domingo, fevereiro 21, 2010

A Madeira, afinal, não é um Jardim...

Seria muito fácil escrever aqui uma crónica muito crítica dos métodos do Régulo Alberto João, sobre a construção desenfreada em cima das linhas de água, sobre a estupidez e o provincianismo de "tiradas" como aquela em que se dão graças por "o Turismo não ter sido, felizmente,  afectado pela catástrofe", querendo com isto dizer que 40 madeirenses mortos se calhar valem menos na Bolsa de Transacções do que uma perna partida de um ou dois turistas britânicos...

Seria muito fácil insurgir-me contra a insinuação de que "devem estes assuntos serem tratados aqui dentro, vá lá e quanto muito entre o Governo da Região e o Governo da República, para que lá fora não se fale muito disto e os negócios das viagens não sejam afectados..."

Seria fácil demais, por isso não vou por aí.

Não irei por esse caminho de expor a personalidade "inenarrável" do Dr Alberto João, nem sequer pelo caminho de chamar os bois pelos nomes e achar - salvo seja e descontando a miséria e a dor verdadeira de quem sofreu e sofre na pele estas desgraças - que o que aconteceu pode ter sido a "sorte grande" para o Sr 1º Ministro, mediaticamente falando... E de como ele imediatamente abraçou com pés e mãos esta oportunidade, metendo-se a caminho, prometendo mundos e fundos ao antigo "inimigo",  agora convertido  em "irmão na desgraça"...

As voltas que a reles política vai dando. De demagogia em demagogia até ao "apito final".

Pouco importará que quem autorizou a construção defeituosa e em locais impróprios seja o mesmo Governo Regional que , agora, bate com o punho no peito e clama pelo Governo da República. Pouco importará... excepto para os desgraçados que perderam familiares , que perderam os haveres, que perderam as casas e os carritos.

E que têm de se manifestar com juízo depois destas desgraças! Pois o auxílio, as prebendas pós-catástrofe e os lugares de trabalho a disponibilizar na autarquia , na secretaria regional, na escola, no hospital ou no porto do Funchal serão para quem se portar devidamente e mostrar devoção ao Senhor das Ilhas...

Dito isto - por desabafo - obviamente que estou de alma e coração com essa gente afável e trabalhadora que, a todos os níveis, merecia melhor sorte.

Pomba Branca, Pomba Branca, Já perdi o teu voar...

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