sexta-feira, maio 17, 2013

Para Descansar a Vista

Amanheceram cinzentos e chuvosos os dois últimos dias, parecendo que o clima acompanha a tribo benfiquista na sua decepção profunda...

(Ganda treta para dizer que o tempo está uma trampa, mas adiante, perdoa-se...)

Para hoje lembrei-me de mostrar aos leitores como pode ser o bom tempo, o bom tempo do amor , feito para amar. Só para ver se os poderes superiores deixam passar a indireta e autorizam o compadre Sol a mostrar-se mais, para gáudio e esperança de todos os corações enamorados.

Porque, nunca se esqueçam, o enamoramento é o supremo prazer da vida e dos únicos que se podem usufruir em qualquer idade.

Começo ( e bem!) com Paul Verlaine:

A une femme

A vous ces vers de par la grâce consolante
De vos grands yeux où rit et pleure un rêve doux,
De par votre âme pure et toute bonne, à vous
Ces vers du fond de ma détresse violente.

C'est qu'hélas ! le hideux cauchemar qui me hante
N'a pas de trêve et va furieux, fou, jaloux,
Se multipliant comme un cortège de loups
Et se pendant après mon sort qu'il ensanglante !

Oh ! je souffre, je souffre affreusement, si bien
Que le gémissement premier du premier homme
Chassé d'Eden n'est qu'une églogue au prix du mien !

Et les soucis que vous pouvez avoir sont comme
Des hirondelles sur un ciel d'après-midi,
- Chère, - par un beau jour de septembre attiédi.

E termino com Pedro Támen:

A Luz que Vem das Pedras

A luz que vem das pedras, do íntimo da pedra,
tu a colhes, mulher, a distribuis
tão generosa e à janela do mundo.
O sal do mar percorre a tua língua;
não são de mais em ti as coisas mais.
Melhor que tudo, o voo dos insectos,
o ritmo nocturno do girar dos bichos,
a chave do momento em que começa o canto
da ave ou da cigarra
— a mão que tal comanda no mesmo gesto fere
a corda do que em ti faz acordar
os olhos densos de cada dia um só.
Quem está salvando nesta respiração
boca a boca real com o universo?

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