sexta-feira, outubro 06, 2006

A Queda de um Mito?


Sinto-me sempre mal comigo próprio quando as crónicas que aqui deixo são de carácter negativo, sobretudo em relação à gastronomia.

Mas não é possível enganar os Amigos que nos lêem e , no fim de contas, estou apenas a dar uma opinião pessoal que a mais ninguém obriga.

Tudo isto porque fui almoçar um destes dias ao

Restaurante Isaura
Av. Paris nº 4-B
Telefone - 21 848 0838

Casa muito antiga - rezam as crónicas do próprio que foi fundado em 1952 - e que pelas mãos de um dos seus Sócios sempre mostrou ter um cuidado particular no Serviço de Vinhos e na apresentação da respectiva Lista.

Estas características muito positivas - Serviço de Vinhos e Lista bem organizada (mas com grandes falhas) - mantêm-se, embora para classificar um Restaurante não nos sejam suficientes. De facto num Restaurante avaliam-se sobretudo as Cozinhas e depois o resto...

Garrafeiras onde por acaso se comem uns petiscos - tipo Enoteca ou Divino - são outra história que contarei quando tiver um pouco mais de tempo...

Neste Isaura criaram fama os Bifes, a Fondue, o Arroz de Pato à Antiga, o Borrego (dito de Casamentos) e até a Lampreia e o Cozido à Portuguesa.

No dia em que lá fomos comeu-se um Bife do Lombo à Isaura (sofrível) e Arroz de Pato (apenas na norma e já explico porque é que esta "norma" me "chateia").

Está na "moda" fazer o Arroz de Pato sem ossos, metendo numa travessa de arroz as lascas secas do bicho que foram previamente retiradas da carcaça depois de cozida. Ora esta forma de preparação retira o conteúdo sápido que era o emblema deste Prato tradicional... O Arroz de Pato deveria ser embebido pelos sucos naturais do Palmípede, para o que se torna necesssário não só fazer o arroz na água de cozedura do "pássaro" , mas também acabá-lo no Forno com a carcaça inteira por cima a espirrar a gordura natural...

Como entradas da Casa vieram : Melão com presunto (mau) e Pataniscas de bacalhau, bem feitas, mas onde estava o bacalhau?

Acompanhou-se com um BSE branco de José Maria da Fonseca. Quem me conhece e reparou que escolhi tal Vinho deve já fazer uma ideia de como estava reduzida a oferta de Vinhos Brancos... E no "Isaura" não se perdoa isto.

Para terminar um Queijo da Serra (também apenas sofrível) para dar conta do Tinto "Quatro Castas" Alentejano do Esporão - Belo Vinho!. Houve quem se atirasse ainda a umas Farófias e a um Gelado da Casa. Ambas as sobremesas poderiam ter sido muito melhor interpretadas.

Pagou-se 85€ por este Almoço para três pessoas, com cafés e àguas à mistura, mas sem digestivos.

Não foi caro, mas ficou uma saudade de comer melhor...

Talvez a ausência do "tal" Sócio empreendedor e afável - estava de Férias - tenha contribuído para manchar esta visita. Quero acreditar que sim até porque estamos a falar da defesa de uma série de "pergaminhos" antigos, e fama de bem servir na paisagem gastronómica lisboeta.

Tal como o experimentei não o recomendo... Pelo menos até nova visita.

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