Tenho andado a abusar da sorte. Mais tarde, quando escrever as minhas memórias, direi até que ponto - profissionalmente - tem ido este abuso.
Para já e no que toca a esse importante vector da nossa existência (o trabalhinho de todos os dias) , basta dizer que com 22 ausências por reforma (antecipada ou não) em 72 trabalhadores activos, e sem lugar para substituições, é um verdadeiro milagre que as "coisinhas" se continuem a fazer , mais ou menos como dantes, quando o nosso quartel-general ainda era em Abrantes...
Mas adiante que não estamos em Amarante!
Do ponto de vista pessoal também me farto de abusar. Abuso sobretudo da cama e dos sonhos. Sempre que posso, aos fins de semana. Dizem os entendidos que dormir em demasia será sinal de depressão. Pode ser que assim seja., mas prefiro sonhar do que passar as tardes de Sábado e de Domingo a pensar no que posso fazer ( e é pouco, e é quase nada) para resolver as situações precárias de cada vez mais Amigos e Empresas, que nos acompanham há muitos anos, agora com a corda ao pescoço.
Há que recuperar energias para enfrentar o dia-a-dia cada vez mais complicado desta existência enfeudada às "Troikas"... E sem que nenhuma esperança seja visível a curto ou a médio prazo. Esta será talvez a pior característica destes tempos: a ausência da esperança. E, na minha opinião, a mais criticável vertente da actuação do Governo actual: o facto de nunca ter conseguido entremear os apelos à sobriedade e à austeridade com o acenar de uma leve brisa de esperança para os que sofrem e vão ainda mais sofrer.
Amigo antigo dizia-me um destes dias: "Mas vamos todos passar as passas do Algarve para quê? Se o resultado for sempre o mesmo apesar destas austeridades?"
Também este é outro tipo de abuso: o abuso da confiança que os portugueses depositaram pelo voto.
Sofrer sempre, se à vista estiver um caminho doloroso com final feliz... Mas quem terá coragem de se fazer a esse caminho se , pelo menos, não ressoar um boato de melhores dias no fim da travessia ? Nem Jeová, o Deus justiceiro do Antigo Testamento foi tão longe... E levou o seu Povo à Terra prometida, apesar dos 40 anos de sede e de fome.
Na indigência anunciada de um futuro mais que incerto falta a quem (nos) manda erguer a bandeira de um amanhã mais feliz para todos os portugueses. Se não o fizer - mesmo que seja mentira - corremos o risco de ir morrendo todos a pouco e pouco.
Mente-me, anda! Porque eu gosto! ( E faz falta...)
quinta-feira, novembro 03, 2011
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