quarta-feira, janeiro 28, 2015

Ansiedades Enológicas


No âmbito da minha vida profissional bastas vezes tenho de lidar com gente que sabe muito mais do que eu.

De quê? (perguntarão os leitores).

Pois de tudo, ou de quase tudo. Se almoço com o Prof. Fabião sou esmagado pela densidade do seu conhecimento arqueológico. Se janto com o Prof. Contente Domingues, lá levo um baile transcendente de história dos descobrimentos e seus navios, se me encontro ao final da tarde para falar com o Prof. Mário Ruivo, a "banhada" é certa  em tudo o que diz respeito ao mar e às ciências do mar...

Para já não falar das tertúlias "da comilagem" onde entra o Zé , a  Fátima, a Dª Maria de Lurdes, o Engº Bento dos Santos  ou o amigo Fortunato, e onde a sabedoria conjunta à mesa sobre gastronomia é tanta que o pobre mortal anseia ser parente do Sponge Bob, para poder absorver tudo o que ali se diz...

Hoje tenho um dilema parecido, uma vez que,  já em trabalhos preparatórios de mais um livro temático sobre "Vinhas Velhas de Portugal" , levo a almoçar um dos melhores críticos de vinhos do país e uma fotógrafa especializada na mesma matéria . Ambos, repito, são do melhor que existe aqui no burgo nesta matéria.

E que vinhos lhes vou dar a beber??
O meu amigo Paulo Mendonça  do Beira Mar (galinholas de cair para o lado, ainda "lambo os bêços") tem às vezes pela frente este dilema, quando lhe entra pela casa dentro o Sr. Bernd Philippi, wine maker "extraordinaire" tanto em França, como na Alemanha, Espanha, Portugal , África do Sul, etc... com o seu amigo Werner Näkel, outro que tal. São daquelas pessoas que adivinham o ano do  Porto Vintage e apostam por fora. Em Portugal a marca que fizeram e engrandeceram foi a Campo Ardosa do Douro.

Sabem de vinhos ( e do mercado de vinhos) mais eles sozinhos do que a troupe circense inteira do Sr. Parker....

O Paulo normalmente dá-lhes Alvarinhos envelhecidos, com 6 anos ou mais, e Mouchão dos anos 70.

 E os bons alemães (porque o são, magníficos!) gostam...

Mas eu, hoje, com gente aqui criada no rectângulo não poderei resolver o problema dessa maneira elegante...

Vou ao meu "maluco encartado" almoçar, porque é o local onde a iconoclastia enológica se pode observar na sua forma mais delirante (Horta dos Brunos) e logo veremos o que o Pedro nos há-de pôr na mesa...

Uma coisa é certa: seja o que for , "eles" já o devem ter provado...

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