quarta-feira, agosto 07, 2013

Como se estragam as combinações

Não falo de combinações no sentido arcaico do tema, uma espécie de camisa de noite fina que as mulheres punham (lá para os anos 50 do século passado) por cima do soutien e das cuecas para acomodar a roupa de fora. Falo sim das conversas que as pessoas têm umas com as outras para "combinar" almoços, reuniões, saídas à noite, tardes de compras , etc, etc...

O grande (para mim o maior) obstáculo à concretização das tais combinações é o facto da maior parte da malta já não escrever nada em papel, preferindo utilizar as aplicações dos smartphones para tal fim.

Para que tudo funcione não só é necessário dominar a tal aplicação, não se esquecendo de carregar em nenhum "done" depois de escrever o recado, como também se torna necessário que o aparelho esteja programado numa forma de alertar o "dono" que seja audível, visível e (sobretudo isso) antecipada...

Caso isso não aconteça lá se vai a "combinação".

Já me aconteceu - exatamente por ter confiado cegamente na tecnologia portátil - esquecer ("passar-se-me" é um termo interessante) de algumas datas importantes, como dias de anos de alguma querida companheira, ou até de comparecer em determinadas reuniões. Nem tanto as do trabalho, que para essas continuo a manter a velha e sensata agenda de papel em cima da secretária, mas as outras da minha vida particular, as quais muitas vezes me esqueço de passar para a agenda de papel porque não a tenho ao pé de mim quando as marco.

Por estranho que pareça é raríssimo esquecer-me de almoços (ou jantares) que estão marcados.
Por um lado cada vez mais escolho as pessoas com que tenho de almoçar (sempre foi um óleo de fígado de bacalhau almoçar por obrigação, com quem não nos interessa nada) e , por outro lado, porque são as horas que passamos à mesa - seja ela rica ou pobre - das melhores que podemos levar desta vida se - e isso é muito importante - "lá no assento etéreo onde subimos memória desta vida se consente", o que não é certo como bem sabia o nosso Poeta.

É claro que muito boa gente anda com uma pequena e discreta agenda de bolso no casaco, exatamente para esse efeito. O nosso sempre lembrado Dr. Pilar até andava com duas... Uma para os CTT e outra para a vida privada.

A mim não me dá jeito a agenda de bolso. Por um lado praticamente não cabe nos bolsos da frente dos meus casacos devido ao volume dos "peitorais" (para não lhe chamar outra coisa) que têm de acomodar. E, por outro lado, porque quando tentei andava sempre a esquecer-me do livrinho em todo o lado onde o pousava.

A resposta lógica parece ser a de só fazer estas "combinações" misturadas com almoços ou jantares, o que me levaria a estar sempre atento às mesmas. Só que - lá está o problema - nem sempre os interlocutores em causa (e que não me estão aqui a ler) sobem acima da qualificação do óleo de fígado de bacalhau...

Não há almoços grátis. Mas é pena (acrescento eu).

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