segunda-feira, março 10, 2008

Governar com um Olho na Rua e outro no Programa


Em rescaldo da gigantesca Manifestação de Professores e seus acompanhantes, que se realizou no último sábado, faço aqui algumas reflexões já sem estar a "quente" nem impulsionado pelas Televisões que cobriram o acontecimento profusamente.

O Doutor André Freire, ilustre Politólogo da nossa praça, escreve hoje no Público que "nem só de votos vive a Democracia" querendo com isto dizer que deve o Governo tomar obrigatoriamente em atenção estas manifestações de repulsa popular que se têm acumulado nos últimos tempos e que já provocaram - quer queiramos quer não - a queda de um Ministro.

Mesmo pessoas que em Política já não são aprendizes mantêm que governar "com um olho na rua, nas manifestações, e outro no programa de Governo que nos fez eleger" é não apenas aconselhável politicamente, como diz André Freire, mas também obrigatório (inevitável) à medida que se aproxima o novo ciclo eleitoral.

Não concordo com a "bondade" da governação por demagogia, atendendo e dando vénias hoje à Manif dos Profs, amanhã à dos Funcionários Públicos, depois de amanhã à dos Ferroviários, etc, etc...
Para andarmos mais uma vez nessas exéquias, como fez António Guterres, mais valia serem convocadas (e já!) Eleições antecipadas que mostrassem ao País de que lado estava de facto a maioria.

Mas, ao contrário, assim vamos estando reféns das TV's e dos 620 Autocarros que desceram a Lisboa...

Governar tendo em atenção esse descontentamento é uma questão de sobrevivência (dirão alguns). Talvez, mas também de falta de espinha vertebral...

Por esse motivo se "prostituem" Primeiros Ministros e Governos, desde sempre. Por essse motivo se lançam às feras do Coliseu Popular alguns Ministros, por esse motivo nenhuma política séria tem hipóteses de se cumprir, nesta terra , passados dois anos de poder.

A única excepção foi a de Cavaco Silva, com duas maiorias absolutas. E ainda hoje, não obstante as diferenças políticas, muitos concordam que foi a altura em que se alicerçou a estratégia de modernização de Portugal.

Pensei - eu que sou um velho socialista liberal - que José Sócrates poderia ser , não um outro Cavaco, mas sim um socialista moderno que não largaria a governação sem deixar a sua marca nas reformas de que o País tanto necessita e que foram (também elas) parangonas do seu programa de Governo.

Ainda tenho esperança, mas a saída do Ministro da Saúde não me deixou grandes hipóteses de continuar a acreditar.

Veremos o que se passa agora com a Ministra da Educação.
Se sair , então Sócrates junta-se aos "outros" , do PS e do PSD , que só governavam para os aplausos e para a "fotografia" tendo sempre em pano de fundo o Papão de 2009 e das Legislativas.. Se não sair, haja fé...

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