Hoje de manhã no "meu" quiosque dos Jornais já não se falava só da Crise. Esta tinha passado para segundo plano...Era dia de derby futebolístico! E a Dª Leonilde até disse:
" Disto é que o Povo gosta! Dêem-lhe futebóis a toda a hora que até dançam! Eu não posso, porque tenho de pagar a renda do quiosque para a semana e ainda não fiz dinheiro que chegue..."
De facto os futebóis animam na altura, mas trazem sempre ressaca ( a quem perder e a quem ganhar, por motivos diferentes) e não resolvem a "quadratura deste círculo".
No dia em que a velhinha Teoria da Relatividade Geral de Eisntein é posta em causa (lá no CERN parece que descobriram uma partícula elementar que viaja mais depressa que a luz!!!) e em que o SLB se desloca à Invicta para encontrar na relva o seu grande rival (que me desculpem os simpatizantes do "outro vizinho" , aqui de baixo) - e de passagem imagino que para os indígenas tugas tem o segundo acontecimento muito maior importância que o primeiro - está na altura para deixar convosco poema do Passado, Presente e Futuro.
Nota: Nem só de Mercedes se desloca o Homem, mas se puderem lá chegar não hesitem...
Passado, Presente, Futuro
Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.
Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.
Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"
E para terminar Alexandre O'Neill, o grande animador dos dias cinzentos do pré-Abril de 74:
Aos Vindouros, se os Houver...
Vós, que trabalhais só duas horas
a ver trabalhar a cibernética,
que não deixais o átomo a desoras
na gandaia, pois tendes uma ética;
que do amor sabeis o ponto e a vírgula
e vos engalfinhais livres de medo,
sem peçários, calendários, Pílula,
jaculatórias fora, tarde ou cedo;
computai, computai a nossa falha
sem perfurar demais vossa memória,
que nós fomos pràqui uma gentalha
a fazer passamanes com a história;
que nós fomos (fatal necessidade!)
quadrúmanos da vossa humanidade.
Alexandre O'Neill, in 'Poemas com Endereço'
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Um comentário:
Crise? Que se lixe a crise! Ontem, o Alberto João, em entrevista à RTP madeirense, até disse, com o seu ar desprendido, que a dívida da Madeira era para aí 5 mil milhões. Ora, se ele não parecia muito preocupado e se os diversos agentes políticos, apesar dos sucessivos avisos do Tribunal de Contas, também parece que nunca se preocuparam muito com a dívida madeirenese, porque é que o pobre e simples português se há-de preocupar?
Venham é futebóis! Termino com uma pequena provocação, que pretende ser engraçada, a benfiquistas e portistas: o jogo SL Benfica v. FC Porto não é mais que o dérbi entre o clube dos provincianos da capital e o clube da capital de província. Saudações Leoninas e desportivas!
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