segunda-feira, janeiro 05, 2009

Chapelada a João Paulo Martins


No seu artigo do Expresso de 3 de Janeiro JPM faz a apologia de uma nova parceria que fará Vinhos no Douro , João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco, o chefe dos enólogos do Barca Velha - Duorum é o seu primeiro cartão de visita.

Mas, aproveitando esta oportunidade, JPM manifesta o seu desencanto pela uniformidade espantosa em que se pode vir a transformar o panorama (também nacional) mas sobretudo mundial dos vinhos de mesa devido à presença imponente e influenciadora dos gurus "Parkers" , o próprio e os seus seguidores.

Esses "vinhos à Parker" - negros retintos, achocolatados, alcoólicos qb, espremidos até mais não darem as pobres videiras - constituem de tal forma o paradigma no MKT actual da enologia mundial que se torna muito difícil, para um qualquer produtor, ter êxito fazendo diferente, melhor dizendo, ousando ser diferente.

JPM chama-lhes os "vinhos peppermint" e "arreia-lhes duramente" no citado artigo... E que nunca as mãos lhe doam, é o meu comentário!

Já aqui no nosso Blog tivemos muitas vezes o mesmo discurso, contestando que - dentro de alguns anos - já ninguém sabe como um Bairrada se distingue de um Dão ou de um Alentejo, ou de como uma quinta de S. João da Pesqueira faria vinhos diferentes de outra em Portalegre.

Notem que eu próprio sei - até pela formação e pelo que faço na vida - que o MKT é rei e senhor, manda nas decisões de plantio das castas e de tratamento dos mostos na Adega, de forma a que os vinhos se possam escoar bem e a preços condizentes. Ninguém que esteja neste mercado - em seu perfeito juízo - poderá ignorar estas tendências, sobretudo se destinar parte da sua produção à exportação.

Mas aprendam com os melhores - é este o meu conselho. Façam como a Sogrape que aproveitou o êxito do seu produto estrela "Mateus Rosé " - um produto apropriado ao seu mercado e desenhado para agradar a um enorme target de consumidores - para investir parte desses ganhos na feitura de vinhos tão espantosos como o Barca Velha de novo perfil (o de 2000) ou os da Quinta da Leda (Vinha do Pombal sobretudo).

O saudoso Dr. Chambel - Fórum Prior do Crato - afirmava que no dia em que não se conseguisse distinguir o perfil de um vinho regional de outro , estaria Portugal condenado a ser um País produtor de Chardonnais e de Cabernets para alimentar o estrato médio baixo dos consumidores mundiais.

E acho que ninguém aqui neste "jardim" deseja isso.

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