O dia da Greve Geral aproxima-se, e com ele os mais diversos comentários sobre a "eficácia" desta forma de "luta" , sobre a "adesão" (que se espera enorme), enfim sobre a "oportunidade " desta acção nestas tristes circunstâncias em que nos encontramos.
Obviamente que a decisão sobre fazer Greve, ou não fazer, deverá ser pessoal e resguardada. Mas não indiscutível. Pode e deve ser comentada.
A Greve Geral é uma ferramenta do Sindicalismo organizado, a mais poderosa, e consiste num apelo generalizado à classe Trabalhadora de um País, sem excepções, para que nesse dia renuncie ao trabalho e venha reinvindicar para a rua os direitos que considera estarem ameaçados.
Neste dia 24 de Novembro que aqui antecipamos retoma-se em Portugal esta forma de protesto, depois da realizada em 1988.
Quem não se recorda de José Luis Judas da CGTP e de Rui Oliveira e Costa da UGT (onde estão hoje??!!) a cumprimentarem-se amistosamente em frente às câmaras, na estação do Rossio?
O Governo do Prof Aníbal Cavaco Silva sofreu com o impacto da Greve , mas não ficou gravemente ferido e até acabou por ganhar a maioria absoluta pouco tempo depois.
Amanhã venho trabalhar. Obviamente. Porque todos os membros das instituições - sejam elas quais forem, - que são nomeados em Comissão de Serviço, alinham a sua conduta nestes momentos pela célebre frase: "I serve at the pleasure of the President", seja ele o dos USA ou o da Empresa onde trabalho.
Não quero com isto dizer que não respeite e não compreenda o Direito à Indignação que os Trabalhadores por conta de outrém neste País devem sentir pela situação em que se encontram actualmente. Muito pelo contrário! Respeito , compreendo e fico com raiva por serem sempre os mesmos a sofrer com os delitos dos "famosos".
Ouço e vejo os habituais comentadores de serviço (ainda ontem Miguel Sousa Tavares na SIC) virem dizer que "a culpa do estado das coisas é de todos nós, porque desatámos a gastar mais do que podíamos".
Peço licença para discordar.
O trabalhador por conta de outrém só desatou a gastar mais do que tinha porque lhe deram crédito para isso. Mais e pior: porque o incentivaram a fazê-lo, com vãs promessas e esperanças falsas!
Deitem lá a culpa para cima do bode expiatório que entendam, mas tirem desse filme o povo. Os tristes que vão para onde os mandam, com a cenoura á frente do nariz e a chibata semprte a espreitar-lhes por cima do ombro.
Já não estamos nos dias do 1º Maio em Chicago., é certo, e todos os Trabalhadortes têm os seus direitos legislados, mas às vezes, nestas circunstâncias de "toca e foge", do "vou ali e já venho" , do "assobia e olha para o lado" a que a nossa classe dirigente nos vem habituando, só nos dá vontade de mandar às malvas os séculos do verniz civilizado e fazer uma fogueirazita com os pertences dos Srs banqueiros que fizeram o que não deviam e hoje se escondem cobardemente atrás dos fundos governamentais e institucionais.
Sem vergonha, sem castigo, sem pudor e sem julgamento, quem os impedirá de voltarem daqui a uns anos a fazer o mesmo?
Ao vermos quem é que sofre mais com estes apertos de cinto e medidas punitivas compreendemos que o mundo civilizado, afinal, não evoluiu assim tanto desde o tempo (1877) em que a Pinkerton mandava caceteiros armados partir as cabeças aos operários dos caminhos de ferro de Pitsburgh, em greve por melhores condições de vida...
Pelo Direito à Indignação!
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