De propósito não juntei nenhum "ponto" à afirmação do título. Se fosse de exclamação diriam que sou alarmista (ou pessimista).
Se fosse de interrogação passaria por pusilâmine, indeciso ou sofrendo de anancástica (transtorno de personalidade compulsiva-obsessiva caracterizada, entre outras coisas, por um sentimento de dúvida perene).
A verdade é mais comezinha. Vou explicar: nestas alturas da Páscoa todos pegamos no telefone e damos saudações aos amigos e parentes. A mim cabem-me várias "parentas" que já estão a entrar na casa dos 90's...
Uma dessas tias da província , acicatada pelas desgraças da quadra ( Bruxelas e mais o desastre de Bordéus com os emigrantes), teve a seguinte frase:
- "Olha filho, está a morrer mais gente do que aquela que nasce. O mundo assim vai acabar."
Remoendo a observação fui ver os dados oficiais da ONU e fiquei mais descansado. Segundo as estatísticas oficiais nascem 180 pessoas por minuto e morrem 102 no mesmo período. Estamos a crescer!
Menos satisfeito fiquei quando reparei que dessas 180 pessoas que nascem por minuto em todo o mundo tantas quantas 33 veêm a luz do dia na Índia, que a este ritmo deve ultrapassar a população da China em 2031. E ainda que nascem mais homens que mulheres (105 para 100).
Ou seja, o mundo não estará para acabar já, mas cresce mais nuns lados do que noutros, e à custa de mais pilinhas do que da "outra coisa".
Aqui na velha Europa o panorama é mais sombrio:
"A Europa possui atualmente um ritmo de crescimento populacional inferior a qualquer outro no mundo. Certos países alcançaram o crescimento zero (número de nascimentos igual ao número de mortes) e alguns outros acusam até mesmo uma regressão populacional, isto é, a população tem diminuído ao invés de aumentar. Embora não deva ser tomado como regra, de maneira geral são os países mais desenvolvidos os que apresentam crescimento vegetativo negativo. Dessa forma, o déficit populacional tende a acentuar-se em toda a Europa.
Os principais efeitos do decréscimo populacional são o aumento do número de velhos na população total e a diminuição progressiva da população ativa (carência de mão-de-obra)."
E aqui no rectângulo? Aumentamos - crescimento natural - cerca de 1% ao ano. E por enquanto nascem mais mulheres do que homens (obrigado!).
Mas se tivermos em conta a população existente e não apenas o tal crescimento natural, o "saldo" entre os que nascem vivos e os que morrem, Portugal foi um dos 5 países do mundo que mais perdeu população em termos relativos (Porto Rico, Letónia, Lituânia e Grécia acompanham-nos). Porquê?
Porque os nascimentos são mais baixos do que a mortalidade somada ao saldo migratório, as emigrações estão em alta, as imigrações estão a baixar cada vez mais. O país deixou de ser atractivo para trabalhar e para os trabalhadores. E sem esperança numa vida melhor há cada vez menos bebés.
E isso sim, dá para pensar e remoer nas noites de insónia... Como subsistirá a Segurança Social?
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