Tenho estado relativamente limitado por causa da incapacidade da minha mãe. Quando não estou eu em casa cabe ao senhorio tomar conta da ocorrência.
Logo que chego tenho de fazer o almoço para o dia seguinte e tratar das outras situações que a nossa empregada deixe por resolver. E que são poucas, ainda bem.
A reflexão sobre a idade e a incapacidade é dolorosa. Quem não tem familiares em lares percebe do que falo. E quem tem acho que também sofre com esta impossibilidade do estado social em resolver todas estas situações.
Vivem-se mais anos para quê ? E como? Não deixo de pensar que não desejo acabar assim, dependente de terceiros e a ver o pecúlio que juntei a alimentar bolsos desses terceiros...
Uma morte limpa e rápida. A isso acho que todos temos direito . Infelizmente quem pôe e dispôe nestas coisas da vida e da morte não somos ainda nós. Não fomos criados com o botão "on\off", E , se calhar, por alguma razão.
O actual forrobodó em torno da eutanásia mais achas lança para esta fogueira. Quem quer morrer? Ou quem acha que os outros devem morrer? E porquê? Com que fins? Poupar na dor ou amealhar os cobres dos pobres tristes?
Como dizia o meu Pai quando a conversa não lhe agradava: "Religião , Política e Mulheres casadas? Isso são assuntos que não se discutem".
Mas hoje discutem-se mesmo.
Entre cuidar do colesterol para evitar o enfarte ou beber e comer à tripa forra para garantir a "passagem indolor" não parece à primeira vista haver dúvidas... O pior é quando chegamos aos 90's , sem colesterol, mas também sem pernas, nem braços, nem articulações e - pior do que tudo - sem miolos...
E se pudéssemos acho que diríamos: "Bendito colestrol: Vem Cabr*** entope-me essas veias já!".
A vida é uma passagem . Tá bem. Mas há o Expresso do Oriente e o comboio de Chelas...Com todo o respeito...
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