terça-feira, agosto 27, 2013

Portugal a Arder


Porque estão a morrer tantos Bombeiros neste ano?
Não podemos ficar insensíveis ao que se vem passando neste Verão : Incêndios que não param, área ardida considerável e, sobretudo e infelizmente, perda de vidas humanas, quatro (por enquanto) bravos soldados da paz.
E mesmo nunca esquecendo  que já passámos por situações bem piores (o Verão de 2003, onde a área ardida atingiu o valor catastrófico de mais de 425 000  ha, e houve a lamentar a perda de 18 vidas), não existem dúvidas que esta situação recorrente, ano a ano, Verão a Verão,  deve ser encarada com enorme seriedade pelos poderes públicos.
Leiam aqui um comentário da Infopédia ao que se passou em 2003:
Como resolver esta calamidade?  Com a devida vénia à origem transcrevo a que me pareceu, depois de ler várias explicações, a mais racional e sensata explicação para o flagelo que nos assola todos os anos:  

OS FOGOS FLORESTAIS EM PORTUGAL: O PLANEAMENTO DO ESPAÇO NA INTERFACE URBANO-FLORESTAL E A SEGURANÇA DAS POPULAÇÕES”
Duarte, Jorge Filipe Baptista - Licenciado em Geografia – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

“…Em suma, tem-se assistido ao êxodo das populações para a cidade o que por um lado vai conduzir a um abandono de habitações em áreas florestais e potenciar uma necessidade da expansão das cidades para espaços florestais, consequentemente também se registando um abandono das práticas agrícolas tradicionais (essencialmente nas últimas décadas) o que muito tem conduzido para um aumento da frequência e da intensidade dos incêndios florestais, já que há um abandono dos campos e o aumento das áreas de pousio.
Por outro lado, nas áreas florestais a lenha deixou de constituir o elemento primordial de aquecimento e base energética para cozinhar os alimentos  e este vai ser o principal problema no aumento da biomassa e de material combustível que fica nos terrenos e que constitui um risco acrescido para a deflagração e propagação de incêndios nas áreas.
Desta forma e ao contrário do que se pode pensar, a área florestal em Portugal tem aumentado (REGO, 2003) nas últimas décadas em virtude quer do aumento da expansão da área de plantação de eucalipto mas também em virtude do abandono da actividade primária ( que referi no parágrafo anterior).
 São várias as situações de numerosas habitações e loteamentos implantados em áreas florestais – “o resultado é uma paisagem na qual as habitações e árvores são
inextricavelmente imbricadas, criando assim uma interface urbano-florestal original e agradável para os habitantes, mas extremamente perigosa para o habitat e seus ocupantes” (CARREGA, 1992: 109).
Raros não são os exemplos de habitações de segunda residência (muitas vezes também de emigrantes) em que os pátios, jardins e quintais, bem como algumas terras de cultivo, lentamente, começam a estar ocupadas por vegetação espontânea que, gradualmente, passa de vegetação herbácea, para sub-arbustiva (matos) e até nalguns casos para  o completo abandono que conduz ao crescimento mesmo de vegetação arbórea, aumentando a carga de combustível na proximidade das habitações e proporcionando uma continuidade de vegetação extremamente nefasta para os edifícios e onde a probabilidade de arderem é muito maior, já que está favorecida a ignição dos combustíveis quer pela projecção aérea de partículas incandescentes, quer pelo contacto directo das chamas de um incêndio….”




Ou seja: A Floresta arde porque é abandonada, porque é transvestida de eucaliptal e porque não se planeia esse abandono nem se coordena a plantação, a limpeza e o repovoamento. A Floresta arde porque qualquer mão de diabo (seja criminosa, negligente ou ocasional) tem ali mesmo ao pé uma pilha de material combustível à espera de ser incendiado. A Floresta arde porque proporciona demasiadas oportunidades aos "ladrões" . E se é a ocasião que faz o ladrão, também é verdade que ninguém pode fazer uma fogueira sem lenha... E, finalmente, a Floresta arde porque quem deveria tomar as medidas profilácticas e tomar providências para as fazer cumprir obrigatoriamente - o Governo da Nação - não tem dinheiro nem para mandar pôr fundilhos nas calças... E isto não é de agora!! Sempre assim foi, porque : as árvores não votam e os aldeões são poucos e não contam eles também para os votos.

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