Poemas de chuva, agora que ela apareceu.
Desejo apenas que a dita não caia nem em cima das vindimas,caso estas - lá para o Norte – ainda não se tenham concretizado. E, sobretudo, que não afugente os cidadãos votantes no próximo Domingo.
Votar é das poucas coisas que nos restam onde ainda podemos decidir por nós próprios e que não pagam imposto… Imaginem o que seria a Troika meter o bedelho também no voto democrático. E vontade não lhes deve faltar. Para isso e para “despedirem” o Tribunal Constitucional que deve ser visto no exterior como uma espécie de “empata f****”, quero dizer, “coisas”.
Pois, pois. A palavra que tenho para essa gente é plagiada de um banqueiro:
Aguentem!!
Porque nós também já aguentámos muito (fora o que por aí ainda vem).
Então, dos dois Fernandos (Namora e Pessoa), aqui vai:
Um Poema Que Se Perdeu
Hoje o dia é um dia chuvoso e triste
amortalhado
Naquela monotonia doente dos grandes dias.
Hoje o dia...
(a pena caiu-me das mãos)
Acabou-se o poema no papel.
Cá por dentro
Continua...
Oh! este marulhar das almas no silêncio!
Fernando Namora, in 'Relevos'
amortalhado
Naquela monotonia doente dos grandes dias.
Hoje o dia...
(a pena caiu-me das mãos)
Acabou-se o poema no papel.
Cá por dentro
Continua...
Oh! este marulhar das almas no silêncio!
Fernando Namora, in 'Relevos'
Ilumina-se a Igreja por Dentro da Chuva
Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia,
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça...
Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso,
E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido por dentro ...
O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes
Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar...
Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça
E sente-se chiar a água no fato de haver coro...
A missa é um automóvel que passa
Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste...
Súbito vento sacode em esplendor maior
A festa da catedral e o ruído da chuva absorve tudo
Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe
Com o som de rodas de automóvel...
E apagam-se as luzes da igreja
Na chuva que cessa ...
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça...
Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso,
E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido por dentro ...
O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes
Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar...
Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça
E sente-se chiar a água no fato de haver coro...
A missa é um automóvel que passa
Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste...
Súbito vento sacode em esplendor maior
A festa da catedral e o ruído da chuva absorve tudo
Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe
Com o som de rodas de automóvel...
E apagam-se as luzes da igreja
Na chuva que cessa ...
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
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