Um pouco mais tarde do que o habitual cá estamos para dar o mote ao poema desta Sexta feira.
Fui com a Santa fazer uma RM . Para muitos ( e com razão) uma RM é uma ressonância magnética, mas eu gosto de lhe chamar a "Revisão do Milhão" (de km...). A santa sempre tem oitentas...
Um tanto perigosa esta afirmação nos tempos que correm e tendo em atenção a Quadra.Se ela me ouvisse (digo, lesse) ainda me mandava apanhar as couves da Consoada eu próprio .
Mas o meu Primo chibinho está para a Guiné , onde foi oferecer uma ambulância, pelo que estou mais ou menos livre de complicações...
E o mote está dado: Longe da Vista...
Distância
Não vás para tão longe!
Vem sentar-te
Aqui na chaise-longue, ao pé de mim...
Tenho o desejo doido de contar-te
Estas saudades que não tinham fim.
Não vás para tão longe;
Quero ver
Se ainda sabes olhar-me como d'antes,
E se nas tuas mãos acariciantes,
Inda existe o perfume de que eu gosto.
Não vás para tão longe!
Tenho medo
Do silêncio pesado d'esta sala...
Como soluça o vento no arvoredo!
E a tua voz, amor, como se cala!
Não vás para tão longe!
Antigamente,
Era sempre demais o curto espaço
Que havia entre nós dois...
Agora, um embaraço,
Hesitas e depois,
Com um gesto de tédio e de cansaço,
Achas inconveniente
O meu abraço.
Não vás para tão longe!
Fica. Inda é tão cedo!
O vento continua a fustigar
Os ramos sofredores do arvoredo,
E eu ponho-me a pensar
E tenho medo!
Não vás para tão longe!
Na sombra impenetrada,
Como se agita e se debate o vento!...
Paira nas velhas ruínas do convento
Que além se avista,
A alma melancólica d'um monge
Que a vida arremessou àquela crista...
Céu apagado, negro, pessimista,
E tu sempre mais longe!...
Fernanda de Castro, in "Antemanhã
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