quarta-feira, outubro 25, 2006

As Sondagens da Católica

O nosso principal teórico (e prático) das Sondagens e Estudos de Opinião - Pedro Magalhães - tem mantido um excelente "bate-bola" no seu Blogue dedicado "Margens de Erro" (endereço sempre aqui ao lado) ácerca dos resultados dos últimos estudos da Universidade Católica.

Um Professor do ISCTE, que eu também conheço, acabou mesmo por questionar o seguinte:

"Os resultados das Sondagens deram o que deram porque os Entrevistados sabiam que estavam a ser sondados pela Católica. Se fosse outra a entidade que recolhia a informação a resposta teria sido também outra".

P. Magalhães refutou (e bem) esta noção com os dados relativos a respostas sobre outros assuntos da esfera religiosa e que foram contrários à opinião da Igreja. Mas...

Esta antiga questão da "influência do Experimentador no resultado da Experiência" é muito atractiva para quem se dedica a estes temas e deseja garantir a total neutralidade dos instrumentos utilizados nos Estudos de Mercado: O questionário e os entrevistadores.

A neutralidade absoluta nunca se pode garantir, mesmo em situações de laboratório onde podemos controlar ao pormenor todas as variáveis .

Na rua, pressionados para cumprir determinada quota de entrevistas por dia, e sendo pessoas que também têm opinião formada sobre os assuntos em causa , é normal que a própria "linguagem gestual" do Entrevistador possa influenciar o entrevistado, para já não falar do que ele diz durante a entrevista.

Este fenómeno, a que chamamos Enviezamento, seria muito mais complicado se fosse devido a uma má construção do inquérito, pois assim afectaria toda a Amostra entrevistada.

No caso que estamos a analisar, se um dos Entrevistadoores é menos "profissional" na sua aproximação às sondagens esse factor apenas afecta as "suas" entrevistas e não a totalidade da Amostra.

Como resolver ? Muita e Boa Formação, pagar com justiça aos entrevistadores, não impor quotas de entrevistas demasiado pesadas.

Mesmo assim - e sendo a natureza humana o que é - há ainda a necessidade (havendo tempo e conhecimentos para tanto) de exercer um processo de crítica interna aos resultados, por exemplo tentando apanhar discrepâncias estatisticamente significativas entre "batchs" (lotes) de respostas, o que poderá indiciar batota por parte do entrevistador.

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