segunda-feira, setembro 02, 2013

Insónia de Verão

Um vento agreste tem assolado a Costa do Estoril noite dentro, impedindo que as esplanadas façam o sucesso habitual do Verão (o que a mim não molesta muito) mas pelos silvos e poeiras que traz consigo e não permitem ter a janela aberta – meu hábito antigo -  não há dúvida que também perturba  o meu descanso noturno…
E como me deito com as galinhas para me levantar com os galos, esta situação chateia. Como resultado lá dei por mim a pegar no livro da mesa de cabeceira  e a esperar que a dita “luz fria” que tenho à cabeceira fizesse jus ao nome e não me aquecesse demasiado o quarto. Mas aqueceu.  E de virar e revirar na cama lá acabo por me sentar  a ver Televisão com as luzes apagadas.
Ontem, cansado já do Prof. Martelo e do Aprendiz de Feiticeiro Sócrates, acabei por me encostar na cadeira a ver um programa – acho que era na SIC Notícias - sobre os antecedentes do 25 de Abril, sobre aquele 1º trimestre de 1974 onde tanta coisa aconteceu: a revolta dos militares do quartel das Caldas da Rainha, a Brigada do Reumático em S. Bento a apresentar cumprimentos ao Prof. Marcelo ( o da altura!!) , o Livro “Portugal e o Futuro” de António de Spínola, e as conversações mais que sigilosas  que teriam ocorrido em Londres, debaixo da  égide dos serviços secretos britânicos, entre o PAIGC e um Embaixador nomeado por Rui Patrício , José Villas-Boas Vasconcelos Faria.
Tão secretas eram estas conversas que ainda hoje se duvida se o Presidente do Governo as teria sancionado ou delas tido conhecimento. E quanto ao objetivo final das mesmas, a Agenda verdadeira por detrás da Agenda declarada, parece que tudo se resumia à necessidade do Governo português ganhar tempo para que os USA lhe fornecessem armamento sofisticado, já que o PAIGC atacava na Guiné com blindados russos, armas pesadas e até com mísseis, coisa que os portugueses não possuíam.
Kissinger recusou, mesmo quando a Base das Lages lhe foi concedida para apoio logístico a Israel na guerra do Yon-Kippur, na esperança de alterar a posição norte-americana. 
Desta forma todos os militares portugueses  ficaram a saber que a guerra na Guiné estava perdida. O mesmo se passou com Marcelo Caetano, que teria declarado:  “Prefiro aceitar uma derrota militar honrosa do que conversações de paz com terroristas”. Teria sido este um dos “gatilhos” que fez armar o Movimento dos Capitães.  O resto faz parte da história.
Fiquei a saber mais algumas coisas… afinal o vento pode ser bom conselheiro.
Vejam aqui sff mais detalhes: http://www.triplov.com/miguel_garcia/guine/cap4_negociacoes.htm

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