Pessimismo Outonal

A Invernia este ano vem estranha, muita chuva e temperaturas a rondar os 22º...

Se esta situação se mantiver faltará o frio para ajudar a fazer o vinho (nos pequenos produtores que não têm controlo de temperaturas nas suas adegas) e para fazer o queijo artesanal da Serra ou de Serpa (nos pastores, porque o que é de fábrica passa já pelas câmaras de frio artificiais).

Espero não estar a assistir a um declínio destas actividades tradicionais, mesmo porque o clima é em Portugal desculpa para tudo , mas o que está de facto em causa são os fundamentos económicos (nestes casos a sua falta) destas e doutras ancestrais ocupações.

O Pastor deixa de guardar ovelhas, o Agricultor deixa de cultivar, o Pescador deixa a pesca artesanal...

Viveremos todos à sombra do subsídios da União Europeia (que vão acabar brevemente)?

Há que reconverter os Pastores, os Lavradores e os Pescadores em Operários fabris? De fábricas de automóveis que abrem e fecham como os "zips" das braguilhas?

Mas será que ainda existem mesmo Pastores, Lavradores e Pescadores artesanais? Não estarei a fabular alto sobre uma bucolidade perdida no nosso País há já alguns anos?

Na Europa e no Mundo há espaço para a ruralidade, nem que seja como atracção turística do tipo "Turismo habitacional" ou "Turismo enológico" ou até "Turismo rural". Para já não falar dos "Parques Zoológicos"...

Aí poderemos ver no futuro (espero que não dentro de uma jaula) as mulheres a escorrer o soro do leite para os cinchos, ou a lavar com água a escaldar os panos brancos que rodeiam os queijos. Ovelhas (as 25 que escaparam à clonagem) pastam urze transgénica num prado adjacente.

Num tanque de piscicultura próximo o Ti Manuel lança as redes , enquanto que o único tractor agrícola que nos sobrou leva as crianças das cidades para um passeio pelo gigantesco baldio em que o "campo" português se transformou...