Não dar a mecha para o sebo é uma expressão idiomática portuguesa bem antiga. Significava que , apesar de minusculo, o valor que se pagava por um "fósforo" (mecha) não se justificaria dado o pequeno tamanho do "coto da vela" (do sebo) que se pretendia acender.
Mais tarde veio a significar que algo é insuficiente, que não vale a pena tomar medidas se as conclusões esperadas forem insignificantes. No fim de contas é uma expressão que relativiza o Investimento face aos Resultados previsíveis.
Por exemplo: Vale a pena investir na educação dos filhos se não vemos forma de os empregar mais tarde?
Não será preferível pôr os "meninos" a aprender numa oficina de mecânica e bata-chapa? Com a crise a avolumar-se é expectável que cada vez mais carros tenham de fazer 7, 8, mais de 10 anos ao serviço da mesma família, o que dará boas oportunidades para as oficinas...
Carpinteiros (já não digo marceneiros, que esses roçam a fasquia de artistas) e Eletricistas, Pedreiros e Estucadores, serão as profissões do nosso futuro.
Alguns rapazes e raparigas, os que tiverem mais sorte, podem arranjar emprego na industria hoteleira, a servir à mesa ou a trabalhar nas copas dos restaurantes e hotéis que sobreviverem.
As raparigas terão tendência a ficar cada vez mais em casa, como nos anos 50 e 60 do século passado, dado que a escassez de empregos para todos vai obrigar a diferenciar sexualmente a respetiva oferta... tal e qual como aconteceu na Europa e nos USA nos anos que se seguiram à guerra de 39\45.
Algumas das "meninas" deviam aprender corte e costura. Para os "arranjos" e "emendas" no vestuário da família remediada. Todas teriam de ter aulas de economia doméstica, lavores femininos e cozinha.
Lá mandaremos às "hortas" ( Maria Teresa Horta) a "libertação da mulher" e as "queimas de soutiens", tão em moda nos anos 70...
Claro que a alternativa número dois - e mais credível, já que não estou a ver mais de metade da população a remeter-se a atividades de "serralho" outra vez, depois de tantos anos - poderia ser os rapazes e raparigas deixarem de casar e as famílias passarem a ser transumantes (tal como os rebanhos das ovelhas antigamente) : 6 meses em casa dos Pais do Noivo, os outros seis meses em casa da Mãe da Noiva. E assim noivariam para sempre, até ao cansaço de algum dos progenitores.
- "Lá tá o gajo a gozar!! " Dirão alguns leitores.
Olhem que não é tudo gozo. Antes fosse. Meio a sério ou meio a brincar, qual o futuro de um "génio" que estuda ciência teórica nos dias de hoje, aqui em Portugal? Se for mesmo um "génio" só tem um futuro: Emigrar.
Onde vamos empregar as dezenas de milhares de gestores e economistas, historiadores e sociólogos, psicólogos e arquitetos, que todos os anos saem das nossas universidades? É que nem para o ensino liceal servem...
E os cursos ditos "Artísticos" ? Designers, Pintores? Só se os empregarmos (lá está) nas oficinas de bate-chapa, porque até na construção civil , na pintura de paredes e empenas, os dias estão a ficar negros...
Em conclusão: Pais e Mães reflitam bem . Se têm filhos e filhas em idade de escolher a profissão, das duas uma: Ou notam tendência para as engenharias informáticas e eletrónicas ( o que ainda vai garantindo alguns empregos) e podem deixá-los seguir para o IST; ou se notam que os rebentos são mais do tipo "Universidade Clássica" , comecem já a procurar nas redondezas trabalho manual onde possam começar a aprendizagem. Nem que tenham de pagar ao "mestre" , como se fazia na Idade Média, na entrada dos aprendizes para as grandes corporações de ofício...
E então os Médicos e Enfermeiros? O Sistema Nacional de Saúde? Os Cuidados de Saúde na terceira idade ?
Tudo isto parece ter sido chão que já deu uvas, na altura em que Portugal tinha idosos e dinheiro para os apoiar.... Hoje temos velhos que, de acordo com as novas teorias da miséria galopante, só atrapalham, porque contribuem para a insustentabilidade da Segurança Social e entopem os Centros de Saúde!
E não há volta a dar a isto? Haver, há, mas não com a presente gestão do Cinema Europa...
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