30 de Agosto, acabamos o mês da “silly season” com alguma mágoa devida aos resultados desastrosos dos incêndios e às mais que estúpidas mortes de tantos bombeiros.
Como diz o meu senhorio, quando falta dinheiro no Estado começamos logo a ver nas pequenas coisas do dia-dia: na qualidade dos cuidados de saúde, na falta de medicamentos nos Hospitais, na degradação do ensino na Escola Pública e , obviamente, na não execução dos programas de limpeza das matas. E disto sei eu, porque conheço a matéria lá em cima na Serra da Estrela!
O problema está em que quando não havia dinheiro no antigamente do Estado Novo, as matas estavam controladas pelos nossos rurais, que delas cuidavam nem que fosse apenas para terem a casa aquecida no Inverno e fazerem as refeições diárias. E agora? Esses rurais estão nos subúrbios…
Admito que muitos portugueses foram para férias, mas admito também que regressarão de queixo caído, pensando já em quais serão os sacrifícios que vão ter de encaixar para que o Governo cumpra o programa da Troika depois do chumbo (merecidíssimo!) da proposta de lei da requalificação laboral na função pública.
Temos de arranjar ânimo para ultrapassar essas ( e outras) dificuldades. Desejo, sinceramente, que a malta toda possa ir votar com alegria e vontade de mostrar algum atrevimento aos “donos da bola”.
Porque “revolta” rima com “vota”.
Por isso tudo aqui fica a poesia de Zeca Afonso, dois curtos poemas para “animar a malta”:
Quem diz que é pela rainha
Quem diz que é pela rainha
Nem precisa de mais nada
Embora seja ladrão
Pode roubar à vontade
Todos lhe apertam a mão
É homem de sociedade
Acima da pobre gente
Subiu quem tem bons padrinhos
De colarinhos gomados
Perfumando os ministérios
É dono dos homens sérios
Ninguém lhe vai aos costados
Que amor não me engana
Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se de antiga chama
Mal vive a amargura
Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor não se entrega
Na noite vazia
E as vozes embarcam
Num silêncio aflito
Quanto mais se apartam
Mais se ouve o seu grito
Muito à flor das águas
Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira
Em novas coutadas
Junto de uma hera
Nascem flores vermelhas
Pela Primavera
Assim tu souberas
Irmã cotovia
Dizer-me se esperas
O nascer do dia
José Afonso