segunda-feira, janeiro 19, 2009

Pobretes e cada vez menos Alegretes


"Estamos cada vez mais pobres"

Li esta frase, que hoje em dia deve ser lugar comum em muita conversa de café , num comentário de jornal ao caso do Freeport, segundo esse comentário os poderes constituídos no tempo do Governo de António Guterres, nomeadamente um Ministro desse Governo, teriam recebido "luvas" dos Promotores do complexo Freeport em Alcochete para deixar construir em local que era Reserva Ecológica Nacional (ou coisa parecida...). Fala-se até do valor dessas "luvas": 5 milhões de euros depositados em off-shores .

O "estarmos cada vez mais pobres" referia-se então a duas coisas: ao facto do nosso Património ecológico estar a ser "trocado" por euros em prol do "bâtiment" e do lobby do betão, com a agravante que os Promotores deste enorme "bâtiment" - tido como o maior outlet da Europa - nem serem portugueses. Mas também "mais pobres" porque - e generalizando - quem pode porque é rico ou é Administrador de bancos ou até "Sr Ministro" foge com os capitais para o off -shore e deixa de pagar os Impostos devidos em Portugal ; e, quem não pode, aguenta com a crise sem que o Estado disponha de dinheiro (dos Impostos ) em cofre para minorar os seus efeitos...

Quando é que a Comunidade Internacional decidirá, uma vez por todas, acabar com a "praga" dos off-shores, na maioria dos casos - e salvo as excepções honradas - um coio de contrabandistas de Armas ou Diamantes, Traficantes de droga e de Corruptos??!!

Leia-se a inspirada intervenção de João Cravinho em Cascais, neste fim de semana, sobre estas situações ... E mesmo que não se concorde ideologicamente com o Homem que não conseguiu (com a maioria do seu Partido) fazer aprovar a lei sobre a corrupção, admitemos todos nós que as suas ideias só não são postas em prática porque "apertam os calos" a muitos e grandes senhores, das Praças financeiras de todo o mundo...

As ligações entre o fenómeno da multiplicação dos off-shores e a actual crise estão ainda para ser estudadas, mas que existem, lá isso existem... E as consequências, essas estão à vista de todos...

Esperam-se - informação do Banco de Portugal - 50,000 novos desempregados em 2009\2010. Admite-se (isto dizem os analistas económicos) que o País se atrase dois a três anos por efeito directo desta crise em termos de endividamento externo, ultrapassando por essa via o plafond mítico dos 3% de déficit.

Como pano de fundo o Processo eleitoral triplo, os Congressos dos Partidos, as "promessas" que se têm de fazer para garantir os votos da classe média...

Como se podem fazer promessas em tempos de crise? Jogando com as coisas de pouca monta financeira mas mediaticamente fortes e ideologicamente fracturantes - como o casamento de pessoas do mesmo sexo e a respectiva autorização para adoptar.

Ou então fazendo promessas perigosas, de cujo efeito levaremos muito tempo a recuperar, como ... baixar Impostos aliviando a carga dos trabalhadores por conta de outrém.

Para estimular o consumo começa a ser tudo permitido... E é mau! Nesta política do vale tudo para que as pessoas gastem, onde fica o apelo à poupança e aos bons hábitos do "pagar sempre a pronto " e do "fugir do crédito como o diabo foge da cruz"?

Caminhamos por uma estreita vereda com precipícios de ambos os lados, onde se transmitem mensagens contraditórias ao cidadão: por um lado deve gastar para estimular a economia e por outro lado deve poupar para que não se afunde a sua vida familiar...

E, no meio dessa vereda, onde está a alegria de viver?

Se o Benfica ganhasse o campeonato outro galo cantaria...

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