintos de Inverno.
Querem Temperaturas? Posso dar e darei a seguir, mas aviso já que com isto dos vinhos o problema da temperatura é que esta é sempre relativa e varia com a disposição do bebedor...
Não acreditam? Tenho histórias para vos contar de grandes senhores da nossa enologia que barafustavam com temperaturas "erradas" apesar do termómetro do desgraçado do restaurador estar a apontar o nº "mágico" que vinha recomendado em todas as "bíblias" destas matérias.
A norma francesa estabelece a regra 7-10-15 para o serviço do Vinho: 7º para os brancos leves, para o Champagne, para os nossos verdes. 10º para os brancos encorpados e olorosos. 15º para os Tintos.
Mas, como é natural e humano, todas estas regras existem para se "baralharem" ao gosto do artista. Um só cuidado: não bebam Tintos a mais de 18º\19º porque o alcoól que se liberta a temperaturas mais altas não vos vai deixar apreciar o bouqet nem o gosto. Da mesma forma, não bebam brancos abaixo dos 5º porque deixam de poder apreciar a delicadeza dos sabores, encerrados que ficam estes dentro do frio do vinho.
Experimentem estes vinhos Tintos agora no Verão (comentários cortesia de winept.co - vinhos on line) dois deles de Jorge Moreira, o renomado autor do "POEIRA", o outro é de Miguel Louro.:
Passagem 2005 (14€)
Resultou então um vinho eloquente, frutado, aromático e denso, como é apanágio do Douro Superior, mas também um vinho suavemente austero, estruturado e fresco, como os vinhos que Jorge Moreira gosta de fazer. Um vinho complexo e pleno de nuances, sem o frutado óbvio e generoso em que o Douro Superior é pródigo. A bondade do ano 2005 não terá sido alheio a esta realidade... Este foi o primeiro ensaio, de outros que se vão seguir. Uma estreia a celebrar, num vinho que revive os princípios que Jorge Moreira sempre defendeu - estrutura e complexidade, desta vez acrescidos do exotismo da fruta mais apelativa.
Características
Região:Douro
Castas:Predominância de Tinta Roriz, Touriga Nacional, Touriga Franca e uns pozinhos de outras 20 castas
Estágio:Inox
Teor Alcoólico:13,5%
Enólogo:Jorge Moreira
Jota 2005 (15€)
Recorrendo a uvas compradas na zona que melhor conhece, muito mais daquilo que na gíria se designa um vinho "quadrado", o que Jorge Moreira nos apresenta é um tinto com uma complexidade já muito interessante e óptima capacidade de evolução. Vindimado cedo, em busca de acidez e frescura, fermentado em lagar e estagiado nas melhores madeiras, mas barricas usadas, para não marcar demasiado; o que temos é um vinho fácil de boca mas com nuances aromáticas capazes de cativar os mais exigentes. Para durar e evoluir em garrafa na próxima meia dúzia de anos! Portanto, nada a ver com alguma exuberância frutada que por aí anda, até mais "barata", mas que um ano volvido já entregou a fruta (para não dizer o resto...) ao criador. Pouco acima no preço, este Jota tem muito, muito mais que se lhe diga...
Características
Região:Douro
Castas:Mistura de castas tradicionais do Douro.
Estágio:12 meses em barricas francesas usadas.
Produção:14 mil garrafas.
Enólogo:Jorge Moreira
O Mouro 2005 (19€)
É mais simples e directo. Entendamo-nos, não é um tinto qualquer. Pelo contrário. Tanto mais interessante quanto a sua estrutura e frescura o tornam um caso à parte na planície. Talvez ainda mais que o primeiro. Este, Miguel Louro e Dirk Niepoort fizeram-no em parceria, procurando não só a singular frescura do 2000, mas taninos ainda mais firmes, menos doces e arredondados que o estereótipo alentejano. Ou seja, como vinho, este será até mais autêntico. Não esquecendo que a palavra deriva do termo latino para "autor"...
Características
Região:Alentejo
Castas:Trincadeira (50%) e Cabernet Sauvignon (50%).
Estágio:10 meses em madeira nova francesa.
Teor Alcoólico:13,5%vol.
Produção:7500 garrafas.
Enólogo:Miguel Viegas Louro.
Já provei estes todos e, para mim, neste Verão, o que me soube melhor, foi o
Passagem...
Bom proveito!
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