sexta-feira, março 21, 2008

21 de Março DIA MUNDIAL da POESIA


Conheci David Mourão-Ferreira há muitos anos atrás quando ensaiava os primeiros passos de amizade e de companheirismo com os proprietários do Beira Mar, em Cascais, onde o Poeta era Cliente assíduo.

Teria sido em 1977 ou 1978 quando comecei a ganhar dinheiro, como Assistente Estagiário no ISCTE, profissão que me permitiu "debutar" para o mundo do consumo com meios próprios.

Tinha eu 21 ou 22 anos...

David, soube-o mais tarde pelos colegas e admiradores, amava delirantemente as Mulheres. Todas elas. De facto raramente o vi almoçar sózinho lá na "Sala VIP" (esta é uma piada de caserna, desculpem lá, só para iniciados do Restaurante referido).

Neste Dia Mundial da Poesia, que também coincide com a Sexta Feira Santa, lembrei-me , não sei bem porquê, de David e do seu cachimbo, a namorarem descaradamente uma ou outra figura feminina à mesa do seu Restaurante favorito, depois de terem comido os "filetes de pescada" que ele tanto apreciava.

E, como ontem Ela entrou sem pedir licença a ninguém, como Mulher que se preza, aqui vai a "Primavera" de David, em homenagem ao Homem e a Ela...

Primavera


Todo o amor que nos
prendera
como se fora de cera
se quebrava e desfazia
ai funesta primavera
quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia

E condenaram-me a tanto
viver comigo meu pranto
viver, viver e sem ti
vivendo sem no entanto
eu me esquecer desse encanto
que nesse dia perdi

Pão duro da solidão
é somente o que nos dão
o que nos dão a comer
que importa que o coração
diga que sim ou que não
se continua a viver

Todo o amor que nos
prendera
se quebrara e desfizera
em pavor se convertia
ninguém fale em primavera
quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia

David Mourão-Ferreira

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