Ricardo Costa, director do Expresso, Jorge Roquette, da Quinta do Crasto, João Álvares Ribeiro, da Quinta do Vallado, Catarina Vieira, da Herdade do Rocim, e Jaime Quendera, da Casa Ermelinda de Freitas faziam o programa.
Faço logo um protesto: falta o Dão carago! E a Bairrada pôrra! Então dois Douros (excelentes! Mas isso não vem ao caso!) um Palmela e um Alentejo?
Não seria mais eclético introduzir um Dão em vez do segundo Douro? Ainda por cima Crasto e Vallado fazem parte do mesmo grupo, "Douro Boys"?
Álvaro de Castro, já ouviram falar? E Sidónio de Sousa?
Mas adiante que estas coisas enervam-me e depois tenho de tomar comprimidos.
No seguimento da conversa ouviu-se falar dos indíces Nielsen de consumo de vinhos em Portugal, tendo sido referidos estes dados:
Em Portugal e só "venda de prateleira" (super, hipers e garrafeiras) , 80% das vendas dizem respeito a vinhos que custam menos de 2€ \garrafa, 19% são de vinhos entre 2€ e 5 € \ garrafa e, finalmente, 1% das vendas dizem respeito a vinhos que custam mais de 5 €\garrafa também...
Não sei se ouvi bem, mas como gravei o programa é possível passar estas intervenções as vezes que entendermos até estarmos esclarecidos.
Não haverá engano??!!
A ser verdade parece que o dinheiro está no vinho vulgar (não direi menos bom, a qualidade mede-se dentro de cada estrato e ainda bem que se fazem cada vez mais bons vinhos baratos) e muito menos no vinho premium ou até apenas de gama média.
Tomemos um exemplo de uma casa produtora que tem de tudo, e de uma região (Douro), Sogrape Ferreirinha :
Esteva (5€), Callabriga (16€), Quinta da Leda (32€), Reserva Especial (50€), Barca Velha (quando saíu talvez a 80€ , hoje a mais de 200€).
E de outra da mesma região, a Quinta do Crasto:
Crasto colheita tinto (9€); Crasto Superior (12€); Crasto Vinhas Velhas (22€); Crasto Maria Teresa (70€ quando existe, nas garrafeiras está actualmente a perto de 80€...).
A acreditar no que ouvimos, a Quinta do Crasto trabalha apenas para os tais 1% do nosso mercado! E a Sogrape apenas tem um vinho desenhado para 20% do mesmo mercado, o Esteva!
Bebo Crasto Colheita no dia-a dia. De vez em quando posso até ir por um Quinta da Leda ou Crasto Vinhas Velhas, quando há oportunidade para isso e se os comprei logo em primor... Mas de Barca Velha e Maria Teresa tenho em casa 3 garrafitas e apenas para os grandes momentos...
Por outro lado, devo também dizer em abono da verdade que é raro baixar em gama para os Estevas e outros abaixo dos 5€. A não ser algum Loureiro ou Tinto Verde comprados diretamente ao produtor.
Sou por isso um consumidor pouco característico e - em termos estatísticos - pouco "normal".
Bem como a maior parte dos amigos que tenho, e se calhar por causa disso é que são meus amigos...
Mas voltando ao tema: para que é que as grandes casas gastam neurónios, tempo e investimento duro em grandes vinhos que lhes não dão mais do que 1% de vendas?
Claro que temos que falar da Exportação, onde as marcas mais importantes resolvem os seus problemas...Parece que das 750 000 garrafas produzidas pela Quinta do Crasto, 600 000 vendem-se lá fora, por exemplo...
Em mercados como o Angolano, o Brasileiro e o Chinês vale tudo e quanto mais caro melhor...
Já nos USA e na velha Europa o clima será diferente. A relação qualidade \preço é muito mais valorizada.
Talvez pelo mesmo motivo que a Ferrari, a Mercedes, a Porsche e quejandos (Rolex e Pateks à mistura) têm todos salões de exposição em Shangai, não deveriam os vinhos de Portugal alugar uma super-loja de luxo em Luanda, para venda e mostra do que têm de melhor? É só uma opinião...
Uma coisa é certa: se é em função dos produtos "locomotivas" que o resto do comboio anda mais ou menos bem, devido à preponderância do deus Marketing nos nossos dias, então nenhuma marca de respeito deve deixar de ter um ou dois produtos "estrela" na sua gama. Cuja rentabilidade não se meça apenas em termos diretos, mas sim pelo que de bem pode fazer às sinergias do grupo e dos restantes produtos.
Vivam por isso os Barcas Velhas, os Marias Teresas, os Batutas, os Novais Nacionais, os Carrosséis do Dão, os Esporões Private Selections e outros que tais...
E se algum recado posso dar aos produtores será este: diferenciem o preço como fazem os franceses aos Grand Crus. Aqui em Portugal, em primor, não levantem muito a garimpa... Depois lá em Shangai ou em Luanda estejam à vontade para abusar...
E que lhes faça bom proveito!
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