Em países onde o desemprego se aproxima ou até ultrapassa os 20% , e onde em certas classes populacionais - como nos mais jovens - atinge já uma obscena marca de 40%, parece utópico falar do 1º de Maio, ou pelo menos fora de fase, como se estivéssemos alucinando, delirando com febres altas...
Um pouco como o náufrago a morrer de sede a quem os colegas de infortúnio importunam para discorrer sobre a influência na prova das diferenças de temperatura a que se deve beber o vinho Alvarinho...
E no entanto, se não falarmos do 1º de Maio e da importância que essa data teve, tem e terá sobre as relações laborais, estaremos sem querer a meter mais um prego na sepultura da Democracia.
Os operários que se revoltaram em Chicago, nessa madrugada fria, abriram com sangue o caminho de todos nós. Abriram um caminho que hoje parece estar condenado a ser cada vez mais estreito, feito de conquistas sociais que nos querem tirar em nome da "competitividade", da "segurança do emprego", da "manutenção das reformas".
O Ocidente quer competir com as fábricas do Bangla Desh - onde há 2 dias morreram 400 almas, por defeitos de construção num prédio-fábrica que desabou. O Ocidente quer competir com os salários dos chineses, com os dos indianos e paquistaneses. Quer competir com países onde não há segurança social, nem reformas, nem assistência à maternidade ou à doença.
O Ocidente devia ter vergonha e passar as leis que impedissem os seus gigantes industriais de se instalar nesses locais. E devia ainda passar as leis que proibissem a importação dos bens vindos dessas escravaturas, feitos pelos meninos-operários a troco de pão e água ou por desgraçados em condições sub-humanas.
O Ocidente não faz nada disso porque convém às grandes Indústrias e aos seus grandes Bancos pensar na economia "globalmente" e encarar o mundo todo como o seu parque de recreios privativo...
Como se pode impedir a China de exportar ao preço da chuva, se neste momento se trata de um dos maiores importadores de bens de luxo do Planeta? E há que escoar os Beamers, os Mercedes, os perfumes e as roupas de marca...
O Ocidente vai acabar por ser vítima da sua própria voracidade, logo que deixe de ser capaz de sustentar a segurança social nas suas fronteiras. E esse dia não está muito longe. Mais depressa a Sul, sem dúvida, mas a vez do Norte vai chegar.
Por todos estes motivos; Viva o 1º de Maio! Viva o Trabalho! Vivam os Trabalhadores!
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