quarta-feira, maio 07, 2014

Meio ano de trabalho para pagar Impostos

O excelente cartoon do "Público" - o  Bartoon - trazia hoje uma historia engraçada que glosava o número de meses (ou de dias) que o português tem de trabalhar para pagar os seus impostos. Parece que em média um português trabalha seis (6) meses com esse objectivo.

Ou seja, só a partir do dia 30 de Junho de cada ano estará "livre" .

E quando o personagem é questionado (no cartoon):
-"Até onde isto irá??!!"
A resposta é óbvia:
-"Bem, irá até ao 31 de Dezembro..."

Todavia, de momento o lusitano estará "livre" a partir de 30 de Junho de cada ano! Já falta pouco! Celebremos o Verão!

Mas..."Livre" para quê? "Livre" para gastar o dinheiro em cultura e lazer?

 Nada disso!!

 O lusitano estará sobretudo  "livre" para pagar a hipoteca da casa e do carro, "livre" para pagar as contas da farmácia, "livre" para comprar os livros de estudo do ano seguinte, e ainda "livre" para pagar as propinas do Mestrado aos filhos , que isto das licenciaturas de 3 anos à la mode de Bologne valem tanto hoje em dia como há uns anos atrás uma 4ª classe em escola de província...

Quem estiver interessado em comparar esta situação nos restantes países da União Europeia pode ver aqui:
http://ec.europa.eu/taxation_customs/taxation/gen_info/economic_analysis/tax_structures/index_en.htm

Falando apenas de países onde se apregoa e pratica esta questão importante do "Estado Social", podemos ver que os impostos sobre o rendimento de  52% da Holanda, da Dinamarca e da Espanha (para o escalão mais alto de rendimentos), os 53% do Luxemburgo e os 57% da Suécia ,   comparam bem com os 54% de Portugal.

Mas há depois os 47% da Noruega (escalão mais alto) e os  45% da Alemanha, Inglaterra e Itália... Sem falar dos 13,2% da Suíça.

Ainda se estas taxas obscenas de impostos sobre o rendimento tivessem contra-partidas sérias do lado da protecção social aos idosos e crianças, escola gratuita, saúde gratuita... Então tudo estaria perdoado.

Já tivémos tudo isso? Pois já. Foi uma das "conquistas de Abril".

Verdade seja dita: Mesmo como estamos hoje, depois das adaptações à crise e dos inevitáveis cortes disfarçados de racionalizações,  os nossos sistemas públicos de saúde e de educação podem ainda ser comparados com o que existe de melhor no mundo. Não sei (ninguém sabe) é se continuarão assim por muitos mais anos.

Dizem alguns  - que durante muito tempo estiveram calados, mas agora já estão muito "leves" outra vez,  tal como o caracol , a antecipar  festa e a "pôr os cornos ao sol" - que "se calhar foi por isso que demos com "os burros na água", depois de 40 anos a gastar na escola pública e no sistema nacional de saúde".

 A "essa gente"- que provavelmente nunca consultou médico em centro de saúde e tem os filhos a estudar no estrangeiro ou em colégios particulares - eu digo:

-"Olhe que não! Olhe que não! Foi a Corrupção e o Betão. A esperteza saloia e a impunidade judicial."

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