Num dos últimos albuns originais do Lucky Luke, imortal criação de Goscinny (o escritor) e Morris (o desenhador), o velho bêbedo da cidade está encostado à barra do Saloon , com um copo na mão, e não reconhece o liquído que está a beber... Tinha havido sabotagem dos "maus da fita" aos barris de Whiskey americano, substituindo o tão apreciado alcoól por...água. E o bêbedo, quando se apercebe pelas reacções dos companheiros que "aquilo é que é água", tem a seguinte tirada:
"- Água Hein? Nunca tinha provado, mas também não está nada mal..."
Sempre me desmanchei a rir com esta tirada, e por dois motivos : em primeiro lugar o espanto de algum ser humano nunca ter "provado água" - o que é cientificamente impossível, segundo me parece... Mas também a leitura que nos remete para outro facto anedótico (mas que já não sinto que seja assim tão inverosímel) . É que a partir de determinada altura do "consumo" já não interessa o que se coloca nos copos , desde que estes estejam sempre cheios...
Um familiar meu que foi "sommelier" num luxuoso Hotel do Estoril contava muitas vezes a história de como, nos anos 60 e 70, trazia discretamente aos jogadores do Dinamo de Kiev ou do Lokomotiv de Moscovo - normalmente eram estes os campeões russos que vinham a Lisboa defrontar o Benfica para a Taça dos Clubes Campeões Europeus - Vodka e Vinho do Porto (este para dar cor) em Bules de Chá com as respectivas chávenas, para enganar o "Controlador" do Partido que fazia a viagem com a Equipa...
Mas, como era do Sporting, só lhes fazia este favor depois do jogo, não fossem os homens perder a "coragem" e jogar mal contra o grande rival vermelho...
E os jogadores e treinador agradeciam-lhe com grandes latas de Caviar, motivo pelo qual eu próprio - não sendo filho de nenhum Banqueiro - desde miúdo me habituei a comer "daquilo"... E o problema é que, contrariamente às expectativas de Tios e Pais, logo gostei...
Os hábitos alcoólicos que por vezes começamos socialmente, para entreter as horas numa noite de diversão, podem-se tornar perigosos se não houver algum cuidado e "tento na bola".
Hoje em dia já não é apenas a figura do GNR a controlar o hálito à saída dos bares da 24 Julho ou das Docas que nos deve fazer reflectir, mas sobretudo a constatação que a bebida cria hábito.
Para nos sentirmos com aquela sensação de euforia dos dois ou três copos nas primeiras noites, já será necessário emborcar 5 ou 6 nas semanas seguintes... E por aí fora.
Tudo isto vem a propósito da dificuldade que existe hoje em "traçar a fronteira" , em estabelecer a diferença, entre aqueles e aquelas que consomem (tanto pode ser alcoól como cocaína ou marijuana) casualmente porque as circunstâncias socias o permitem e\ou o impelem e os outros, aqueles que já não podem passar sem esses estímulos artificiais que destróem os neurónios e ostracizam socialmente.
E há tanta hipocrisia por aí, começando na Publicidade e no Product Placement (vejam-se os filmes de James Bond, por exemplo, ou as séries de culto americanas como Dirt ou Californication) e acabando com as reportagens da TV mesmo aqui em Portugal sobre as festas das várias "saisons" onde impera o consumo desses "estimulantes" . Para já não falar da célebre entrevista de Miguel Esteves Cardoso , segundo a qual o "Indy" de saudosa memória só saía todas as Sextas Feiras à conta de muito Gin, Whisky, anfetaminas e cocaína...
Consta que Lucky Luke era o único "cowboy" mais rápido a "sacar" do que a própria sombra. Batia nos maus , e para além disso, fumava e bebia. Até tomava sempre banho com a "artilharia" à cintura...Tudo hábitos hoje em dia politicamente incorrectos... Porventura os seus livros seriam proíbidos às crianças nestes dias de todos os extremismos...
Será que os censores "fariseus" tomariam estas decisões à mesa , entre dois cognacs e um charuto??
Ora Bolas!
"- Água Hein? Nunca tinha provado, mas também não está nada mal..."
Sempre me desmanchei a rir com esta tirada, e por dois motivos : em primeiro lugar o espanto de algum ser humano nunca ter "provado água" - o que é cientificamente impossível, segundo me parece... Mas também a leitura que nos remete para outro facto anedótico (mas que já não sinto que seja assim tão inverosímel) . É que a partir de determinada altura do "consumo" já não interessa o que se coloca nos copos , desde que estes estejam sempre cheios...
Um familiar meu que foi "sommelier" num luxuoso Hotel do Estoril contava muitas vezes a história de como, nos anos 60 e 70, trazia discretamente aos jogadores do Dinamo de Kiev ou do Lokomotiv de Moscovo - normalmente eram estes os campeões russos que vinham a Lisboa defrontar o Benfica para a Taça dos Clubes Campeões Europeus - Vodka e Vinho do Porto (este para dar cor) em Bules de Chá com as respectivas chávenas, para enganar o "Controlador" do Partido que fazia a viagem com a Equipa...
Mas, como era do Sporting, só lhes fazia este favor depois do jogo, não fossem os homens perder a "coragem" e jogar mal contra o grande rival vermelho...
E os jogadores e treinador agradeciam-lhe com grandes latas de Caviar, motivo pelo qual eu próprio - não sendo filho de nenhum Banqueiro - desde miúdo me habituei a comer "daquilo"... E o problema é que, contrariamente às expectativas de Tios e Pais, logo gostei...
Os hábitos alcoólicos que por vezes começamos socialmente, para entreter as horas numa noite de diversão, podem-se tornar perigosos se não houver algum cuidado e "tento na bola".
Hoje em dia já não é apenas a figura do GNR a controlar o hálito à saída dos bares da 24 Julho ou das Docas que nos deve fazer reflectir, mas sobretudo a constatação que a bebida cria hábito.
Para nos sentirmos com aquela sensação de euforia dos dois ou três copos nas primeiras noites, já será necessário emborcar 5 ou 6 nas semanas seguintes... E por aí fora.
Tudo isto vem a propósito da dificuldade que existe hoje em "traçar a fronteira" , em estabelecer a diferença, entre aqueles e aquelas que consomem (tanto pode ser alcoól como cocaína ou marijuana) casualmente porque as circunstâncias socias o permitem e\ou o impelem e os outros, aqueles que já não podem passar sem esses estímulos artificiais que destróem os neurónios e ostracizam socialmente.
E há tanta hipocrisia por aí, começando na Publicidade e no Product Placement (vejam-se os filmes de James Bond, por exemplo, ou as séries de culto americanas como Dirt ou Californication) e acabando com as reportagens da TV mesmo aqui em Portugal sobre as festas das várias "saisons" onde impera o consumo desses "estimulantes" . Para já não falar da célebre entrevista de Miguel Esteves Cardoso , segundo a qual o "Indy" de saudosa memória só saía todas as Sextas Feiras à conta de muito Gin, Whisky, anfetaminas e cocaína...
Consta que Lucky Luke era o único "cowboy" mais rápido a "sacar" do que a própria sombra. Batia nos maus , e para além disso, fumava e bebia. Até tomava sempre banho com a "artilharia" à cintura...Tudo hábitos hoje em dia politicamente incorrectos... Porventura os seus livros seriam proíbidos às crianças nestes dias de todos os extremismos...
Será que os censores "fariseus" tomariam estas decisões à mesa , entre dois cognacs e um charuto??
Ora Bolas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário