O grande peixe do nosso mar para o forno é o Pargo (Pagrus,pagrus). Ficam ali sempre bem ainda o Imperador e o Goraz. Todos têm gordura suficiente nos meses bons ( e até nos outros) para aguentar a "pancada" da temperatura do forno sem ficarem ressequidos.
E se se tratar do Sargo? Os peixes da família Diplodus sargus, são magníficos para grelhar sem dúvida, com uma alimentação baseada em bivalves (a quem partem a casca com os incisivos) e moluscos, o que lhe dá carne branca e firme e um sabor excelente. Mas no forno?
Já veremos como e quando...
Tal como é normal para as famílias de peixes mais conhecidas em Portugal, também existem vários tipos de "sargo": O sargo comum, o sargo veado, o sargo prateado de lábios grossos, a safia e o sargo preto são os mais conhecidos.
De entre estes o que é melhor para o meu gosto é o sargo preto das rochas, que se apanha em Sagres e no Cabo da Roca perto de Cascais.
Quando tivermos sorte de apanhar um peixe destes na época em que está bem gordo, e se for um exemplar a atingir os dois kg ( ou até ultrapassando, o que será raro) temos os ingredientes para um invulgar prato de forno.
De Setembro até Fevereiro são os melhores meses para comer estes peixes. O peixe prepara-se para o acasalamento para depois desovar em meados de Fevereiro, está geralmente gordo e aparecem exemplares de maior dimensão. As douradas e os sargos alimentam-se nesta época principalmente de marisco (mexilhão, percebes,...) o que os faz deliciosos.
Vamos agora à receita e ao truque para que o Sargo no forno não fique com aquele mau aspecto de encarquilhado e seco.
O lume quer-se brando e as batatas do acompanhamento devem ir para o tabuleiro já "entaladas" , para que asse tudo ao mesmo tempo. Ou então partir as batatas cruas às rodelas finas...
Quando o animal for mais magro podemos abusar um pouco mais dos temperos. E assá-lo "à moda de Sines" é aceitável: fazemos um pisado com um pouco de azeite, alho e coentros , juntamente com sal grosso. Esfrega-se com esse pisado e vai depois a assar no tal forno brando a médio, com mais um fiozinho de azeite, com tomate e cebola às rodelas no fundo, sendo as batatas previamente entaladas na panela antes de se lhe juntarem.
Mas quando apanhamos por boa fortuna o tal sargo gordo preparado para a desova?
O mínimo de tempero: sal e uma pitadinha de orégãos. Azeite do melhor e chalotas às tirinhas , em vez da cebola, para não abafar o gosto a mar. Podem pôr tomates inteiros pequeninos em redor, fazendo companhia às batatas novas já acalentadas.
O forno deve estar previamente aquecido a 170º ou 180º. Dessa forma o tempo de forno serão uns 45 minutos a 50 minutos. Mas deitem para lá os olhos a partir da meia hora!
Acompanhem com um branco de categoria. Porque o sargo gordo o merece.
E aqui dou algumas referências, só de grandes vinhos brancos: Alvarinho Dona Paterna 2009, Vallado Moscatel Galego de 2010, Primus 2013, Cortes de Cima 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário