Nesta primeira Sexta Feira de Agosto deviam celebrar-se as Férias. Digo "deviam" porque do modo como as coisas estão poucos serão os tugas que têm as malas aviadas.
A não ser que sejam como eu, que tenho lá em cima para a Serra um poiso para recarregar as baterias a preços módicos (pelo custo de "bons dias" e "muito obrigado", fora algumas vitualhas que se levam para entreter à mesa). Mas dessas "Crónicas da Serra" falarei mais tarde, lá para o dia 11.
Siga então - e não obstante ser este também o mês do temível IRS - poema de louvor ao descanso, ao santo ripanço.
Do grande Fernando Pessoa aqui deixo esta jóia:
Aqui Onde se Espera
Aqui onde se espera
- Sossego, só sossego -
Isso que outrora era,
Aqui onde, dormindo,
-Sossego, só sossego-
Se sente a noite vindo,
E nada importaria
-Sossego, só sossego-
Que fosse antes o dia,
Aqui, aqui estarei
-Sossego, só sossego -
Como no exílio um rei,
Gozando da ventura
- Sossego, só sossego -
De não ter a amargura
De reinar, mas guardando
- Sossego, só sossego -
O nome venerando...
Que mais quer quem descansa
- Sossego, só sossego -
Da dor e da esperança,
Que ter a negação
- Sossego, só sossego -
De todo o coração ?
Fernando Pessoa, in 'Cancioneiro'
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