segunda-feira, março 21, 2016

Trovoada



Há dois dias que a App "Weather" do meu IPhone promete trovoada para o Estoril mas nada tem acontecido. Chuvinha tem havido, apesar do calendário apontar para o início da Primavera.
Mas raios e coriscos, daqueles que fazem estrondo e pintam o céu de branco e amarelo? Nem um.

Gosto de trovoadas desde pequeno e não consigo explicar porquê.  E não me venham com os estudos modernos com base nos "likes" do facebook, segundo os quais quem afirma "gostar" de trovoadas tem inteligência acima da média:

According to researchers David Stillwell and Michal Kosinski, the best predictors of high intelligence include liking "Thunderstorms,"
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Ainda o Mark Zuckerberg era  menos que um projecto do pai e da mãe e já eu gostava de trovões e de relâmpagos. E desde que aprendi a medir o tempo entre o estrondo e a luz no céu para calcular a distância a que a trovoada se encontrava,  muito melhor!

Recordo-me como se fosse hoje de uma daquelas "bernardas" passada em Alvoco da Serra, teria eu uns 11 anos, quando duas trovoadas se encontraram no meio das serranias e iluminaram a noite por mais de meia hora.  Assombroso!

Enquanto que as velhinhas rezavam a Santa Bárbara,  eu e  meu pai viemos para a rua fazer as tais medições de relógio na mão e olhar para o espectáculo. Passámos por doidos varridos, sem dúvida, mas foi aquela uma noite para nunca mais esquecer.

Admito que quem sofre na pele (agricultores, pescadores) as consequências destas coisas não alinhe pelo mesmo diapasão. Mas até cair em cima de mim o 1º relâmpago (que provavelmente seria também o último) nunca me cansarei de admirar estes fenómenos.

Há uma história curiosa sobre o vinho e as trovoadas que conto aqui: 

O nosso vizinho na Beira Alta, o Tio Santidade,  abusava do tintito (era vinho do seu, mas tinha grau como os outros) e a  mulher dele   muitas vezes tirava-lhe o  jarro da vista para que ele não se lembrasse de beber. 
Uma vez levou o tal jarro para o terraço e nunca mais se lembrou  até que desata a cair uma carga de água com raios e trovões.  Vai a senhora a correr  para o retirar da chuva , mas o mal já estava feito. Tinha entrado água lá para dentro.
O Tio Santidade, já um bocado "entornado" da cena de copos daquela manhã , tira-lhe o jarro da mão, vaza para um copo, prova e logo disse:
-"Os antigos é que tinham razão. O barulho dos trovões dá cabo de qualquer vinho! Fica todo remexido! Olhem bem para este que não se parece nada com o que bebi de manhã!"

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