sexta-feira, maio 10, 2013

Para Descansar a Vista

Estou a favor dos Touros!!

Não se pense que isto tem alguma coisa a ver com "toiradas" e "mortes na arena"!  Falo dos dois touros que se piraram quando iam a caminho de uma morte anunciada, no matadouro de Viana do Castelo, e que nunca mais (até ontem) foram apanhados.

Pergunto , e se fosse connosco? Não nos bazávamos também? E o mais depressa que as pernas e a barriga deixassem?

Os infames torcionários até trouxeram em desespero de causa uma vaca em cio, para ver se os machos vinham ao engano. Mas eles, e bem, não ligaram ao "chamego". E por causa disso levaram logo roda de gays e pior... Está mal! É homofobia  primária (torofobia, aliás).

Então não há liberdade para cada um seguir o seu chamamento? Até para os touros, coitados, que habituados a ser "espremidos" por uns macacos quando da inseminação artificial já nem devem saber bem o que é uma vaca ao vivo e a cores...

Posto isto,  é óbvio que o tema de hoje tinha que ser a Liberdade! E aqui vão poemas:

Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'


A solidão é sempre fundamento
da liberdade. Mas também do espaço
por onde se desenvolve o alargar do tempo
à volta da atenção estrita do acto.


Húmus, e alma, é a solidão. E vento,
quando da imóvel solenidade clama
o mudo susto do grito, ainda suspenso
do nome que vai ser sua prisão pensada.


A menos que esse nome seja estremecimento
— fruto de solidão compenetrada
que, por dentro da sombra, nomeia o movimento
de cada corpo entrando por sua luz sagrada.

Fernando Echevarría, in "Sobre os Mortos"

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