Um Queijo nobre é um organismo vivo. Nasce, cresce (evolui) e deve deixar-se morrer com dignidade.
Quem gosta dele a escorrer pelo prato deve comprá-lo e comê-lo na época em que é feito. Quem - como eu - também o aprecia nas outras fases da vida, meio rijo , rijo e rijo como os cornos do boi, deve ter a oportunidade de o provar nessas metamorfoses.
Se para os queijos de grande dimensão (Serra, Serpa, S. Jorge) este problema é recorrente em muitos ( e até bons, pasme-se!!) restaurantes, imaginem como se poderá desculpar (não direi aceitar) semelhantes procedimentos para as queijetas de Nisa, os queijos pequenos de Azeitão , as merendeiras de Évora e por aí fora...
Admito que se possam congelar queijos grandes já maduros (mas nunca por nunca ser quando estão ainda no processo de formar casca!!) de forma a obter fora de época o amanteigado. Mas depois de descongelados nunca mais deve esse queijo ver ou sentir o frio da caixa frigorífica.
Os proprietários de restaurantes a quem me queixo dizem que o estrago é muito grande se deixarem o queijo fora do frio... Nunca percebi bem isso. A solução parece simples: comprem menos quantidade e renovem o armazém à medida que o cliente tratar do assunto, à mesa.
Obviamente que durante o Verão qualquer queijo amanteigado escorre para o chão (por isso é que são feitos durante o Inverno!) mas - em desespero de causa - nada impede o restaurador de os ter no frigorífico durante a noite e retirá-los para as prateleiras quando chega ao restaurante. Ou, muito melhor, utilizem um Prato fundo! Como muito bem faziam e fazem os irmãos Fialhos para os Serpa do Bule! Estes Queijos de pasta mole quando começam a criar por cima da quantidade despejada uma capa mais durinha são sublimes de gosto!
Agora , o que não admito são duas coisas: que chegue a um restaurante e me digam que não têm Serra (ou Serpa) porque não é época dele (época de queijo da Serra é o ano todo, nas suas diferentes manifestações, todas excelentes). Ou que o apresentem frio de morrer, sem bouquet, nem gosto , nem pujança.
Ainda há os "espertos" que - desconfiados da pergunta do Cliente - rapidamente organizam uma breve passagem do queijo cheio de frio pelo micro-ondas ou pelo prato fervente da água da máquina de café...Fica uma coisa asseada ao contrário, como podem imaginar...
Não Amigos e Senhores! Em relação ao Queijo e ao Frigorífico há que defender o divórcio imediato e duradouro, incluindo se necessário for uma injunção para que nunca pernoitem a menos de uns metros um do outro! E Olé!
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